Verba será utilizada para a conclusão do prédio de quatro andares erguido atrás da unidade
Até o final do ano, a nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
que está sendo construída no bairro Botafogo, e que marca a primeira
fase da instalação de um hospital público em Bento Gonçalves, pode
entrar em funcionamento graças à garantia de um novo repasse de recursos
do Estado. Em uma reunião realizada na última semana, o secretário
estadual de Saúde, Ciro Simoni, assegurou a lideranças da cidade que o
governo gaúcho destinará R$ 1 milhão para a conclusão da parte externa
da edificação de quatro andares erguida atrás da UPA, mediante a
apresentação de um plano de trabalho e da planilha de custos. Com as
obras, devem cessar as infiltrações de água na unidade, situada na parte
térrea, o que permitirá a utilização do espaço.
O encontro com Simoni foi agendado pelo vereador Clemente
Mieznikowski (PDT) e, inicialmente, tinha um outro objetivo: a intenção
dos representantes locais era mudar a destinação da verba de R$ 1 milhão
que já está garantida para Bento e que deverá ser investida na compra
de aparelhagem para a UPA. Como a alteração não foi possível, o próprio
secretário sugeriu o encaminhamento de um novo pedido de auxílio
financeiro, o qual poderá ser aplicado nas obras.
De acordo com o coordenador médico da secretaria municipal da Saúde
(SMS), Marco Antônio Ebert, que participou da reunião em Porto Alegre, a
maioria dos materiais necessários já foi adquirida com recursos
próprios. Mesmo assim, a prefeitura pretende verificar o quanto ainda
pode utilizar do dinheiro, para evitar, dentro da legalidade, a
devolução aos cofres estaduais. “Estamos avaliando o que já temos de
equipamentos e o que pode ser destinado a outras unidades”, explica.
“Muito diálogo”
Para Mieznikowski, o anúncio do secretário aumenta as expectativas de
que o atendimento no setor da saúde em Bento receba um importante
reforço em breve. “O que queremos é que essa obra seja concluída. Não é
um desejo meu, é de toda uma comunidade, independentemente de quem faça.
É claro que, depois disso, ainda teremos muita coisa a ser feita, mas
vamos enfrentar isso com muito diálogo”, conclui o vereador.
R$ 750 mil mensais
Com a UPA em funcionamento, o município deve receber, segundo Ebert, o
aporte de R$ 750 mil mensais para a manutenção da estrutura. Do
montante, R$ 500 mil viriam do governo federal e os outros R$ 250 mil do
Estado. Por ano, seriam R$ 9 milhões. “Isso nos daria um fôlego muito
bom, porque representa praticamente 10% do nosso orçamento anual”,
destaca o coordenador.
Os trabalhos a serem retomados nos quatro andares permitirão a
abertura da unidade. O prédio será destinado a internações e espera por
um novo pavimento, algumas paredes, telhado e reboco. A inauguração
dessa obra também deve acelerar a segunda fase do novo complexo de
saúde. Além da parte interna da edificação, as etapas posteriores,
conforme a projeção apresentada ainda no governo anterior, preveem a
implantação de laboratórios, bloco cirúrgico, prédio administrativo e
paisagismo, ações que ainda não têm previsão de início.
Algumas outras medidas, contudo, podem ser encaminhadas nos próximos
meses. Entre elas, estão sendo discutidas a realocação do Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a provável mudança de local do
Departamento Médico Legal (DML).
Adaptações na UPA
A UPA, em si, dependeria, de acordo com o coordenador médico da SMS,
Marco Antônio Ebert, de apenas alguns ajustes para adaptações às normas
técnicas previstas para empreendimentos da área da saúde. Um dos pontos a
serem revistos, por exemplo, é a substituição dos rodapés de MDF, não
permitidos pela Vigilância Sanitária, e melhorias nos acabamentos de
gesso e pintura. Os trabalhos, segundo ele, estão em andamento.
Para entender
O município já tinha R$ 1 milhão garantido para a compra de
equipamentos para a UPA, mas a maioria dos aparelhos foi adquirida com
recursos próprios;
Como a verba não pode ser destinada a outro fim, a prefeitura
pretende solicitar um novo repasse de valor semelhante ao Estado, este
para aplicar nas obras do prédio de quatro andares atrás da UPA;
Após a conclusão desta edificação, a utilização da UPA deve ser
autorizada, pois terminariam as infiltrações de água que hoje
comprometem a estrutura térrea, onde está a unidade;
Mesmo assim, a administração avaliará a possibilidade de utilizar o
primeiro R$ 1 milhão, repassando equipamentos para outras Unidades
Básicas de Saúde (UBSs) da cidade. A intenção, dentro dos mecanismos
legais, é evitar ao máximo a devolução do dinheiro aos cofres estaduais.
Saiba mais
O carro-chefe da campanha de Roberto Lunelli para a prefeitura de
Bento Gonçalves nas eleições de 2008 começou a tomar forma três anos
depois. Em setembro de 2011, o ex-prefeito colocou, simbolicamente, o
primeiro tijolo da construção do então chamado Complexo de Saúde do
Trabalhador (CST). Desde 2009, a prefeitura iniciou tratativas em torno
da área onde está sendo erguido o CST – hoje batizado pela administração
de Guilherme Pasin como “Hospital do Povo” –, na rua Goiânia, bairro
Botafogo. Em dezembro de 2010, a Assembleia Legislativa aprovou a cessão
do terreno para o município. Em relação à questão financeira, o pedido
de recursos para construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), a
primeira parte das obras, iniciou ainda em 2009. O lançamento oficial do
CST aconteceu em cerimônia em dezembro de 2010, quando Lunelli
empolgou-se e prometeu obras ainda no primeiro trimestre de 2011.
Entretanto, a primeira parcela para a construção da UPA (R$ 260 mil) foi
liberada apenas quatro meses depois. O contrato entre a prefeitura e a
empresa vencedora da licitação para a execução da primeira fase do
projeto, a Engeporto Projetos e Construções Ltda, foi assinado no mês de
julho daquele ano. As obras seguiram até outubro de 2012, quando foram
suspensas em razão da grave crise financeira que atingiu o município. A
retomada aconteceu em abril deste ano, já com nova administração à
frente da prefeitura. Em razão do tempo em que estiveram paradas, alguns
reparos foram necessários, como controle da infiltração, tratamento
para o mofo, pinturas, acabamentos e substituição do mobiliário
danificado.
Fonte: www.serranossa.com.br - Reportagem: Jorge Bronzato Jr.
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