Audiência em Bento acontece até novembro,
com expectativa de que projeto seja encaminhado
Ainda em 2013, deve ser dado mais um importante passo para que o
Trem Regional ligando Bento Gonçalves a Caxias do Sul, passando por
Garibaldi, Carlos Barbosa e Farroupilha, possa começar a finalmente
entrar nos trilhos. Em novembro, provavelmente no dia 25, uma audiência
pública será realizada no município, com a presença de representantes do
Ministério dos Transportes, da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT) e do Laboratório de Transportes e Logística
(LabTrans), responsável pelos estudos de viabilidade.
O objetivo do encontro é aproximar a comunidade local da proposta de implantação de um novo modelo
para o transporte de passageiros, que começou a ser rediscutida há pelo
menos seis anos. Antes da audiência, no próximo dia 3 de setembro, em
Brasília, ocorre uma nova reunião do Conselho Consultivo
do Grupo de Trabalho Trens de Passageiros, do qual participa o
secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana de Bento Gonçalves,
Mauro Moro. Na oportunidade, o trecho serrano, considerado o mais
adiantado, também deve voltar à pauta do debate.
A etapa posterior à audiência, entre o final deste ano e os primeiros
meses de 2014, deve ser a mais significativa para que o empreendimento
realmente avance. É nessa fase que a expectativa e a cobrança pela
realização do projeto executivo deverão ser intensificadas. A principal
possibilidade, segundo Moro, é a de que a ação seja encaminhada
abrangendo também a conexão Londrina-Maringá, no Paraná, outra que está
em estágio avançado. “Temos que começar por algum desses dois pontos,
para mostrar que essa proposta tem credibilidade. Eu acredito que inicie
pela Serra, ou talvez pelos dois juntos, o que também seria muito bom. O
que posso garantir é que o nosso projeto é visto com bons olhos pelo
governo”, afirma.
Estimativa de R$ 255 milhões
A primeira estimativa de custos para implantação do trem regional na
Serra aponta para investimentos de mais de R$ 255 milhões. Iniciadas as
obras, o prazo para conclusão deve ser de três anos.
Quatro estações e R$ 68 milhões
Caberá à administração municipal
promover a interligação do modal de transporte coletivo já existente –
ônibus urbanos – com o novo. De acordo com o secretário, a projeção é de
que Bento Gonçalves tenha, no mínimo, quatro estações para os futuros
passageiros do sistema ferroviário. Além de uma localizada próxima à
única estrutura já existente, que continuaria sendo ocupada pelo trem
turístico Maria Fumaça, outras três poderão ser instaladas em áreas como
a região norte da cidade – contemplando o bairro São Roque e arredores
–, as redondezas do Campus Universitário da Região dos Vinhedos
(Carvi/UCS) e, por fim, a região próxima ao bairro Santo Antão.
A prefeitura já se cadastrou junto ao Ministério das Cidades,
manifestando interesse em financiamentos que podem chegar a R$ 68
milhões para investimentos em adequações que permitam acolher o Veículo
Leve sobre Trilhos (VLT) na zona urbana. Nesse montante, também já
estaria incluída uma possível ligação com o distrito de Tuiuty, mas tudo
ainda de forma incipiente. “Precisamos começar a pensar em mudar nosso
perfil. O que faz uma cidade andar bem é o transporte coletivo”,
argumenta Moro.
Detalhes da proposta
Duas possibilidades de traçado para o trem regional foram avaliadas
nos estudos de viabilidade elaborados pelo LabTrans. A primeira prevê o
uso da rota original, com 62,5 quilômetros e unindo as cinco cidades da
Serra. Porém, como envolve, em sua maioria, curvas com raios menores a
200 metros, esta possibilidade não permitiria velocidade média superior a
30km/h, considerada baixa para os padrões atuais. Outro aspecto
avaliado negativamente é o fato de não haver ligação direta entre os
dois principais polos geradores de demanda, Bento e Caxias. Essa
alternativa também exigiria construção de 16 viadutos rodoviários e a
instalação de 55 cancelas automáticas e de 36 sinais sonoro-luminosos no
trecho.
A segunda (e mais provável) opção trabalha com uma linha principal
menor, de 45 quilômetros, unindo Bento e Caxias, e passando por
Farroupilha. Em Bento, seriam construídos 33 novos quilômetros de malha
ferroviária e aproveitados outros 12 da existente, seis em cada um dos
dois maiores municípios. Garibaldi e Carlos Barbosa se conectariam ao
sistema por meio de um ramal de integração. No total, neste cenário,
contando este trecho secundário, seriam cerca de 58 quilômetros de
trilhos. A estimativa de demanda diária para os dois roteiros também é
um fator que pesa a favor desta última possibilidade. Segundo o
levantamento, a previsão neste caso é de mais de 9,4 mil usuários por
dia. Na situação anterior, seriam pouco mais de 2,4 mil.
A empresa cearense Bom Sinal deve ser a fornecedora dos trens que
circularão na Serra. O modelo mais cotado para ser adotado na região é o
Móbile 2, que em cada composição de dois vagões poderia levar quase 400
passageiros. Ao todo, seriam colocadas em funcionamento 7 composições,
além de outras duas para reserva e manutenções programadas.
O cálculo indica uma tarifa média de R$ 6 para viagens integrais –
similar à que já é aplicada no transporte rodoviário. Os deslocamentos
entre Bento e Caxias teriam duração entre uma hora e uma hora e meia no
segundo cenário, tido como o mais viável.
Fonte: Jornal SerraNossa - Reportagem: Jorge Bronzato Jr.
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