Alta passa a vigorar em junho na área da RGE, mas concessionária ainda não confirma o índice
A conta de energia elétrica para os consumidores de Bento
Gonçalves deve ficar, em média, 20% mais cara a partir de 19 de junho,
dois dias antes do início do inverno. O reajuste médio na tarifa no
município, que tende a ser aplicado tanto para clientes residenciais
quanto industriais, é uma projeção baseada no cenário nacional e ainda
não teve o índice confirmado pela Rio Grande Energia (RGE),
concessionária que abastece também outras 231 cidades gaúchas.
Há poucos dias, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
aprovou elevação nas taxas aplicadas pela AES Sul, que opera em outros
118 municípios do Estado, em alta que chegou ao patamar médio de 28,8%.
Depois da revisão da RGE, que ocorre no sexto mês do ano, será a vez dos
usuários de Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) também
sentirem, a partir de outubro, o peso da nova cobrança, que nesses casos
deve alcançar majoração de até 23%.
De acordo com Paulo Steele, diretor da TR Soluções, empresa mineira
de consultoria na área e responsável pela divulgação da projeção, o
principal fator para o reajuste a ser aplicado neste ano é o fato de que
as usinas hidrelétricas estão operando abaixo de sua capacidade, o que
faz com que as distribuidoras comprem energia de origem térmica, que
pode ser até 10 vezes mais cara. “Ainda não podemos tratar esse aumento
como uma verdade absoluta, porque ele depende de quase 30 elementos para
ser calculado. O que temos é uma estimativa com base na situação
verificada no país. Como tiveram que pagar mais pela energia e vender ao
preço que estava previsto em contrato, as concessionárias acumularam um
passivo de R$ 10 bilhões que vai começar a ser cobrado agora. Em 2014, é
só uma parte, uma primeira parcela que os clientes pagarão, que fica em
torno de R$ 2 bilhões”, adianta o especialista.
Como o reajuste se dará em junho, o reflexo real só poderá ser
sentido a partir do pagamento da conta de julho, após o novo índice
incidir sobre 30 dias de consumo, e pode variar de acordo com cada caso,
principalmente em função de hábitos familiares e empresariais e dos
sistemas de alta ou baixa tensão. Segundo Steel, os aumentos também
poderão ser verificados por mais quatro anos a partir de 2015. A
esperança de que o impacto seja menor no próximo ano e nos seguintes é a
possibilidade de que, em função do fim de algumas concessões, o mercado
receba a oferta de energia mais barata, algo que ainda não se pode
garantir. “É uma expectativa que temos, e assim uma redução no custo de
geração poderia atenuar novos reajustes”, completa.
O que diz a RGE
A assessoria da RGE informa que a empresa ainda não tem uma projeção
do aumento que será aplicado a partir de junho na área atendida pela
concessionária, e que o cálculo levará em conta a realidade regional,
podendo ser diferente da estimativa divulgada até agora. A definição
deve se dar somente em junho, para depois ser encaminhada para avaliação
da Annel.
Projeção supera desconto de 2013
Se confirmado, o aumento médio de 20% nas contas de luz na região da
RGE previsto para esse ano irá superar o desconto concedido em junho de
2013. Na época, a redução aplicada na tarifa da empresa, que atende a
1,3 milhão de consumidores em 262 municípios gaúchos, ficou em torno de
13%.
Reportagem: Jornal SerraNossa - Jorge Bronzato Jr.
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