O ano de 2014 deverá balizar importantes ações da secretaria de
Finanças no que a própria pasta classifica como a busca pela “justiça
tributária”. Uma das principais será a revisão da planta de valores para
a composição do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana (IPTU) em Bento Gonçalves. O alvo da medida serão os imóveis que
estão com custos de venda defasados, e que serão reavaliados por uma
comissão especial.
Segundo a prefeitura, o principal objetivo é eliminar – ou pelo menos
reduzir – distorções na cobrança do tributo, que fazem com que áreas
semelhantes em uma mesma região da cidade tenham grandes diferenças nos
valores pagos. O novo cálculo do imposto, contudo, só será aplicado em
2015, nos casos em que se constatar necessidade de alteração.
Para facilitar o trabalho, serão feitas divisões por zoneamentos para
classificar os 66 mil imóveis cadastrados junto ao município. Segundo o
secretário Marcos Fracalossi, as reavaliações deverão iniciar em abril e
tendem a durar, no mínimo, seis meses. “Quem teve algum imóvel
envolvido em uma transação recente não terá modificação, porque os
valores já são atualizados. Mas há casos em que se paga por um valor de
décadas atrás. Não se trata de cobrar mais impostos, não há mudança de
alíquota. O que vamos fazer é buscar um equilíbrio pelo bem comum”,
afirma. Antes das novas definições, entretanto, as propostas serão
discutidas em audiências públicas.

Ainda não há, conforme Fracalossi, estimativa de quanto a
reestruturação poderá incrementar à arrecadação do Poder Público. A
proposta da administração municipal é estabelecer que a cada seis anos
seja feita uma nova revisão.
“Depois dessa primeira, em que poderemos
ver modificações mais significativas, fica mais fácil de manter um
controle sobre os imóveis, porque em seis anos o cenário não vai mudar
como mudou em 30”, completa o secretário.
Uma das ferramentas que, no
futuro, pode ser utilizada para cadastrar e fiscalizar cada propriedade é
o georreferenciamento, com imagens de satélite e mapas da cidade
completamente digitalizados. “O município é carente destas informações
zoneadas”, conclui Fracalossi.
IPTU progressivo
O novo Código Tributário, aprovado no final de 2013 pela Câmara de
Vereadores, também prevê duas situações nas quais pode haver a aplicação
de IPTU progressivo, que implica em aumento da taxa como forma de
eventual “punição” a proprietários de imóveis. Uma delas é o desrespeito
a determinações estabelecidas no Plano Diretor, como ocupações
irregulares de terrenos em determinados zoneamentos. A outra é quando
houver descumprimento de prazos para conclusão de empreendimentos de
grande porte nos lotes. A elevação nos valores a serem pagos será de, no
máximo, 15% e instituída de forma gradual, ao longo de cinco anos. A
cobrança adicional poderá ser mantida pela prefeitura até que a situação
seja regularizada.
URM
Desde o dia 1º de janeiro, está em vigor o novo valor da Unidade de
Referência Municipal (URM), que é de R$ 97,93 e foi reajustado com base
no Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) anual, estabelecido em
5,52%. Com a atualização, os cálculos do IPTU e das taxas
correspondentes para 2014 já estão sendo realizados e, em breve, os
carnês de pagamento do tributo estarão disponíveis. De acordo com a Lei
Complementar Municipal 106, de 27 de dezembro de 2006, a atualização
monetária dos valores ocorre anualmente e inclui todos os débitos em
atraso. O novo valor da URM vigorará até dezembro deste ano.
Irregularidade em alvarás segue alta
Iniciadas em agosto, as vistorias do programa Atividade Regular já
passaram por mais de 1,8 mil estabelecimentos da cidade. No mês de
outubro, em matéria publicada no SERRANOSSA, a marca de locais
irregulares chegava a 50% – o índice atual apresenta uma sutil queda no
quadro, ficando em 46%, com 836 ocorrências que incluem desde a não
exposição do alvará até a utilização do documento para atividade
diferente da licenciada. Em 177 casos, não havia sequer autorização para
funcionamento. Dados da secretaria de Finanças indicam a abertura de
1.790 novas inscrições no ano de 2013, divididas praticamente de forma
igualitária entre empresas e microempreendedores individuais.
Jornal SerraNossa - Reportagem: Jorge Bronzato Jr.