
Bullying é uma palavra
utilizada principalmente para atos agressivos, violência física ou
psicológica, de forma sempre repetida. A maior parte dos casos de
bullying ocorre, em geral, dentro dos muros da escola ou até mesmo por
meio da internet em redes sociais. Geralmente as vítimas do bullying
escolar são qualquer criança que tenha alguma característica que o deixe
em desvantagem ou que não seja valorizada pelo grupo é uma vítima em
potencial para bullying. Trata-se de uma violência moral que afeta mais
os que não têm mecanismos para se defender e que acabam aceitando
passivamente a situação, pois não conseguem reagir. As vítimas, em
geral, são aquelas crianças que não se posicionam, as mais tímidas, às
vezes com características mais diferentes que geram descriminação por
causa da etnia, raça ou que tem algum problema físico, por exemplo. O
bullying desmoraliza, desvaloriza, então, são crianças com alguma
característica que leva o agressor a atormentar.
O bullying
acontece em vários ambientes: no clube, no trabalho e até entre
familiares, mas o que ocorre no contexto escolar é mais conhecido e
divulgado. As características dos envolvidos, no entanto, tendem a ser
semelhantes. Os agressores tendem a ser impulsivos, a ter maior
capacidade de liderança e ascensão dentro do grupo, trazem de casa
modelos agressivos e os vê como qualidades. Geralmente são populares,
manipuladores, têm opinião positiva sobre si e são fisicamente maiores e
mais fortes que suas vítimas. O agressor é alguém que não se importa
tanto como a vítima. Ele usa o bullying para se autoafirmar e, às vezes,
para se posicionar dentro do grupo. Além do agressor e da vítima, há
também a testemunha, aqueles que testemunham toda a situação, mas não se
posicionam por temerem se tornar a próxima vítima.
A criança
pode sofrer prejuízos emocionais do bullying na escola, os sinais podem
ser depressão, irritação, baixa autoestima, medo, vergonha, queda no
rendimento escolar, retraimento social, infelicidade, ansiedade,
alterações do sono ou apetite. Além disso, há a tristeza, recusa em ir à
escola ou mesmo o descontentamento na hora de ir. A recusa pode ser
diretamente expressa ou velada por meio de sintomas físicos, como dores
de barriga ou de cabeça por exemplo. Uma dica para pais verificarem se
seus filhos têm sido vítimas de bullying é ficar de olho em alguma
apatia ou comportamento atípico quanto à escola, pois os danos sociais e
psicológicos são muito grandes.
Ao identificarem o filho como
vítima do bullying escolar, a primeira atitude dos pais é tentar
conversar com a criança para tentar identificar a dor dela e depois
procurar a escola para fazer um trabalho conjunto para ampará-la. É
preciso também fazer um trabalho de prevenção, mostrar como é inadequado
esse comportamento. Conversar com a direção, professores e equipe
escolar e pedir auxílio e intervenção deles são algumas das orientações.
Os pais devem ainda aproximar-se dos filhos, dialogar bastante,
trabalhar a resiliência da criança, instrumentalizando-a para lidar com
a questão. Alguns pais acreditam em treinar seus filhos para revidar,
responder a agressão e por vezes acabam repreendendo os filhos por não
se defenderem. Isso é gravíssimo, causa um dano emocional enorme na
criança. É recomendável em alguns casos, a ajuda de um psicólogo para
orientar e dar suporte a criança e família.
O agressor carrega
uma série de conflitos dele e, por isso, a família deve estar sempre
atenta ao seu comportamento. Ele sofre bastante, mas outro tipo de
sofrimento onde ele descarrega toda a carga negativa em outra pessoa. A
família, junto à escola, deve ampará-lo. Já alguns pais não conseguem
admitir falhas ou defeitos em seus filhos e por isso preferem culpar os
outros mesmo quando têm a consciência de que estão errados. Os
agressores geralmente trazem de casa um modelo impróprio, valores
invertidos ou liberam no ambiente escolar as tensões trazidas do
contexto familiar.
Muitas vezes a escola não está preparada para
lidar com o assunto. O que ela deve fazer é um trabalho de
conscientização dentro das salas e também nos pátios, nos intervalos. E,
ao menor sinal de que isto esteja acontecendo, deve atuar de imediato. É
preciso também fazer um trabalho de prevenção para mostrar o quanto
inadequado é esse comportamento.
Nestas situações de bullying
escolar, é comum que as crianças omitam uma série de informações
extremamente importantes e que, por isso, pais devem colher todas as
informações que conseguirem por menores que sejam. Anote-as
preferencialmente e leve à direção da escola. Agende uma reunião com a
diretoria. Não precisa falar com a criança agressora, afinal, os pais
são os responsáveis por ela. Ao chegar à escola seja o mais discreto
possível. Faça a exposição de fatos e verifique quais serão os
procedimentos adotados para que o problema seja solucionado. Demonstre
interesse.
Karina Petroli
Psicóloga Clínica
CRP 07/20405
(54) 9105.6877