Licitação para concluir unidade de saúde com paredes forradas de isopor já foi lançada
Além da demora na construção em um formato inicialmente apresentado
como de rápida conclusão, o custo final também não representará vantagem
com relação ao modelo tradicional, em alvenaria. Segundo a secretaria
municipal da Saúde (SMS), os gastos com apenas uma unidade podem superar
R$ 700 mil, bem superior à estimativa para erguer um posto
completamente em tijolos, que é de R$ 450 mil.
A obra de outra UBS, no bairro Fenavinho, que era a segunda mais
adiantada, não será acabada. As paredes de lata já erguidas serão
desmontadas e a estrutura será reaproveitada pelo Poder Público, mas não
para atendimento em saúde. O destino mais provável é a reutilização
para construção de algum depósito para departamentos, situação que
também se aplicará para o restante do material, que seria empregado nos
novos postos dos bairros Vila Nova e Tancredo/Conceição, e que também já
está estocado. Nos casos de São Pedro e Vale dos Vinhedos, os espaços
seguirão sendo utilizados somente pelas subprefeituras. As outras três
UBSs deverão ser concluídas em alvenaria, mas ainda não têm previsão
para licitação e serão conduzidas de forma individual.
Os trabalhos no bairro Cohab 2 devem se estender até o final de
novembro. A intervenção mais cara será o revestimento das paredes
internas com gesso acartonado: quase R$ 53 mil. “Com certeza, ela terá
uma vida útil bem menor, mas esperamos que valha o investimento que
faremos nessas adequações”, diz o secretário de Saúde, Roberto Miele.
Ele estima que, para funcionar, a unidade necessite de uma equipe de, no
mínimo, 10 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e outros
servidores. “Antes de abrir, teremos uma nova vistoria”, completa.
De acordo com a prefeitura, a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde
teria recebido, há três anos, os projetos originais das UBSs em
alvenaria. No edital da licitação lançada nesta semana, um dos
documentos do projeto, datado de 2011, indica justamente que esse seria o
procedimento adotado.
A administração passada, contudo, acabou optando pelo novo formato,
para o qual buscaria aprovação depois. Mesmo antes da conclusão das
obras, a Vigilância Sanitária condenou os empreendimentos, que não
teriam as condições mínimas para oferecer atendimento em saúde à
comunidade bento-gonçalvense. Entre os problemas verificados, estão a
vulnerabilidade a eventos climáticos, eletrodutos aparentes, falta de
acabamento entre paredes, forros e pisos, e uso de isopor na composição
da estrutura, material altamente inflamável e tóxico em caso de
incêndio.
Os recursos
A previsão inicial de custos para a construção das UBSs de lata era
de aproximadamente R$ 3 milhões. Deste total, R$ 1,2 milhão viria do
governo federal, mas até agora houve apenas um repasse de R$ 120 mil,
equivalente a 10%. Uma segunda parcela só deve chegar quando as obras
estiverem adiantadas, com pelo menos 65% dos trabalhos concluídos.
R$ 4 mil mensais
Na última semana, o SERRANOSSA publicou uma reportagem que apontava o
gasto de quase R$ 140 mil mensais – um total de R$ 1,7 milhão por ano –
pela administração municipal para manter imóveis alugados para
funcionamento de departamentos públicos. Um dos locais, segundo a
relação do Executivo, seria destinado à manutenção de materiais de
construção das unidades de saúde, ao custo de R$ 4 mil mensais. A
prefeitura não soube confirmar, entretanto, se o pagamento diz respeito
ao espaço em que estão estocadas as estruturas que seriam utilizadas
para implantação dos novos postos.
Reportagem: Jornal SerraNossa - Jorge Bronzato Jr.