O presidente do Conselho Comunitário de Execuções Penais de Bento
Gonçalves, José Ernesto Morgan Oro, participou da sessão da última
segunda-feira, dia 24, na Câmara de Vereadores do município para falar
sobre a atual situação e condições do Presídio Estadual de Bento
Gonçalves. O convite foi feito pelo vereador Vanderlei Santos (PP). Na
oportunidade, a construção do novo presídio também foi abordada. Ele
ressaltou a necessidade de pressões políticas, em Brasília, para reaver
os recursos que foram perdidos.
Oro falou sobre os trabalhos realizados pelo conselho, bem como
melhorias e adaptações. A questão de a casa prisional estar localizada
na região central da cidade foi assunto recorrente durante o
pronunciamento.
“Região turística, toda a cidade faz parte de um roteiro
de turismo, temos que pensar que a atual localização do presídio não é
adequada. O projeto de construção nos Caminhos de Pedra era a solução
mais viável tanto para questão de segurança quanto para uma melhor
qualidade para os próprios presos. Acredito que todos os infratores deve
pagar a dívida com o Estado, mas isso tem que ser feito com dignidade”,
afirmou.
Em diversos momentos o presidente questionou a condição dos
apenados que ocupam celas superlotadas. “Nosso presídio tem capacidade
para abrigar 145 presos, hoje possui um lotação de 274, vocês já se
imaginaram na situação de estar dividindo um quarto com mais 30
pessoas?”, indagou.
Porém, o assunto de maior interesse continuou sendo o de sempre: a
construção do novo presídio. E, segundo Oro, não há novidades neste
sentido, tampouco a perspectiva de retorno das verbas federais para tal
obra. Oro pediu ajuda das forças políticas do município para reaver o
dinheiro do novo presídio. “As verbas para a construção do novo presídio
estão em Brasília, nós precisamos que nossas autoridades políticas
façam frente e pressionem o governo federal para reavermos esse
dinheiro. Espero que até o segundo semestre deste ano possamos ter
novidades mais consistentes quanto a este projeto”, acrescentou.
José Oro aproveitou para relembrar a situação da compra do terreno
para a implantação da nova casa prisional. “O lote 44 da linha Palmeiro é
do município e lá será construído o novo presídio”, garantiu. Ele
lembrou ainda que todas as liberações ambientais foram conseguidas e que
não existe outro local para abrigar a nova casa prisional. Questionado
sobre outros municípios da microrregião receberem o presídio, o
presidente foi categórico, afirmando que a maioria dos apenados é de
Bento. “Praticamente 75% dos presos são de Bento, além disso, a
contrapartida para a construção do novo local necessariamente é a
aquisição do terreno, e Bento já passou por todo esse processo, então
não tem porque começar toda discussão novamente”, ponderou.
Melhorias paliativas
Enquanto o novo presídio não é construído, a atual casa prisional
segue recebendo melhorias paliativas para minimizar os problemas. Ainda
em 2014, uma Unidade Básica de Saúde (UBS) deve ser construída no
interior da cadeia, através de uma parceria entre a prefeitura e governo
do Estado. A estimativa é de que a aprovação do projeto aconteça ainda
no primeiro semestre. Serão gastos cerca de R$ 160 mil – verbas
provenientes do Estado e da União. O objetivo principal é garantir o
acesso dos detentos à saúde, oferecendo serviços de atenção básica
dentro da unidade. A ação integra o Programa Nacional de Saúde no
Sistema Penitenciário. Da verba total, metade seria utilizada para
construção e o restante para compra de equipamentos.
A biblioteca do presídio também receberá melhorias através do projeto
Pontos de Leitura. O valor destinado a investimentos em estrutura e
aumento do acervo será de R$ 20 mil. A iniciativa foi do Conselho da
Comunidade, com o apoio dos apenados, agentes penitenciários e
professores. A intenção é que a utilização da biblioteca seja estendida
também a familiares e visitantes dos apenados.
Com o objetivo de impedir os constantes arremessos de drogas, armas e
aparelhos celulares, o pátio do presídio receberá uma cobertura de
tela. O custo da instalação da nova cerca de proteção será de R$ 38,5
mil, com recursos doados pelo Conselho Pró-Segurança Comunitária
(Consepro). A colocação do material deve começar no próximo mês.