Insatisfeita com a proposta feita na segunda-feira pela presidente
Dilma Rousseff para reacomodar o PMDB na reforma ministerial, a bancada
do partido na Câmara ameaça se rebelar contra o governo e entregar os
dois cargos que controla na Esplanada dos Ministérios.
Foi com esse objetivo que o líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo
Cunha (RJ), convocou uma reunião de emergência com os 76 deputados
federais da bancada para quarta-feira. Na reunião de segunda à noite com
o vice-presidente Michel Temer e líderes do PMDB, Dilma ofereceu o
Ministério da Integração Nacional para o senador Eunício Oliveira (CE).
Em troca, o PMDB cederia a vaga de Turismo para Benito Gama, do PTB.
Eunício é pré-candidato ao governo do Ceará e o convite a ele foi feito
com o objetivo de tirá-lo do páreo na disputa, abrindo caminho para um
acordo entre o PT e o PROS do governador Cid Gomes. O senador não
aceitou o convite. A bancada do PMDB no Senado insiste na nomeação de
Vital do Rêgo (PB) para Integração Nacional, mas Dilma aposta na reforma
para resolver pendências na formação dos palanques nos Estados.
Depois da tensa reunião com Dilma, no Palácio do Planalto, Vital do
Rêgo, Eunício Oliveira, Eduardo Cunha e os presidentes da Câmara,
Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, além dos líderes
do PMDB e do PTB no Senado, Eduardo Braga e Gim Argelo, reuniram-se com
Michel Temer, no Palácio do Jaburu. Temer tenta acalmar os ânimos no
partido, já que uma ala da sigla ameaça não apoiar a reeleição de Dilma.
Deputados licenciados pelo PMDB, o ministro do Turismo, Gastão Vieira; e
da Agricultura, Antônio Andrade, já anunciaram que deixarão os cargos
até o carnaval para concorrer a mais um mandato parlamentar. O problema é
que Dilma não aceita a indicação da bancada peemedebista na Câmara para
essas vagas e, ainda, quer trocar Turismo por Integração Nacional,
desde que o nomeado seja Eunício, para resolver o problema de Cid Gomes.
Se Eunício não aceitar a oferta, como tem dito, o Ministério da
Integração Nacional ficará sob controle do PROS, de Cid Gomes. "O clima é
tenso e vamos tomar uma posição amanhã, às 15 horas. A bancada do PMDB
na Câmara tem de ser tratada como foi até hoje. Se for tratada fora
desse processo, entregaremos os cargos", disse Cunha.
O PMDB quer ampliar o seu espaço na Esplanada de cinco para seis
ministérios, mas até agora não recebeu oferta nesse sentido. Caso não
consiga Integração Nacional - objeto do desejo de Vital do Rêgo -, o
partido está de olho na Secretaria dos Portos - hoje também com o grupo
de Cid Gomes - e no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
* Estadão Conteúdo
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