domingo, 18 de agosto de 2013

ONG propõe assumir causa animal

Para tentar reduzir os casos de cães e gatos abandonados nas ruas no município, a Organização Não Governamental (ONG) Patas e Focinhos deve apresentar, até setembro, um projeto para assumir, em parceria com a prefeitura, a causa em Bento Gonçalves. A intenção da entidade é cobrar do Poder Público a implantação de uma estrutura para agilizar os procedimentos de castração e cuidados aos animais que necessitem auxílio veterinário. Em contrapartida, os voluntários, além de gerenciarem o novo sistema, se dispõem a reforçar as ações de resgate e entrega para adoção dos bichos que não tiverem lar ou se encontrarem em más condições de saúde.

Em reunião realizada no Ministério Público (MP) no início de agosto, representantes da entidade reivindicaram da administração municipal medidas para amenizar o problema em Bento Gonçalves. Como receberam a resposta de que o Executivo dificilmente conseguiria levar a iniciativa adiante sozinho, resolveram abraçar o desafio. “Nós cobramos essa responsabilidade da prefeitura, mas também não podemos ficar apenas esperando, porque pode demorar muito tempo para que alguma coisa maior seja feita. O que nós vamos tentar é encurtar esse caminho”, afirma Cassiana Baldasso Vaz, vice-presidente da ONG, que tem cerca de 30 voluntários ativos.

A proposta da Patas e Focinhos deverá incluir o pedido de um local para instalar uma pequena clínica onde seriam feitas as esterilizações, além da contratação, por parte do governo, de pelo menos três funcionários para trabalhar em turno integral – um veterinário, um assistente e um atendente. Segundo Cassiana, essa modificação poderia permitir um número maior de cirurgias do que hoje é realizado por meio do convênio entre a Vigilância Ambiental e clínicas particulares, que nesse ano ofereceu cerca de 400 operações (detalhes abaixo). À exceção de casos que poderiam exigir algum tempo de observação, os animais não seriam mantidos local. “Não queremos criar um lar para recolhimento, essa não é a nossa ideia, porque poderia gerar até mais abandono”, explica.

Lugar para feiras

A ONG também pretende solicitar um espaço fixo para a realização das feiras de adoção. “Se tivermos essa garantia de um local sempre disponível, podemos pensar em fazer feiras grandes com mais frequência. Seria mais fácil de organizar e, com certeza, iria atrair mais pessoas”, completa a vice-presidente. Entre março e julho deste ano, a entidade já deu novos donos a 93 cães e 83 gatos. Pelo menos outros 30 cachorros e 20 felinos permanecem em lares temporários esperando por adoção.

Sobre o projeto de instalação de um Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que chegou a ser discutido nos últimos anos na cidade, Cassiana diz que é um assunto que praticamente foi descartado com a última reunião. “O CCZ não vai resolver problemas de superpopulação de cães e gatos, e muito menos focar no bem-estar dos animais. Felizmente, isso pareceu ser um ponto pacífico para todos”, conclui a voluntária.

Secretaria aguarda proposta

O secretário de Meio Ambiente, Luiz Augusto Signor – que participou da reunião no MP no começo do mês –, afirma que aguarda agora a entrega do projeto da ONG, para avaliar as condições financeiras de atender a reivindicação e, se necessário, apresentar uma contraproposta à entidade. Mesmo assim, ele diz que a ação vem em boa hora. “Sabemos que é uma demanda em que temos que avançar em vários pontos e corrigir outros. Eu vejo essa iniciativa com bons olhos, porque temos que melhorar muitas coisas, tanto na parte do Poder Público quanto da sociedade”, destaca.

Signor ressalta que também será preciso reforçar as medidas de conscientização daqui para frente, como forma de envolver a comunidade bento-gonçalvense e cobrar cada vez mais dos donos de animais a posse responsável. “Não podemos pensar que maus-tratos se resumem apenas a casos de agressão. Não cuidar de forma adequada ou abandonar um bichinho de estimação, às vezes, é muito pior. E nós não podemos viver em uma sociedade de bárbaros que ajam assim”, conclui o secretário.

Vigilância Ambiental realizou 400 castrações no ano

Até o final do mês, a Vigilância Ambiental pretende retomar o programa de castrações oferecido pela prefeitura. O projeto está paralisado há cerca de um mês, em função da renovação do edital para convênio com clínicas particulares que oferecem o serviço. Antes da suspensão temporária, segundo dados do departamento, foram realizadas pelo menos 400 operações neste ano, atendendo principalmente a bairros como Eucaliptos, Vila Nova e Conceição, além de casos repassados por entidades ligadas à proteção animal.
ONG propõe assumir causa animal 
Duas empresas mantinham contrato com a administração municipal e cada procedimento tem custado em média R$ 90. Neste valor está incluída a implantação de um chip com informações dos bichos e dos donos. A prioridade é para fêmeas de cães e gatos. “Infelizmente, a maioria das clínicas tem uma clientela particular e não consegue absorver nossa demanda, que é muito maior”, afirma a coordenadora da Vigilância Ambiental, Analiz Zattera. O setor tem uma verba anual de R$ 100 mil para castrações.

Gastos e contatos

Nesta semana, a Patas e Focinhos publicou em sua página no Facebook a prestação de contas dos gastos da entidade – que tem se mantido por meio de doações – nos primeiros sete meses do ano. Os custos com clínicas, lares de passagem e atendimento a denúncias no período somam quase R$ 33 mil. Somente em julho, foram R$ 7,9 mil. Doações podem ser feitas pelo Banco do Brasil, na conta 74.908-7, agência 0181-3. O telefone da ONG é (54) 9160 9015 e o e-mail é sospatasefocinhos@yahoo.com.br.
Fonte: Jornal SerraNossa - Reportagem: Jorge Bronzato Jr.

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