Palácio do Planalto confirmou na noite deste sábado que decisão sobre viagem aos Estados Unidos será
tomada após reunião com chanceler
O
Palácio do Planalto confirmou na noite deste sábado que a decisão sobre
a visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos só será tomada
depois de reunião com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto
Figueiredo. A agência Reuters noticiou hoje que assessores próximos de
Dilma têm orientado a presidente a cancelar sua viagem oficial aos Estados Unidos.
A viagem, prevista para ocorrer no próximo mês,
aconteceria após revelações de que a mandatária brasileira e outros
órgãos do País foram alvos de espionagem da Agência de Segurança
Nacional americana (NSA, na sigla em inglês). Figueiredo viajou aos
Estados Unidos nesta semana para ouvir as explicações das autoridades
americanas a respeito das denúncias de espionagens, e é aguardado em
Brasília para apresentar seu relatório a Dilma.
Entre aqueles que encorajam Dilma a cancelar a viagem está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a Reuters.
Dilma participou neste sábado do sepultamento do
ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) do governo Lula, Luiz
Gushiken, no cemitério do Redentor, em São Paulo, onde esteve
acompanhada do ex-presidente da República e de diversos ministros. No
início da noite, a presidente chegou a Porto Alegre (RS), onde
pernoitará. Na manhã de domingo, Dilma prestigiará a cerimônia de
conclusão das obras da plataforma de petróleo P-55, em Rio Grande, no
sul do Estado.
Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que
brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem
ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados
Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou
alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana
Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em
parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de
redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com
empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre
usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance
da espionagem da inteligência do governo dos EUA.
Ainda
segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes
da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília,
pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da
Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações
Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.
Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do
governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio
Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.
O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que
o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou
também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço
secreto americano.
Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.
Após
as revelações, a ministra responsável pela articulação política do
governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai
pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.
Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que
documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de
Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a
presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.
De
acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação
chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e
Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente
do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele
país quando o relatório foi produzido.
O
nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um
desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no
entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear
e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP
(código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos
de mensagens ou ligações.
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