sábado, 25 de janeiro de 2014

São Paulo, a cidade que amamos odiar

Quantas e quantas vezes ouvi amigos, que moram em São Paulo há tantos anos, desejando largar a cidade de vez e partir para uma vida mais tranquila e saudável em outro canto do País ou do mundo. Quem é de São Paulo sabe o quanto essa cidade pode ser apaixonante e, ao mesmo tempo, insuportável.

Esse é o dilema da maioria dos paulistanos que, cá pra nós, não deve bater muito bem da cabeça (assim como eu). São Paulo encanta não pela beleza, mas pelo que ela é capaz de proporcionar. Aí que entra o meu lado positivo da bipolaridade típica de um paulistano.

Como não amar a agenda cultural da cidade, os bairros típicos e a variedade de restaurantes? Em boa parte de minha vida eu aprendi a aproveitar a cidade apenas nos finais de semana, mas o segredo para alcançar uma boa qualidade de vida nessa metrópole é não desperdiçar os dias úteis.

Sim, é possível aproveitar um bom cinema ou uma amostra cultural numa segunda-feira. Não deixe para levar o seu companheiro ou companheira àquele restaurante refinado apenas no final de semana. Deixe de ser tão paulistano e fuja das filas, apesar de que, em alguns casos, elas sempre estarão lá.

Morar em São Paulo e não viver o que a cidade tem a oferecer de bom é triste, pois ela também é capaz de oferecer muita coisa ruim. Muitas vezes inevitáveis, como o trânsito caótico e a poluição sufocante dos meses de inverno.

Apesar de ter nascido em São Paulo, eu demorei mais de uma década para conhecer o Parque do Ibirapuera, mais de 20 anos para ir ao autódromo de Interlagos ou para conhecer o Parque da Independência.

A cidade é enorme e, muitas vezes, nos limitamos ao nosso espaço geográfico. Não deixe de conhecer os restaurantes do Bixiga, as lojas da 25 de Março, os centros culturais da Paulista ou os parques de todos os tamanhos, incluindo aí o Jardim Zoológico, que não é um passeio apenas de excursão escolar.

Mas como eu disse no início dessa carta de amor e ódio a esta cidade, São Paulo pode ser insuportável, mas temos que tratá-la bem, apesar de seus defeitos. O trânsito suga nossas energias, o cheiro insuportável dos rios Tietê e Pinheiros no deixa mais tristes e a violência pode assustar. Esse tipo de coisa faz com pensemos com frequência naquela ideia fixa: “chegou a hora de deixar essa cidade”.

Muitas vezes, como em um relacionamento, é bom dar um tempo – como já o fiz por nove anos. Mas, se o amor for verdadeiro, sempre voltamos. Viver em São Paulo é assim, descobrir a cada dia que passa uma nova virtude ou um novo defeito. É praticamente um casamento, onde os dois lados precisam se esforçar para que a convivência seja perfeita.

Viva o que São Paulo tem de bom e tente mudar o que ela tem de ruim, pois nem tudo está perdido, acredite.

Parabéns São Paulo, pelos seus 460 anos de vida.

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