Em entrevista durante reunião do G20, Obama diz levar "muito a sério" as acusações de espionagem dos serviços secretos americanos
"Levo estas acusações muito a sério", disse Obama em uma
coletiva de imprensa, antes de assegurar que "entende as preocupações"
da presidente Dilma Rousseff e do presidente mexicano, Enrique Peña
Nieto, que lhe pediram explicações.
Levo estas acusações muito a sério
Barack Obama
presidente dos Estados Unidos
Segundo Obama, os interesses do seu país com México e
Brasil são maiores do que a questão da espionagem, e que não "assina
embaixo de tudo que os jornais dizem" a respeito do assunto. Sobre
atuação da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na
sigla em inglês), Obama cogitou dar "um passo atrás" para analisar a
forma como as tecnologias têm sido usadas.
Obama ressaltou que "há uma gama de interesses" nas
relações envolvendo os EUA e os dois países que, segundo denúncias
veiculadas na imprensa, foram espionados. "Especificamente sobre Brasil e
México, temos de analisar as alegações. Não assino embaixo de tudo que
os jornais dizem. Levo as alegações muito a sério, entendo as alegações
de mexicanos e do povo brasileiro, e vamos trabalhar para ver onde está a
fonte de tensão", disse.
"A razão pela qual fui ao Brasil é que esse é um país
importante e com história de sucesso na transição da ditadura para a
democracia, além de ser uma das economias mais dinâmicas do mundo",
argumentou o presidente dos EUA.
Sobre a atuação da NSA, envolvida na espionagem ao
Brasil e México, Obama disse caber à agência "buscar informações que não
estão em fontes públicas", e que essa prática é similar ao que países
mundo afora fazem por meio dos seus serviços de inteligência. "A verdade
é que somos maiores e temos melhor capacidade", emendou.
"Com a tecnologia mudando tão rapidamente, e as
capacidades aumentando ainda mais, é importante que a gente dê um passo
atrás e analise o que estamos fazendo, porque, só porque podemos
conseguir as informações, não quer dizer que tenhamos que acessá-las.
Pode ter aí uma relação custo-benefício que temos que pesar", completou o
presidente americano. Ele considerou a possibilidade de a NSA fazer
análises "camada a camada", para identificar o que, posteriormente, pode
ser analisado de forma mais aprofundada.
Monitoramento
Reportagem veiculada no último domingo pelo programa Fantástico, da TV
Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação
interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos
Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores
como alvos de espionagem.
De
acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação
chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e
Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente
do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele
país quando o relatório foi produzido.
O
nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um
desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no
entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear
e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP
(código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos
de mensagens ou ligações.
6 de setembro - Obama conversa com Dilma durante a foto oficial dos líderes da cúpula do G20 em São Petesburgo, na Rússia
Foto: Reuters
Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que
brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem
ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados
Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou
alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana
Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em
parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de
redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com
empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre
usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance
da espionagem da inteligência do governo dos EUA.
Ainda
segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes
da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília,
pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da
Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações
Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.
Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do
governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio
Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.
O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que
o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou
também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço
secreto americano.
Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.
Após
as revelações, a ministra responsável pela articulação política do
governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai
pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.
Com informações da AFP e da Agência Brasil.
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