Ao abrir dezembro, o Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado no
próximo domingo, 1º, traz consigo um dado que reforça ainda mais a
necessidade de prevenção e detecção precoce da doença em Bento
Gonçalves: sem contabilizar o último mês do ano, 2013 já superou 2012 –
que teve 35 novos casos –, com 38 confirmações.
Os números são do setor de Vigilância Epidemiológica da secretaria
municipal da Saúde (SMS), e apresentam, novamente, uma elevação
significativa com relação à média histórica, que desde 2000, fica em
torno de 25 registros por ano. O maior volume de incidências está na
faixa dos 30 aos 39 anos, que detém, ao longo desse período, 55% do
total.
Desde 1997, ocorreram 87 mortes por Aids, no município, cinco delas
no ano passado. De lá para cá, 2008 – que tem o recorde de confirmações
da doença na cidade, com 47 – é o ano que aparece com o maior total de
óbitos, com 10 mortes. Em 2013, são 3.
A lista das prováveis formas de contágio em Bento mostra que, com
36,5%, os relacionamentos heterossexuais sem proteção lideram o ranking.
Os envolvimentos homossexuais ou bissexuais surgem com uma parcela bem
menor, de 3,7%. Os usuários de drogas representam pouco mais de 24%.
“Mesmo assim, é difícil convencer as pessoas que não se trata de uma
epidemia de classes”, ressalta o coordenador do setor, José Antônio
Rodrigues da Rosa.
Ele aponta que é importante considerar que o uso de entorpecentes, em
muitas ocasiões, dá origem a efeitos secundários, como a prática sexual
sem prevenção. “Esse cenário favorece a transmissão do vírus HIV. Se
não pensarmos nisso, estaremos subestimando nossa realidade social”,
analisa.
Resistência
Coordenadora do Serviço de Atendimento Especializado/Centro de
Testagem e Aconselhamento (SAE/CTA), a enfermeira Adriana Cirolini
afirma que o medo de ter um diagnóstico positivo ainda dificulta uma
aproximação com muitas pessoas que podem estar com Aids. “Muitos ainda
têm resistência até mesmo para buscar informações sobre o assunto. Mas é
importante saber que quanto antes for detectado, mais tempo e qualidade
de vida esse paciente pode ter. Não é pelo HIV que ele será uma pessoa
diferente de outras na sociedade”, destaca.
Para dar atenção aos casos diagnosticados como positivos, o SAE/CTA
dispõe de uma equipe multidisciplinar que envolve, além dos
profissionais médicos, áreas de enfermagem, nutrição, psicologia e
assistência social. “Nosso principal objetivo é criar um bom vínculo com
eles, porque são situações delicadas”, completa Adriana. Entre os
registros de HIV, que é a presença do vírus no organismo, e Aids, em que
já há manifestação de sintomas, o órgão atende a cerca de 500 pessoas.
Dia Mundial
Neste ano, assim como já ocorreu em 2012, a equipe do SAE/CTA não
promoverá atividades sobre o Dia Mundial de Combate à Aids com a
instalação de uma tenda no Centro para distribuição de panfletos e
orientações. A estratégia adotada pelo departamento é ir a algumas
Unidades Básicas de Saúde (UBSs) dos bairros e oferecer capacitações
para as equipes, palestras e testes rápidos para a comunidade, também de
forma sigilosa. “Agindo assim, temos um impacto muito maior, porque
antes inibia as pessoas”, afirma Adriana. As ações já iniciaram há
algumas semanas. Os trabalhos também abrangem visitas a empresas da
cidade. Em breve, todas as UBSs receberão kits para a realização dos
testes rápidos.
Números em Bento
*38 novos casos de Aids em 2013
*Faixa etária com mais incidência: 30 a 39 anos (entre 2000 e 2012 chega a 55%)
*Principal forma de contágio: relacionamento heterossexual sem proteção (36,5% dos casos)
*Mortes desde 1997: 87 (5 delas em 2012 e 3 em 2013)
*Faixa etária com mais incidência: 30 a 39 anos (entre 2000 e 2012 chega a 55%)
*Principal forma de contágio: relacionamento heterossexual sem proteção (36,5% dos casos)
*Mortes desde 1997: 87 (5 delas em 2012 e 3 em 2013)
Testes ao meio-dia
Na próxima quinta-feira, dia 5, o SAE/CTA estará oferecendo, pela
última vez em 2013, a testagem para HIV também ao meio-dia, para
facilitar o acesso ao serviço por quem possui menos disponibilidade de
horários. A verificação inclui ainda exames para sífilis e hepatites B e
C, todos com resultados em até 15 minutos. Em março, o horário
alternativo retorna, sempre na primeira quinta-feira de cada mês. Os
horários normais para os testes são das 8h às 15h30 e das 13h30 às
15h30, mediante agendamento.
Para um resultado mais efetivo, a coordenadora do SAE/CTA, Adriana
Cirolini, explica que é necessário considerar uma janela imunológica de
pelo menos 30 dias entre uma possível situação de risco, em que pode ter
havido exposição ao vírus, e o exame. Em casos nos quais há um
intervalo de tempo menor, a indicação é pela repetição do teste no mês
seguinte. O SAE/CTA fica na rua Goiânia, 126, no bairro Botafogo. O
telefone do departamento é (54) 3453 2578.
Jornal SerraNossa - Reportagem: Jorge Bronzato Jr.
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