Ideia de ser ministro da Justiça com controle da PF não o seduz
O ministro Joaquim Barbosa, que está de saída do STF
(Supremo Tribunal Federal), já tomou uma decisão em relação à eleição
presidencial de outubro: não vai declarar voto na primeira fase nem
apoiar um candidato no segundo turno.
Barbosa construiu relação de respeito com a presidente Dilma
Rousseff, de quem gosta pessoalmente. Suas rusgas são com o PT. Ele tem
bons entendimentos com Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Adora
Marina Silva, que ainda vai criar a Rede. O presidente do STF pretende
manter distância da disputa eleitoral.
Barbosa tem cacife próprio e alto: segundo pesquisa Datafolha, 26%
dos eleitores votariam com certeza num candidato indicado por ele.
Outros 26% talvez votassem.
O presidente do STF não está disposto a transferir esse capital para
ninguém. Acha que, como estará fora do Supremo há pouco tempo, uma opção
eleitoral em 2014 seria lida como algo que pudesse lançar dúvida sobre
decisões jurídicas recentes.
Barbosa pretende viajar para o exterior. Tem convite de universidades
para dar aulas e palestras. Deve retornar ao Brasil para votar. Não
deverá revelar o voto. Vai cuidar da saúde e descansar um pouco. Cogita
trabalhar como advogado a partir de 2015.
Em relação a 2018, poderá, sim, analisar a possibilidade de um voo
eleitoral. Já disse que não vai cair no canto da sereia de ser ministro
da Justiça de um eventual governo da oposição. Não o seduz a ideia de
ter controle da PF (Polícia Federal). Ele acredita que teria mais peso
no debate público sem estar a reboque de um projeto dessa natureza. Vai
se dedicar a causas que considera importantes, como política de cotas e a
dureza do sistema carcerário brasileiro em relação aos negros.
Barbosa afirma que a direita gosta dele por razões erradas. Lembra
que é um homem com ideias de esquerda e que pretende deixar isso bem
claro no debate público futuro.
Enfim, é isso o que vai pela cabeça do presidente mais poderoso da
história do Supremo. Lá na frente, não descarta disputar o Senado pelo
Rio ou concorrer ao Palácio do Planalto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário