O prazo original havia sido dado pelo secretário estadual de
Infraestrutura e Logística, João Victor Domingues, durante reunião
realizada na Câmara de Vereadores, há exatamente um mês. Na ocasião, a
data já era fruto de um adiamento, visto que a primeira informação era
de que a rodovia estaria plenamente liberada para o tráfego de veículos
na primeira semana de fevereiro. No encontro, Domingues alegou
dificuldade para a contratação de uma empresa para realização da
sondagem, ação que definiria as intervenções seguintes.
Agora, é novamente a sondagem a culpada pelo atraso. Segundo o Daer, a
grande quantidade de rochas no local dificultou a análise e retardou
todo o cronograma (veja abaixo). A previsão é de que, com o projeto
concluído, o departamento contrate a empresa para a execução da obra na
próxima semana.
Solução incompleta
Os problemas na ERS-431 não se resumem à situação do quilômetro 14,
onde a pista cedeu. Há anos, usuários da via cobram e esperam pela
pavimentação em vários trechos de chão batido que se intercalam com os
asfaltados – somados totalizam menos de três quilômetros. A construção
das cabeceiras da ponte sobre o arroio Santa Bárbara também sofre há
anos com a morosidade do Estado, mais precisamente desde 2005, quando a
estrutura foi erguida, sem as extremidades. No caso do arroio Claudino,
que teria uma nova elevada, o empreendimento sequer iniciou.
O secretário Domingues, em sua primeira vinda ao município, logo após
o deslizamento, ressaltou a necessidade de uma “solução por inteiro”
para a estrada. As melhorias, além das medidas emergenciais, incluiriam
obras em pelo menos 12 quilômetros e contemplariam a conclusão da ponte
inacabada. Questionado sobre estas ações, o Daer apenas respondeu que
elas não estão previstas no atual pacote de obras.
A justificativa
Em nota, a assessoria do Daer apresentou os motivos para o
descumprimento do prazo original apresentado em Bento pelo secretário de
Infraestrutura e Logística, João Victor Domingues: “A sondagem atrasou
em função de problemas em atravessar o aterro. Ele possui muito mata-cão
(termo técnico que significa bloco de rocha grande), o que faz com que a
máquina tenha muita dificuldade de atravessar o terreno. Esse problema
só é constatado na prática, ou seja, quando a equipe vai a campo e mexe
no solo. Em função disso, atrasará a programação”, diz o texto.
CICs Serra debate novas ações
Na noite de quarta-feira, 12, os representantes dos 11 municípios que
compõem a Associação das Entidades Representativas da Classe
Empresarial da Serra Gaúcha (CICs Serra) voltaram a se reunir para
discutir novas estratégias de cobranças por melhorias nas estradas da
região. No encontro, realizado em Veranópolis – o primeiro após o
manifesto promovido no dia 17 de janeiro – ficou definido pelo grupo que
a próxima ação será a convocação, por ofício, do governador Tarso
Genro, para que o mandatário estadual venha à Serra Gaúcha nas próximas
semanas e apresente um cronograma de ações para a região. O pedido deve
ser protocolado até a próxima terça-feira, 18, no gabinete do
governador. Nas próximas semanas, também devem ser intensificados os
protestos por melhorias nas estradas, com a utilização de recursos como
faixas, outdoors e divulgação na imprensa regional.
O presidente da CICs, Serra Ademar Petry, lamenta que mesmo com a
mobilização regional o Estado não tenha se manifestado, no último mês,
com relação a projetos que beneficiem as rodovias que cortam a Serra.
Por outro lado, ele considera como um avanço para intensificar as
reivindicações junto ao governo gaúcho o fato de representantes de
Caxias do Sul se aproximarem do bloco regional que pede medidas urgentes
para a situação precária das estradas. “É claro que temos algumas
demandas diferentes, mas somos todos Serra. Não podemos deixar o Estado
continuar fazendo esse jogo de nos dividir”, aponta.
Petry garante que mesmo com as dificuldades de diálogo com o Estado, a
entidade não pretende enfraquecer a luta que encabeça há pelo menos
três anos. “Eles não entendem que nós somos o meio, um canal para que
esses municípios tenham um pouco de voz. Se há descaso, há com a
comunidade e não somente com a entidade. Se querem nos desconsiderar, é
bom que saibam que estão desconsiderando a população da Serra”, conclui.
Nem para emergências
Se a recomendação de utilização de acostamentos é apenas para
situações de emergência, é bom que os motoristas que trafegam no
entroncamento da RSC-470 com a RSC-453, no Trevo da Telasul, fiquem
ainda mais atentos, principalmente no sentido Farroupilha-Bento
Gonçalves. Com o trânsito sempre bastante conturbado no local, muitos
condutores optam por usar a área de escape da pista como alternativa
para desafogar o tráfego: a prática é ilegal e, no caso do trecho
citado, uma missão quase impossível pela quantidade de buracos. Ou seja,
a lateral da estrada, atualmente, não serve sequer para a sua função
primordial, que é permitir paradas em casos urgentes.
No final de novembro do ano passado, o Daer chegou a prometer que
realizaria melhorias no local nas semanas seguintes, o que não ocorreu.
Nesta semana, novamente questionado pelo SERRANOSSA sobre as condições
do acostamento no trevo, o departamento garantiu que iniciaria, na
última quinta-feira, 13, uma operação tapa-buracos que contemplaria
aquela área. Até o fechamento desta edição, porém, nada havia mudado.
Fonte: Jornal SerraNossa - Reportagem: Jorge Bronzato Jr.