A cada página folheada nos inúmeros livros mantidos no Arquivo
Público Histórico Municipal é possível conhecer um pouco mais de Bento
Gonçalves. Verdadeiras raridades que contam como surgiu e quem habitava a
então chamada Colônia Dona Isabel, ainda em 1890, podem ser encontradas
por lá. Registros, fotos e reportagens das primeiras grandes feiras
realizadas na cidade fazem parte do arquivo, bem como documentos gerados
pelas secretarias municipais. Além de servir como banco de dados para
escritores, os arquivos lá guardados auxiliam nas pesquisas de quem
busca conhecer a origem da própria família a fim de obter, por exemplo,
comprovantes necessários para a dupla cidadania. Nesse caso específico,
quem tenta obter a cidadania italiana encontra um vasto acervo, já que a
maior parte dos colonizadores da região veio da Itália.
Segundo a historiadora e coordenadora do espaço, Assunta De Paris, a
instituição é amparada por lei municipal e segue as normativas do
Sistema Nacional de Arquivos (Sinar). “Temos documentos
importantíssimos, que foram produzidos desde a criação do município.
Podemos citar como exemplo a primeira ata da Comissão Pró-emancipação,
quando Bento Gonçalves ainda era o 4º distrito de Montenegro, em agosto
de 1890. A oficialização do município ocorreu através do ato 474, de 11
de outubro de 1890 e ainda estão preservadas as atas das primeiras
posses das administrações públicas”, explica. Ela ainda acrescenta que
houve uma pequena mudança na legislação, em virtude da Revolução
Federalista, em 1893. “Com isso, passaram a ser registrados todos os
contribuintes (de impostos) moradores da parte urbana e rural, o que deu
um maior respaldo para se conhecer os imigrantes moradores ainda na
forma provinciana das colônias”, enfatiza. Desde 2008, passaram a ser
guardados no Arquivo todos os documentos gerados pelas secretarias
municipais.
Ainda conforme Assunta, os papéis são selecionados em três fases
distintas, conforme prevê a legislação. A primeira, chamada de Corrente,
tem por objetivo armazenar todos os documentos gerados pelas
secretarias, como licitações, multas, processos administrativos, folhas
de pagamentos, correspondências recebidas e expedidas e fichas
funcionais. Na segunda fase, a intermediária, eles são analisados um por
um e, conforme a tabela de temporariedade, são selecionados os
considerados históricos e o que pode ser eliminado. Nesse caso, o
documento permanece arquivado somente durante o tempo determinado pelo
Tribunal de Contas. A terceira e última fase é chamada de arquivo
permanente ou histórico, onde ficam armazenados os que não podem ser
descartados.
Consultas
O Arquivo Histórico recebe mensalmente cerca de 40 pessoas em busca
de informações sobre a imigração tanto italiana quanto polonesa. Entre
os assuntos mais procurados estão procedência de imigrantes, localização
de familiares e as respectivas localidades onde moravam ao chegarem na
região. Detalhes da história e da cultura do município, o que inclui
paisagens, pinturas e modelos das casas antigas e a arquitetura da
cidade em uma determinada época também são bastante procurados.
O espaço é aberto ao público e funciona no prédio ao lado da
prefeitura, no largo da Via Del Vino. Mais informações podem ser obtidas
pelo telefone 3055 7138.
Fonte: Jornal SerraNossa - Reportagem: Katiane Cardoso
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