Para ampliar trabalhos, prefeitura deverá aumentar os mais de R$ 572 mil
mensais pagos pelo serviço
A prefeitura tem até o próximo dia 27 para definir que mudanças
deverá aplicar no serviço de coleta de lixo em Bento Gonçalves para os
próximos 12 meses. Apesar de já garantida pela secretaria de Meio
Ambiente (Smmam), a renovação do contrato com a empresa RN Freitas ainda
depende de alguns ajustes, em especial no que se refere aos resíduos
recicláveis, cujo recolhimento deverá ser feito mais vezes em alguns
bairros.
A princípio, o reajuste nos valores do trabalho prestado pela
contratada – que entrega o conteúdo seco em associações conveniadas com o
Poder Público e despacha o orgânico para o aterro sanitário em Minas do
Leão – será calculado com base no Índice Geral de Preços do Mercado
(IGP-M), que fechou em quase 8% no último ano. Mas, caso queira
realmente ampliar a captação de material reaproveitável, e passar de 12%
para 30% o total reciclado no município, a administração deverá receber
uma nova oferta da empresa.
Neste ano, em média, foram pagos R$ 572,8 mil mensais em recursos
públicos para a manutenção do contrato. O cálculo considera apenas os
quatro primeiros meses, de janeiro a abril, mas se estendido até o final
do ano projeta um custo de quase R$ 7 milhões para a atividade.
A prorrogação dos trabalhos vai na contramão da mais recente proposta
apresentada em reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
(Condema), na semana passada. Durante o encontro, a Associação Ativista
Ecológica (Aaeco) sugeriu, entre outras medidas, que o Executivo
considere a possibilidade de municipalizar, de forma gradativa (veja
abaixo).
“Falta caminhão”
A RN Freitas afirma estar operando no limite na coleta de lixo
orgânico, com 12 caminhões. No caso dos seletivos, o cenário, de acordo
com a direção da empresa, é ainda mais problemático. “Temos cinco
caminhões nas ruas, mas teríamos que ter no mínimo oito. A população
está fazendo sua parte, separando mais lixo, mas não estamos dando
conta”, diz o diretor Rui Nascimento Freitas. Para aumentar a frota,
entretanto, a empresa deverá esperar também um aumento nos pagamentos, a
ser acertado nos próximos dias. “Nossa proposta vai depender do que a
prefeitura quiser e nos apresentar”, completa.
Além da aquisição de novos veículos, Freitas explica que são
necessárias contratações de motoristas e auxiliares, Para cada novo
caminhão, cujo custo seria de R$ 150 mil, além do condutor, são exigidos
três funcionários para realizar o recolhimento.
Mudanças*
Bairro Botafogo
Bairro Cidade Alta
Bairro São Bento
Bairro Planalto
Bairro São Francisco
Bairro Progresso
Bairro Cidade Alta
Bairro São Bento
Bairro Planalto
Bairro São Francisco
Bairro Progresso
*Fonte: RN Freitas. Nestes locais, segundo contratada, a
frequência de coleta de materiais recicláveis deve passar de dois para
três dias, dependendo do novo acordo entre a empresa e a prefeitura.
Os gastos em 2014
Janeiro: R$ 568.339,63
Fevereiro: R$ 564.748,62
Março: R$ 587.352,70
Abril: R$ 571.000,19
Total: R$ 2.291.441,14
Como é feito o cálculo: o valor pago mensalmente à empresa RN Freitas é alcançado pela soma de três fatores: a coleta dos resíduos (orgânicos e recicláveis), o transporte ao aterro sanitário de Minas do Leão e o custo para destinação final dos materiais. Em cargas de até 1.750 toneladas de lixo orgânico, o valor pago por mil quilos é de R$ 39,82 para transporte e R$ 45,50 para a destinação final. Para cada tonelada excedente, o preço baixa: R$ 33,91 (transporte) e R$ 38,84 (destinação). O valor da coleta e da entrega dos resíduos recicláveis nas associações é fixo, estabelecido em pouco mais de R$ 122 mil mensais.
Fevereiro: R$ 564.748,62
Março: R$ 587.352,70
Abril: R$ 571.000,19
Total: R$ 2.291.441,14
Como é feito o cálculo: o valor pago mensalmente à empresa RN Freitas é alcançado pela soma de três fatores: a coleta dos resíduos (orgânicos e recicláveis), o transporte ao aterro sanitário de Minas do Leão e o custo para destinação final dos materiais. Em cargas de até 1.750 toneladas de lixo orgânico, o valor pago por mil quilos é de R$ 39,82 para transporte e R$ 45,50 para a destinação final. Para cada tonelada excedente, o preço baixa: R$ 33,91 (transporte) e R$ 38,84 (destinação). O valor da coleta e da entrega dos resíduos recicláveis nas associações é fixo, estabelecido em pouco mais de R$ 122 mil mensais.
Aaeco sugere municipalização da coleta seletiva
Apresentada pela Associação Ativista Ecológica (Aaeco) na semana
passada, em reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
(Condema), a proposta de municipalização do serviço de coleta seletiva
do lixo ainda encontra resistência da prefeitura. A sugestão da entidade
é de que o novo formato seja implantado aos poucos, em formato de
testes, para que, de forma gradativa, deixe de ser operado por uma
empresa privada.
Para a Aaeco, o primeiro passo para a alteração já poderia ser dado
com recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente, geridos pelo próprio
Condema, em especial os R$ 123 mil da multa aplicada recentemente a uma
construtora responsabilizada por um acidente que provocou o vazamento de
produtos químicos no bairro Vila Nova. A verba poderia ser utilizada
pelo Poder Público na aquisição de um caminhão pequeno para realizar
parte do trabalho. “Uma empresa contratada sempre considera o seu lucro e
aqui esse valor poderia ser revertido no próprio serviço”, argumenta o
secretário-geral da Organização Não-Governamental (ONG), Gilnei Rigotto.
Um dos passos seguintes seria a mecanização do trabalho.
Na visão do presidente do Condema, Luiz Ricardo Espeiorin, a sugestão
da Aaeco é bem-vinda, e pode ajudar a indicar possibilidades futuras de
mudanças no serviço. “Acho que, a curto prazo, o nosso foco tem que ser
realmente a coleta seletiva. E um teste como esse nos ajudaria a ver o
que pode ser melhorado. E claro, depois também temos que pensar no
orgânico, buscar alternativas como uma usina ou compostagens, ações que
reduziriam o que é levado para o aterro. Hoje, temos um gasto muito
elevado com o lixo”, analisa Espeiorin.
Do lado da administração, entretanto, a proposta de testar o processo
de municipalização da coleta seletiva ainda não tem, pelo menos até
aqui, respaldo para ser implementada. “É muito temerário fazer
experiências como essa agora. Não estamos pensando nisso nesse momento”,
resume o secretário de Meio Ambiente, Luiz Augusto Signor.
Pavilhão único
A Aaeco também cobra agilidade na construção do pavilhão único para
as oito associações de recicladores que mantêm convênio com a
prefeitura. De acordo com Signor, o projeto arquitetônico para o
empreendimento já está pronto. Agora, estão sendo finalizados os planos
elétricos e hidráulicos. A proposta do Poder Público é erguer o espaço
na área próxima ao novo transbordo, na Estrada da Vindima, abaixo do
bairro Pomarosa. “Se realmente sair do papel, é uma notícia boa”,
conclui Rigotto.
Associações
Na última reunião do Condema, também ficou definido que nenhuma das
associações de recicladores conveniadas com o Poder Público receberia
repasses de verbas da prefeitura caso não apresentasse o licenciamento
ambiental do local em que estão instaladas. Das oito, apenas duas – a
JSA Vidros e a Jardim Glória – estão regulares até agora e já tiveram a
aprovação de R$ 13,5 mil cada, referente ao primeiro trimestre do ano.
Em matéria publicada em abril, o SERRANOSSA apontou as dificuldades que
muitas delas encaram para se manter em funcionamento, operando, na
maioria dos casos, em condições de trabalho perigosas, sem a utilização
de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Reportagem: Jornal SerraNossa - Jorge Bronzato Jr.
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