domingo, 29 de setembro de 2013

Após Assad anunciar cooperação, bombardeio mata 16 em escola

Pelo menos 16 pessoas, em sua maioria estudantes do ensino médio, morreram e várias ficaram feridas em um bombardeio da aviação militar síria hoje contra a cidade de Al Raqa, no norte do país, denunciaram ativistas e grupos da oposição. A Coalizão Nacional Síria (CNFROS), principal grupo opositor, anunciou em comunicado que este ataque da aviação do regime foi dirigido contra o Instituto Comercial de Ensino Médio de Ibn Tofayel. Por sua parte, o Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, mas com uma ampla rede de ativistas no terreno, afirmou que pelo menos 16 pessoas morreram no ataque.

O ataque ocorreu no mesmo dia em que o presidente síria, Bashar al-Assad, anunciou à TV italiana RaiNews24 que vai respeitar o acordo do Conselho de Segurança da ONU sobre armas químicas. "Nós nos juntamos ao acordo internacional contra a aquisição e o uso de armas químicas mesmo antes dessa resolução ser aprovada", afirmou.
"A aviação síria bombardeou a entrada de uma escola técnica na cidade de Raqa, matando 16 pessoas, incluindo dez alunos menores de 18 anos, e ferindo muitos outros, alguns dos quais estão em estado grave", informou o OSDH. "Houve pânico, crianças chorando na escola e tentando se esconder", relatou uma testemunha à ONG.
Os rebeldes tomaram o controle de Raqa em 6 de março, sendo a única capital provincial nas mãos dos insurgentes. Atualmente, a cidade é controlada principalmente pelos jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Assad concede entrevista à jornalista da TV italiana em Damasco Foto: AP
Assad concede entrevista à jornalista da TV italiana em Damasco
Foto: AP
No sul, após quatro dias de intensos combates em que 26 soldados e um grande número de insurgentes, incluindo "sete não-sírios" foram mortos, os rebeldes assumiram o controle de um posto aduaneiro e agora ocupam uma faixa de terra da cidade de Deraa, próxima as Colinas de Golã, a leste, segundo o OSDH.
No entanto, um alto funcionário dos serviços de segurança informou à AFP que "não se pode dizer que os grupos terroristas tomaram o controle de uma posição, muitas vezes porque a situação muda repentinamente e a luta continua".
Catorze corpos de membros das Forças de Defesa, que apoiam o regime sírio, mortos um dia antes em Zamalka, perto de Damasco, foram transportados neste domingo para Homs, no centro do país de onde são originários, segundo o OSDH. Uma fonte da segurança informou combates em Zamalka e Jobar (leste).
REPORTAGENS EXCLUSIVAS
AFP
Ainda de acordo com o OSDH, pelo menos 19 soldados foram mortos e 60 ficaram feridos em um ataque rebelde na madrugada deste domingo contra posições militares em Nasseriya al-Qalamun, ao norte de Damasco. "Há também vítimas nas fileiras dos rebeldes, que conseguiram tomar o controle de várias posições", de acordo com o OSDH. Por sua vez, o exército afirmou ter matado "um grande número" de rebeldes em Nashabiyé, ao norte da capital.
A Jordânia anunciou neste domingo ter protestado na embaixada síria contra a queda de morteiros em Ramtha, em seu território, quinta-feira à noite. "O ministério das Relações Exteriores enviou uma mensagem de protesto à embaixada da Síria em Amman, após a queda de um morteiro sobre a mesquita de Al-Fatah, perto de um parque industrial na cidade de Ramtha", afirmou o ministro jordaniano da Informação, Mohammad Momani, citado pela agência de notícias Petra.
"O morteiro atingiu esta região durante confrontos entre o exército sírio e combatentes (rebeldes) do Exército Sírio Livre (ESL)" do outro lado da fronteira, explicou. Estas informações não puderam ser verificadas de forma independente devido às restrições impostas aos jornalistas pelas autoridades sírias para trabalhar no terreno.
Assad diz que pode deixar presidência, mas não agora
Na entrevista a TV italiana, Bashar al Assad, afirmou que deixaria a chefia de Estado se isso contribuísse para melhorar a situação no país, mas disse não pensar em fazê-lo no meio do atual conflito armado.

"Se abandonar meu cargo contribuísse para melhorar a situação, não teria nenhum escrúpulo, mas agora devo seguir em meu posto", disse Assad. "No meio de uma tempestade não se abandona o navio; minha missão é levá-lo ao porto, não abandoná-lo", argumentou Assad na primeira entrevista concedida a um veículo estrangeiro após a resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre o desmantelamento do arsenal químico da Síria.
O conflito sírio causou desde março de 2011 a morte de cerca de 100 mil pessoas e o deslocamento de dois milhões, segundo as Nações Unidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário