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domingo, 27 de abril de 2014

Tragédia da boate Kiss completa 15 meses

Neste domingo, a tragédia na Boate Kiss, que matou 242 pessoas, completa 15 meses. Familiares e amigos das vítimas participam de atos ecumênicos na Basilica da Medianeira, a partir das 19h, e na Igreja Nossa Senhora das Dores, no mesmo horário. Também, ocorre uma missa na Paroquia São Geraldo na cidade de Ijui.
Movimento “Luto à Luta” promove uma campanha de arrecadação de agasalhos. (Foto: Divulgação)  
A iniciativa é do Núcleo Missões. No centro da cidade de Santa Maria, o Movimento “Luto à Luta” promove uma campanha de arrecadação de agasalhos que tem como local a tenda localizada na calçada da antiga boate. Os donativos arrecadados serão distribuídos em entidades beneficentes.
 
Depoimentos

Depois do depoimento de Amanda Ruas Freitas, uma das sobreviventes da tragédia da Boate Kiss, na última sexta-feira, em Bagé, ainda falta ouvir o depoimento de outros três sobreviventes do incêndio. Eles serão ouvidos em audiência fora do Rio Grande do Sul.
 
As testemunhas residem, atualmente, nas cidades de Teresina no Piaui; Tubarão, 
em Santa Catarina e em Colombo, no Paraná. O titular do processo criminal é o juiz Ulysses Fonseca Louzada, que entra em mais uma etapa da ação: ouvirá as testemunhas de acusação e defesa.
 
A tragédia

O incêndio na boate Kiss – que ficava na Rua dos Andradas, Centro de Santa Maria – começou por volta das 2h30min da madrugada de 27 de janeiro de 2013. Dos jovens que participavam de uma festa organizada por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 242 morreram em decorrência do fogo.
 
Segundo testemunhas, o incêndio teria começado quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que acabara de subir ao palco, lançou um sinalizador. O objeto teria encostado na forração da casa noturna. As pessoas não teriam percebido o fogo de imediato, mas assim que o incêndio se espalhou, a correria teve início. Conforme relatos, os extintores posicionados na frente do palco não funcionaram.
 
Em pânico, muitos não conseguiram encontrar a única porta de saída do local e correram para os banheiros. Aqueles que conseguiram fugir em direção à saída, ficaram presos nos corrimãos usados para organizar as filas. 

A boate foi tomada por uma fumaça preta e as pessoas não conseguiam enxergar nada. A maioria morreu asfixiada dentro dos banheiros ou na parte dos fundos da boate.
 
* Correio do Povo

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Projeto da Lei Kiss é aprovado na Câmara dos Deputados

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (10)  com alterações, o Projeto de Lei 2020/07, da deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA), que estabelece novas regras de segurança e funcionamento para casas noturnas e estabelecimentos similares no País.

O texto aprovado traz alterações propostas, em julho do ano passado, pela comissão externa criada para acompanhar as investigações do incêndio ocorrido em janeiro de 2013, na boate Kiss, em Santa Maria.
Ele prevê que as legislação devem ser observadas por estabelecimentos com capacidade igual ou superior a 100 pessoas, ou em alguns casos específicos. Para se obter um alvará, será necessário, antes, ter o plano de prevenção de incêndio aprovado pelo Corpo de Bombeiros.
 
A lei também responsabiliza bombeiros, gestores e empresários pelo descumprimento das normas. A concessão do alvará é de responsabilidade do prefeito, que caso libere um estabelecimento sem plano de incêndio, poderá ser enquadrado no crime de improbidade administrativa.
 
Já a obrigatoriedade de seguros em casas noturnas foi retirada do texto. O projeto da Lei Kiss segue para o Senado. A bancada gaúcha tenta costurar um acordo para que ele não sofra alterações e seja votado nas próximas semanas.
Fonte: Câmara dos Deputados e informações do Jornal Diário Gaúcho

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Lei estabelece novos prazos para planos de prevenção

O incêndio da boate Kiss que vitimou 242 jovens, em Santa Maria completou um ano na segunda-feira, 27. Desde a tragédia diversas ações e discussões foram realizadas para definir o que poderia ser feito para garantir a segurança de pessoas no que se refere a prevenção de incêndios que frequentam locais como a casa noturna. Entre medidas está o decreto da Lei Complementar 14.376, de 26 de dezembro de 2013, pelo governador do Estado, Tarso Genro.

Com a nova regulamentação boates, clubes, salões estão buscando se adequar conforme a legislação determina. Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros em Bento, Paulo Damião Chiavenatto Noauls, os locais de concentração pública terão que se readequar, pois a nova legislação possui maiores exigências em relação a esses estabelecimentos. "A lei acolhe todos os itens de segurança que já estavam na legislação anterior, porém estão mais rígidos", revela.

Os empresários e diretores de clubes que protocolarem projetos a partir da publicação da lei terão o prazo de um a 48 meses para se adequarem.

sábado, 25 de janeiro de 2014

ONU cobra 'conscientização de riscos' em congresso de 1 ano da Kiss

Coordenador do Escritório das Nações Unidas redigiu texto sobre tragédia.
Leitura de carta foi antecedida por momento de choro e emoção.

Congresso começou neste sábado em Santa Maria (Foto: Estêvão Pires/G1) Redigida pelo coordenador do Escritório das Nações Unidas para Redução de Risco e Desastres, David Stevens, uma carta aberta aos familiares das vítimas e sobreviventes incêndio da boate Kiss pede que esforços de reconstrução no país leve em conta "alternativas menos vulneráveis". O texto ainda lembra que 144 municípios brasileiros já aderiram à campanha global "Construindo Cidades Resilientes", nas quais as administrações locais se comprometeram a trabalhar para que tragédias não se repitam.

"A tragédia ocorrida em Santa Maria deixou como legado a tristeza inescapável dos familiares e amigos das centenas de vítimas, e imagens que comoveram o mundo. A tragédia contribuiu também para uma reflexão nacional e tem inspirado ações de prevenção e resiliência, para que tal tragédia não se repita jamais, nem no Brasil nem em qualquer outro país do mundo", diz a carta da ONU.

"Esforços de reconstrução devem levar em conta estas experiências passadas para criar alternativas menos vulneráveis, mas preparadas, não só em termos de reconstrução dos espaços públicos, mas também no sentido de promover o conhecimento e a conscientização dos riscos em toda a sociedade", segue a carta.

Segundo as Nações Unidas, a campanha quer buscar transparência e tornar público todos os esforços na redução do risco de desastres para a sociedade monitorar avanços e "cobrar compromissos". O documento ainda ressalta que "ações simples de prevenção podem reduzir significativamente o risco e a gravidade de acidentes".

A carta foi divulgada durante o 1° Congresso Internacional Novos Caminhos - A Vida em Transformação, iniciado na manhã deste sábado (25), em Santa Maria. Feita pelo advogado Luis Fernando Smaniotto, um voluntário da Associação, a leitura foi antecedida por um momento de comoção no auditório do Centro Universitário Franciscano (Unifra). Durante o discurso da solenidade de abertura, o presidente da AVTSM, Adherbal Ferreira, chorou por pelo menos 20 minutos.

Adherba Ferreira, pai de vítima, não conteve a emoção (Foto: Estêvão Pires/G1)
"Esse laço lindo que tínhamos foi cortado. Você olha as fotos, lembra das viagens que fazia, dos primeiros passos da primeira fala, do quanto você dormiu. Meu Deus, que saudade. Amor incondicional. Nós pais lutamos pelo nosso conforto familiar. Agora, nós precisamos de muita fé para andar e viver. É uma dor atravessada no peito", disse ele, que é pai de uma das vítimas.
"Nosso domingo, principalmente, não presta mais. É difícil suportar um domingo. Todos nós temos essa dor. É a dor na alma da saudade. Precisamos viver para achar uma maneira nova, por isso o congresso 'novos caminhos'. Superação não. Vamos modificar ou transformar a vida. Pois lutamos pela verdadeira Justiça pra que nenhuma família volte a sofrer o que passamos. Precisamos ter muita fé e nos colocarmos no lugar do outro. Abraça teu irmão", seguiu Adherbal.

A comoção de Adherbal se estendeu a outros parentes de vítimas presentes no auditório, que até então estavam com semblante tranquilo, e demostravam mais preocupação em cobrar justiça. Alguns deixaram o local aos prantos logo após o discurso, e tiveram que ser amparados por voluntários da organização. Enquanto autoridades ocupavam uma tribuna montada para o congresso, um telão mostrava fotos dos 242 jovens vítimas da tragédia que vai completar um ano nesta segunda-feira (27).

Entenda

O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013. A tragédia matou 242 pessoas, sendo a maioria por asfixia, e deixou mais de 630 feridos.

O fogo teve início durante uma apresentação da banda Gurizada Fandangueira e se espalhou rapidamente pela casa noturna, localizada na Rua dos Andradas, 1.925.

O local tinha capacidade para 691 pessoas, mas a suspeita é que mais de 800 estivessem no interior do estabelecimento. Os principais fatores que contribuíram para a tragédia, segundo a polícia, são: o material empregado para isolamento acústico (espuma irregular), uso de sinalizador em ambiente fechado, saída única, indício de superlotação, falhas no extintor e exaustão de ar inadequada.

Ainda estão em andamento dois processos criminais contra oito réus, sendo quatro por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e tentativa de homicídio, e os outros quatro por falso testemunho e fraude processual. Os trabalhos estão sendo conduzidos pelo juiz Ulysses Fonseca Louzada. Sete bombeiros também estão respondendo pelo incêndio na Justiça Militar. O número inicial era oito, mas um deles fez acordo e deixou de ser réu.

Entre as pessoas que respondem por homicídio doloso (com intenção), na modalidade de "dolo eventual", estão os sócios da boate Kiss, Elissandro Spohr (Kiko) e Mauro Hoffmann, além de dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o funcionário Luciano Bonilha Leão. Os quatro chegaram a ser presos nos dias seguintes ao incêndio, mas a Justiça concedeu liberdade provisória aos quatro em maio do ano passado. Entre os bombeiros investigados, está Moisés da Silva Fuchs, que exerceu a função de comandante do 4° Comando Regional de Bombeiros (CRB) de Santa Maria.

Atualmente, a Justiça está em fase de recolher depoimentos dos sobreviventes da tragédia. O próximo passo será ouvir testemunhas. Os réus serão os últimos a falar sobre o incêndio ao juiz. Quando essa fase for finalizada, Louzada deverá fazer a pronúncia, que é considerada uma etapa intermediária do processo.
Se o magistrado "pronunciar" o réu, ele vai a júri (a pronúncia é a ordem para ir a júri). Outra possibilidade é a chamada desclassificação, quando o juiz não manda o réu para júri, mas reconhece que houve algum tipo de crime. Nesse caso, a causa será julgada sem júri. Também existe a chance de absolvição sumária dos réus. Em todas as hipóteses, cabe recurso.

No âmbito das investigações, três delas estão sendo conduzidas pela Polícia Civil. Além dos documentos sobre as licenças concedidas à boate Kiss, um inquérito apura as atividades da empresa Hidramix, responsável pela instalação de barras antipânico na boate, e outro analisa uma suposta fraude no documento de estudo de impacto na vizinhança do prédio onde ficava a casa noturna. O Ministério Público, por sua vez, investiga as responsabilidades de servidores municipais na tragédia.

Boate Kiss: tragédia é apurada em processo com mais de 11 mil páginas

Na próxima segunda-feira (27/01) completa-se um ano do incêndio trágico na boate Kiss, em Santa Maria. Naquela madrugada, a danceteria sediava uma festa universitária quando o fogo tomou conta das dependências do estabelecimento, causando a morte de 242 pessoas e deixando mais de 600 feridas. No Judiciário Gaúcho, há mais de um processo apurando o caso. O principal deles, com mais de 11 mil páginas, tramita na 1ª Vara Criminal da Comarca de Santa Maria e é conduzido pelo Juiz de Direito Ulysses Fonseca Louzada.
 
Nele respondem quatro acusados de homicídio tentado e consumado - que são os sócios da Kiss, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, e os músicos da Banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão. A banda se apresentava no palco da boate no momento em que o fogo começou. A suspeita é a de que o artefato pirotécnico utilizado pelo grupo tenha entrado em contato com a espuma do teto do local e sido a causa do fogo.
 
Os réus tiveram a prisão temporária decretada em 31 de janeiro de 2013 e a preventiva em 01 de março do ano passado. No dia 29 de maio, a 1ª Câmara Criminal do TJRS revogou a prisão e os quatro passaram a responder à Justiça em liberdade.
 
Andamento
 
O processo está em fase de instrução (produção de provas e oitiva de testemunhas). Até o momento, foram realizadas 24 audiências e ouvidos 92 sobreviventes. A defesa de um dos réus solicitou a inquirição de mais 25 vítimas, o que ainda deverá ocorrer.
 
Depois disso, o magistrado passará a ouvir outras pessoas, como testemunhas e peritos.  Para tanto, são marcadas novas audiências.
 
Alguns depoentes residem fora da Comarca de Santa Maria, sendo expedidas, neste caso, as cartas precatórias. 
 
Cisão
 
Em 03 de junho também do último ano, o processo criminal foi dividido. Os réus Elton Cristiano Uroda e Volmir Astor Panzer respondem pelo crime de falso testemunho em outra ação judicial (2130006199-2). O mesmo acontece com Gerson da Rosa Pereira e Renan Severo Berleze, acusados de cometer fraude processual (2130006197-6). Todos tramitam na 1ª Vara Criminal de Santa Maria e encontram-se em fase de instrução. Renan aceitou a suspensão condicional do processo e deverá cumprir uma série de condições propostas pelo MP. Caso descumpra as determinações durante o andamento processual, ele voltará a configurar como réu.
 
Coleta de amostras
 
O Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP/RS) deverá realizar uma coleta de amostras no interior do prédio onde funcionava a boate Kiss. A inspeção ainda não tem data marcada e deverá acontecer somente após o retorno do Juiz titular do processo, que está de férias. A pedido da defesa de um dos réus, o Juízo de Santa Maria permitiu o acesso de uma pessoa e de um assistente técnico, representando cada uma das partes, durante a diligência do IGP/RS.
 
Limpeza do local
 
O Juiz Ulysses Louzada avalia o pedido de reconstituição do fato no local (reprodução simulada) e determinou a limpeza/descontaminação do prédio.  Através de acordo com a Promotoria Especializada do Meio Ambiente e com a FEPAM, a empresa proprietária do imóvel (Eccon Empreendimentos) assumiu a tarefa, que já está sendo realizada.
 
Arquivados
 
Em julho (18/07/13), a 4ª Câmara Criminal do TJRS acolheu o pedido do MP e determinou o arquivamento de expediente que investigava a responsabilidade do Prefeito de Santa Maria Cezar Augusto Schirmer no caso.
 
Já no final do ano (02/12/13), os Desembargadores do Órgão Especial do TJRS votaram pelo arquivamento da Notícia-Crime formulada pela defesa de Elissandro Callegaro Spohr contra o Promotor de Justiça Cível da Comarca de Santa Maria Ricardo Lozza. Spohr alegou que houve omissão por parte do Ministério Público, do Corpo de Bombeiros e da Prefeitura Municipal, o que contribuiu para a tragédia.
 
Ação coletiva
 
A Defensoria Pública do Estado e a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) ajuizaram Ação Coletiva indenizatória contra os sócios da boate, Município de Santa Maria, Governo do Estado do Rio Grande do Sul e outros. Este processo está aguardando a citação de todos os réus e é conduzido pela Juíza de Direito Eloisa Helena Hernandez de Hernandez na 1ª Vara Cível da Comarca.
 
Fonte: TJ-RS

Um ano depois, odor e peregrinação alteram rotina de vizinhos da Kiss

Um pequeno trecho dos 2,7 km de extensão da Rua dos Andradas, em Santa Maria, foi o cenário da maior tragédia da história do Rio Grande do Sul. Entre a Rua André Marques e a Avenida Rio Branco, o incêndio na boate Kiss causou, além de 242 mortes, debandada de moradores e estabelecimentos.
 

Pedestre passa por área isolada por cones em frente ao prédio onde funcionava a boate Kiss na Rua dos Andradas, em Santa Maria (Foto: Felipe Truda/G1) Entre os que ficaram, há quem ainda sinta em dias de chuva, um odor desagradável vindo do prédio onde funcionava a casa noturna. É um odor forte", conta a aposentada Nelsi Boessio Pigatto, de 68 anos, moradora do prédio à esquerda da antiga boate, no Centro da cidade. "Não vou te dizer que é de podridão, mas não é uma coisa normal. Caiu o fio da calçada, quando chove a água escoa toda por ali. (O cheiro) deve ser dali, deve estar contaminado", acrescenta.
 
Da esquina com a Rio Branco é possível ver os dois letreiros da Kiss na fachada, quase toda de madeira, à exceção de uma grande placa de metal lilás sobre a marquise da porta por onde centenas de jovens lutaram para fugir do fogo e da fumaça na madrugada de 27 de janeiro de 2013.

Após a tragédia, porta e as janelas que foram cobertas por tapumes de madeira foram ornamentados com cartazes, fotos e até peças de roupas que pertenciam a vítimas. Mesmo quase um ano depois do incêndio, flores e imagens religiosas ocupam parte do pequeno trecho descoberto da calçada, obrigando os pedestres circularem por um caminho improvisado por cones de sinalização.

A ordem de manter a construção intacta é da Justiça. Ainda neste ano serão realizadas a limpeza e a retirada dos escombros. Alguns materiais ainda serão recolhidos para perícia. O juiz que cuida do processo ainda pode pedir uma reconstituição no local. Mas a quantidade de materiais tóxicos ainda é um entrave. Uma das opções estudadas é a de usar um software para realizar uma reconstituição virtual.

Apesar de não haver muitos moradores por ser uma área mais comercial, o trecho da Andradas onde ficava a Kiss tem tráfego intenso de veículos nos horários de pico, por dar acesso à Rio Branco, uma das principais vias da cidade. Da janela de frente do prédio, a aposentada conta já ter visto colisões entre veículos porque os motoristas reduzem a velocidade para observar a fachada da casa noturna. "De vez em quando dá batida", diz.

Muitos jovens habitavam o prédio vizinho à boate, e na maioria dos casos moravam de aluguel. Grande parte deixou os apartamentos após a tragédia. "Os que moravam aqui se mudaram na outra semana. Saíram dois ou três, que moravam bem do meu lado, mais um casal e alguns estudantes", contou.

A Kiss ficava entre o prédio onde Nelsi mora e outra construção, que está abandonada. Do outro lado da rua, um supermercado cujo acesso se dá por outra rua e o estacionamento do local, onde corpos de vítimas foram perfilados na madrugada de 27 de janeiro, ocupam quase toda a extensão da quadra. Há ainda um estacionamento, um clube e algumas casas.

A tragédia marcou as vidas dos moradores. Poucos aceitam falar sobre o assunto. O designer gráfico Carlo Pozzbon de Moraes, de 26 anos, conta que trabalhava em casa durante a madrugada quando ouviu o tumulto frente à boate da boate por volta das 3h. Acordou o irmão, o publicitário Lucio Pozzobon de Moraes, de 22 anos, que dormia após chegar de uma festa, e os dois foram para a frente de casa auxiliar alguns sobreviventes. "No que descemos, veio um pessoal nos pedir água. Perguntamos o que houve e um rapaz explicou que acenderam o sinalizador ali dentro e pegou fogo e que muita gente não conseguia sair. Minha mãe sempre guarda garrafas de água para fazer gelo. Descemos com várias garrafas para dar ao pessoal", lembra.

Moradores e comerciantes da quadra evitam falar sobre a tragédia. Estabelecimentos deixaram o trecho da Rua dos Andradas em Santa Maria.

Pedestre passa por área isolada por cones em frente ao prédio onde funcionava a boate Kiss na Rua dos Andradas, em Santa Maria

Pedestre passa por área isolada por cones em frente ao prédio onde funcionava a boate Kiss na Rua dos Andradas, em Santa Maria 

Um pequeno trecho dos 2,7 km de extensão da Rua dos Andradas, em Santa Maria, foi o cenário da maior tragédia da história do Rio Grande do Sul. Entre a Rua André Marques e a Avenida Rio Branco, o incêndio na boate Kiss causou, além de 242 mortes, debandada de moradores e estabelecimentos. Entre os que ficaram, há quem ainda sinta em dias de chuva, um odor desagradável vindo do prédio onde funcionava a casa noturna.

Desta segunda (20) até sexta-feira (24), o G1 conta como vivem sobreviventes e familiares de vítimas e o que mudou na lei, nos hábitos e na vida das pessoas um ano depois do incêndio na Kiss.

A família continuou envolvida com a tragédia. Professora de língua portuguesa, a mãe de Lucio e Carlo, Marta Pozzobon de Moraes, perdeu ex-alunos. O pai, o engenheiro civil Glenio Braga de Moraes, contabiliza que entre as vítimas havia cerca de 20 conhecidos, entre elas dois familiares. "Ou eram ex-alunos de Marta, ex-colegas dos guris, ou conhecidos nossos. Da família, perdemos dois, o filho de um primo do pai de Marta e também o filho de uma prima por parte de minha mãe", diz Glenio.

Por pouco, não perderam um sobrinho que frequentava a casa noturna. “Se marcassem uma missa na Kiss ele iria. Mas ele havia ido a uma festa na noite anterior e bebeu demais, então a mãe não o deixou sair naquela noite", conta o engenheiro.

Desde então, a família relata que excursões de ônibus de outras cidades vêm a Santa Maria e visitam o prédio. Alguns pais ainda vão ao local. Glenio conta que todo o domingo um pai de uma vítima aparece em frente à construção, aparentemente embriagado, e grita pela morte do filho. "A mesma dor que eles sentiram, nós, como pais, e os guris, como amigos, também sentimos. É só se colocar no lugar dos outros. E acima de tudo temos de ter fé, não tem outra saída agora", lamenta Marta.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Governador reúne-se com familiares das vítimas da boate Kiss

O governador Tarso Genro reuniu-se com a associação dos familiares das vítimas da boate Kiss, na manhã desta quinta-feira (12), durante a Interiorização em Santa Maria. De acordo com o chefe do Executivo, o grupo fez observações sobre os processos e o inquérito policial.

"Foi uma reunião dolorosa, mas eu vim para escutar. Eles fizeram uma série de observações sobre os processos, manifestarando insatisfação. Assim como demonstraram uma grande satisfação com relação ao inquérito policial", disse Tarso. Durante o encontro, ainda foi confirmada uma nova reunião em janeiro para avaliar que outros tipos de acompanhamento são necessários. "Nós não temos nenhuma preocupação em encobrir omissão, ação ou imperícia de qualquer órgão público ou indivíduo do poder público", afirmou.

O Governo do Estado realizou ações emergências, garantiu a atenção aos serviços ambulatoriais, criou o Grupo Gestor de cuidado às famílias das vítimas. Além de assinar um Termo de Ajustamento de Conduta que aumentou o repasse de recursos para o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), garantindo o atendimento às vítimas, através da contratação de pessoal via Fundação de Apoio Tecnológico e Ciência (Fatec).

Para dar suporte aos parentes das vítimas da tragédia foi criada a Associação Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). "Este era um momento de reconhecimento do nosso trabalho e uma explicação do Estado, e nós tivemos. Queremos que daqui para frente as coisas se modifiquem para melhor", afirmou Adherbal Ferreira, presidente da associação que foi criada oficialmente em 23 de fevereiro em assembléia realizada no Colégio Marista Santa Maria.

O incêndio na Boate Kiss ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro, 242 pessoas morreram e outras 116 ficaram feridas. O fato gerou repercussão mundial.
 
Fonte: Palácio Piratini

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Tragédia da boate Kiss completa sete meses

Tragédia em Santa Maria foi uma das maiores no Estado (Foto: Divulgação) Completa nesta terça-feira, 27, sete meses a tragédia da boate Kiss em Santa Maria que deixou 242 pessoas mortas. Durante o dia uma programação especial vai ocorrer para lembrar as vítimas.
  A cavalgada em homenagem às vítimas da Kiss chegou nesta segunda-feira ao município após sair de São Gabriel, na sexta-feira. No caminho, de 140km, os cavaleiros passaram por fazendas onde residem pais que perderam filhos no dia 27 de janeiro.
A programação de hoje conta com passeata de pais e cavaleiros até a boate, missa, caminhada em homenagem a voluntários que participaram do atendimento às vítimas e culto ecumênico.

Fonte: www.leouve.com.br

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

STJ nega pedido contra sócio da Boate Kiss

O Superior Tribunal de Justiça negou pedido liminar em habeas corpus a Elissandro Callegaro Spohr, sócio da Boate Kiss. A defesa pedia a suspensão do processo criminal movido contra ele.  Spohr, que chegou a ser preso preventivamente, foi denunciado como participante dos fatos que levaram ao incêndio na casa noturna, em Santa Maria no Rio Grande do Sul, em 27 de janeiro último.
 
A tragédia, matou 242 pessoas e feriu outras 116, começou depois que um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira que se apresentava na boate em uma festa para universitários, acendeu um sinalizador. A defesa recorreu ao STJ, contra entendimento da justiça gaúcha, alegando que a decisão de desmembramento do inquérito policial não caberia ao delegado nem ao juiz de primeiro grau, mas apenas ao juízo competente – no caso, o próprio tribunal estadual.
 
Segundo a decisão do STJ que negou a liminar, não se verifica, no caso, constrangimento ilegal ou abuso de poder a cercear a liberdade de locomoção de Spohr. Além disso, o pedido do habeas corpus exige um exame mais aprofundado das circunstâncias que levaram ao desmembramento do inquérito, o que ainda vai ser decidido pela Sexta Turma do STJ. 

sábado, 27 de julho de 2013

Manifestação lembra seis meses de tragédia da Kiss

Este sábado é marcado pelos seis meses da maior tragédia do Estado (Foto: Divulgação)Familiares e amigos das vitimas da tragédia da boate Kiss, ocorrida em 27 de janeiro, retornam neste sábado às ruas de Santa Maria para lembrar os seis meses do incêndio que matou 242 pessoas. O sinistro é considerado a segunda maior tragédia no Brasil em número de vítimas em um incêndio, sendo superado apenas pela tragédia do Gran Circus Norte Americano, ocorrida em 1961, que vitimou 503 pessoas.
 
As características da tragédia de Santa Maria foram comparadas às do incêndio ocorrido na Argentina, em 2004, na discoteca República Cromañón, que tirou a vida de jovens que na sua maioria eram universitários.

Papa diz que, na cruz, Jesus se une a jovens que perderam a confiança em suas instituições políticas

Em um discurso que misturou o português e o espanhol e se seguiu à Via Sacra, na Praia de Copacabana, o papa Francisco disse que, na cruz, Jesus se une às mais diversas vítimas de violência, intolerância e desigualdade. "Jesus se une a quem é perseguido por sua religião, por suas ideias ou simplesmente por sua cor da pele. Jesus se une aos jovens que perderam a confiança em suas instituições políticas por causa da corrupção e do egoísmo". 

O papa lembrou ainda de diversos problemas que afligem a juventude e, como o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, fez na missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude, na terça-feira (17), mencionou as vítimas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
 
"Jesus se une ao sofrimento das vítimas da violência que já não podem gritar, sobretudo aos indefesos. Jesus se une às famílias que se encontram em dificuldade pela perda trágica de seus filhos. Jesus encontra os jovens vítimas no incêndio de Santa Maria, no princípio deste ano. Rezamos por eles", disse o papa, que fez uma pausa e foi aplaudido.
 
Francisco perguntou aos jovens brasileiros sobre o que eles deixaram ao tocar na Cruz Peregrina, que esteve no país por dois anos, e o que a cruz deixou neles. Por fim, disse que a cruz convida os homens a saírem de si mesmos e ir ao encontro dos necessitados.
 
Após a fala do papa, a programação da jornada continuou com shows e os apresentadores pediram que o público continuasse para evitar transtornos na saída de Copacabana.

Fonte: Agência Brasil