domingo, 18 de agosto de 2013

Arquivo Histórico: 123 anos de memórias

A cada página folheada nos inúmeros livros mantidos no Arquivo Público Histórico Municipal é possível conhecer um pouco mais de Bento Gonçalves. Verdadeiras raridades que contam como surgiu e quem habitava a então chamada Colônia Dona Isabel, ainda em 1890, podem ser encontradas por lá. Registros, fotos e reportagens das primeiras grandes feiras realizadas na cidade fazem parte do arquivo, bem como documentos gerados pelas secretarias municipais. Além de servir como banco de dados para escritores, os arquivos lá guardados auxiliam nas pesquisas de quem busca conhecer a origem da própria família a fim de obter, por exemplo, comprovantes necessários para a dupla cidadania. Nesse caso específico, quem tenta obter a cidadania italiana encontra um vasto acervo, já que a maior parte dos colonizadores da região veio da Itália.

Segundo a historiadora e coordenadora do espaço, Assunta De Paris, a instituição é amparada por lei municipal e segue as normativas do Sistema Nacional de Arquivos (Sinar). “Temos documentos importantíssimos, que foram produzidos desde a criação do município. Podemos citar como exemplo a primeira ata da Comissão Pró-emancipação, quando Bento Gonçalves ainda era o 4º distrito de Montenegro, em agosto de 1890. A oficialização do município ocorreu através do ato 474, de 11 de outubro de 1890 e ainda estão preservadas as atas das primeiras posses das administrações públicas”, explica. Ela ainda acrescenta que houve uma pequena mudança na legislação, em virtude da Revolução Federalista, em 1893. “Com isso, passaram a ser registrados todos os contribuintes (de impostos) moradores da parte urbana e rural, o que deu um maior respaldo para se conhecer os imigrantes moradores ainda na forma provinciana das colônias”, enfatiza. Desde 2008, passaram a ser guardados no Arquivo todos os documentos gerados pelas secretarias municipais. 

Ainda conforme Assunta, os papéis são selecionados em três fases distintas, conforme prevê a legislação. A primeira, chamada de Corrente, tem por objetivo armazenar todos os documentos gerados pelas secretarias, como licitações, multas, processos administrativos, folhas de pagamentos, correspondências recebidas e expedidas e fichas funcionais. Na segunda fase, a intermediária, eles são analisados um por um e, conforme a tabela de temporariedade, são selecionados os considerados históricos e o que pode ser eliminado. Nesse caso, o documento permanece arquivado somente durante o tempo determinado pelo Tribunal de Contas. A terceira e última fase é chamada de arquivo permanente ou histórico, onde ficam armazenados os que não podem ser descartados. 

Consultas

O Arquivo Histórico recebe mensalmente cerca de 40 pessoas em busca de informações sobre a imigração tanto italiana quanto polonesa. Entre os assuntos mais procurados estão procedência de imigrantes, localização de familiares e as respectivas localidades onde moravam ao chegarem na região. Detalhes da história e da cultura do município, o que inclui paisagens, pinturas e modelos das casas antigas e a arquitetura da cidade em uma determinada época também são bastante procurados.

O espaço é aberto ao público e funciona no prédio ao lado da prefeitura, no largo da Via Del Vino. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3055 7138.

Fonte: Jornal SerraNossa - Reportagem: Katiane Cardoso

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