Durante o encontro no salão nobre da prefeitura, familiares dos dois rapazes mortos voltaram a defender a inocência dos quatro jovens que estavam na Fiorino, alegando que houve excesso na abordagem policial e que a arma que teria sido encontrada no carro não seria de nenhum deles. Outra queixa foi quanto a alterações na cena do crime que teriam sido feitas antes da chegada dos agentes do Instituto Geral de Perícias (IGP) ao local das mortes. “Foi uma covardia o que fizeram, uma chacina. Eles atiraram até de 12 [espingarda calibre 12] de perto, em dois inocentes que nem podiam se defender. E depois mexeram em tudo antes dos peritos”, afirma David Cruz da Costa, irmão de Danúbio.
Ele conta ainda que a última chamada feita pelo telefone do irmão foi para o número 190, o que, para David, significa que Danúbio tentou alertar a polícia de que ele e Anderson estavam no baú da Fiorino. “Eles tentaram avisar que não era para atirar, porque eles ‘tavam’ ali dentro, mas não deu tempo”, lamenta.
O pai de Danúbio, João Luiz Gonçales da Costa, também defendeu o condutor da Fiorino, Tiago de Paula, de 18 anos, que não teria parado após a abordagem policial pelo receio de perder a Habilitação, por ter consumido bebida alcoólica e estar transportando pessoas no compartimento destinado a cargas. “Ele ficou com medo, pois ainda tinha a [CNH] provisória. Eles tinham bebido um pouco, ninguém vai mentir que não, mas não mereciam isso”, diz o pai.
As informações desencontradas sobre o momento em que os disparos dos brigadianos foram efetuados – em uma reação a supostos tiros vindos da Fiorino – também marcaram as manifestações das famílias. “Se eles ainda estavam fugindo, por que os tiros estão todos perto um do outro, bem juntinhos?”, questiona a mãe de Anderson, Iolanda Tavares Silveira.
O local dos tiros
Na tarde da última terça-feira, dia 18, ainda bastante abalado, o
adolescente de 15 anos que era caroneiro na Fiorino confirmou o local em
que houve o suposto confronto com a BM (foto). Segundo ele, o motorista
do veículo não conseguiu subir pela rua Felice Pagot, no final do
bairro Imigrante, e voltou de ré – atingindo a viatura e ficando no
sentido oposto ao do carro da polícia, retomando assim a fuga – os
brigadianos teriam efetuado os disparos, a curta distância e, na versão
do jovem, sem que nenhum outro tiro tenha partido do veículo em que o
grupo estava. A reportagem do SERRANOSSA foi até o local e verificou que
a referida rua, não asfaltada, possui muitos desníveis, o que dificulta
o acesso de veículos. A área é praticamente deserta e pouco iluminada.
Reportagem: Jonathan Zanotto, Jorge Bronzato Jr. e Greice Scotton
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