Comerciantes alegam que projeto, que iniciaria pela rua Barão do Rio Branco, reduziria clientes
A iniciativa prevê a retirada de vagas da Zona Azul em um dos lados
da via, que ficaria restrita à passagem de ônibus e táxis. A
justificativa para a contrariedade dos empresários à medida é que, com a
redução de espaços no estacionamento rotativo, haveria uma baixa no
fluxo de clientes e, consequentemente, no volume de vendas
Reunidos na noite da última quarta-feira, dia 15, proprietários de
estabelecimentos comerciais da área decidiram que encaminharão suas
demandas a entidades que representam a categoria, como o Sindicato do
Comércio Varejista de Bento Gonçalves (Sindilojas) e a Câmara dos
Dirigentes Lojistas (CDL). A intenção é reforçar o pedido para que o
Poder Público reveja a proposta.
“Rua fantasma”
Proprietário de uma floricultura no local, Paulo Rosário dos Santos
afirma que o projeto transformaria a Barão do Rio Branco em “uma rua
fantasma”. “Tenho certeza que muitas pessoas vão fechar as lojas se isso
ocorrer. Eu não sou contra o corredor, mas me parece que não é o lugar
ideal. E tem mais: o pessoal não vai deixar o carro em casa para vir ao
Centro de ônibus. A cultura da cidade não vai mudar”, aponta o
empresário.
Na opinião de Santos, nem mesmo a oferta de estacionamentos
particulares no Centro teria condições de absorver a movimentação de
carros. “Muitos desses estacionamentos privados estão em áreas que logo
vão ter construções. É questão de pouco tempo. E não há uma visão focada
para construir garagens. Então, é uma coisa que só vai piorar, porque
essas mudanças, daqui a dois ou três anos, já não vão mais servir”,
completa.
De acordo com ele, o grupo voltará a se reunir nas próximas semanas
para discutir de que forma será conduzida a mobilização de agora em
diante. Uma das possibilidades é a criação de um abaixo-assinado para
tentar conseguir a adesão de um grande número de lojistas, inclusive de
outros pontos do Centro.
Estudo
Para Maria Lúcia Picinini, que também é proprietária de uma loja na
Barão do Rio Branco, a prefeitura ainda precisa apresentar de forma mais
ampla os argumentos e os dados técnicos que justificariam a criação do
corredor. “Queremos chegar a um acordo, não pode ser uma decisão
unilateral. Hoje, com estacionamento dos dois lados, a situação já é
crítica. Acho que é necessário fazer um estudo mais aprofundado”, diz a
comerciante.
Os reflexos causados pela mudança, na avaliação de Maria Lúcia, não
seriam sentidos apenas na rua por onde iniciaria a implantação. “Todo o
comércio do Centro vai sofrer, é algo inviável. Sabemos que muita gente
estaciona por aqui, mas vai para outros locais. E há pessoas que param
em outras ruas para vir comprar aqui na Barão. Acho que o mais
importante, em um primeiro momento, seria retirar os caminhões do
Centro. Esse seria um passo importante para melhorar a mobilidade
urbana”, opina.
O projeto
O plano, apresentado pela prefeitura à CDL e ao Conselho Municipal de
Trânsito (Comtran) no dia 19 de dezembro, prevê a retirada de vagas do
lado direito das vias, com realocação de alguns pontos de táxi e
implantação de sinaleiras, em cinco locais: nas ruas Barão do Rio Branco
(a primeira a receber as intervenções), Saldanha Marinho, Júlio de
Castilhos, Guilherme Fasolo e avenida Osvaldo Aranha. Na área central,
os estacionamentos seriam proibidos das 6h às 23h e no bairro Cidade
Alta, das 6h às 8h30 e entre as 17h30 e as 19h30.
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