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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Centenas de milhares veem dois papas serem proclamados santos

O papa Francisco proclamou seus antecessores João XXIII e João Paulo II como santos na frente de mais de meio milhão de peregrinos neste domingo, saudando ambos como homens corajosos que resistiram às tragédias do século XX.

Gritos e aplausos ecoaram em toda a Praça de São Pedro depois da histórica dupla canonização papal, com muitos na multidão fixando o olhar em enormes tapeçarias dos dois papas na fachada da basílica, atrás do papa Francisco.

"Nós declaramos e definimos como beatos João XXIII e João Paulo II e os incluímos entre os santos, decretando que sejam venerados como tais por toda a Igreja", disse Francisco em sua proclamação formal em latim.

Relíquias de cada um dos ex-papas - um recipiente com sangue de João Paulo II e com a pele de João XXIII - foram colocados perto do altar.

O fato de que dois homens que são amplamente vistos como faces contrastantes da Igreja estejam sendo canonizados contribui para a importância de um evento que o papa Francisco espera que irá aproximar os 1,2 bilhão de católicos no mundo, depois de uma série de escândalos financeiros e sexuais.

O ex-Papa Bento XVI também participou da missa. No ano passado, ele se tornou o primeiro pontífice em seis séculos a renunciar.

Seu comparecimento conferiu à cerimônia uma certa atmosfera surreal, num evento que contou com a presença de um papa, um papa aposentado e dois papas já falecidos e enterrados na basílica. O papa Francisco cumprimentou Bento XVI duas vezes durante a cerimônia.
Fonte: Reuters

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Papa Francisco preside Via Crucis no Coliseu

O Papa Francisco presidiu nesta Sexta-feira Santa, no Coliseu romano, sua segunda Via Crucis, na qual recordou o calvário de Cristo até a sua crucificação. “Recordemos os doentes, as pessoas solitárias, abandonadas, que vivem sob o peso da cruz, para que encontrem sob este peso a força da esperança, da ressurreição e do amor de Deus”, disse o pontífice argentino ao final de uma Via Crucis assistida por mais de 40 mil pessoas.
Papa Francisco preside Via Crucis no Coliseu. (Foto: Vincenzo Pinto / AFP / CP) 
Francisco chegou às 21h local (16h no horário de Brasília) ao famoso monumento romano, onde milhares de pessoas, turistas e religiosos, a maioria com tochas, estavam à espera do líder da Igreja. O papa, de 77 anos, participou, como no ano passado, do rito a partir do terraço do Palatino, em frente ao imponente anfiteatro romano, sem percorrer a pé as 14 estações.
 
Segundo a lenda, foi no Coliseu onde os cristãos eram jogados aos leões durante as perseguições dos primeiros séculos depois de Cristo. Este ano, a Via Crucis levou a marca de Francisco, que encomendou à redação das meditações lidas a cada estação ao bispo italiano de Campobasso, Giancarlo Bregantini, conhecido por sua luta contra a máfia.
 
“Jesus com a cruz nas costas é também o peso de todas as injustiças que a crise econômica têm causado, com suas graves consequências sociais: precariedade, desemprego, demissões; um dinheiro que governa em lugar de servir, a especulação financeira, o suicídio de empresários, a corrupção e a usura, as empresas que abandonam o próprio país”, escreveu Bregantini para a segunda estação que recorda o calvário de Cristo.
 
A crise econômica, o desemprego, a violência contra a mulher, a solidão, a doença e a situação dos presos foram os temas abordados em cada uma das estações. Padre Giancarlo, que em sua juventude foi operário, também relatou em seus textos a situação dos refugiados, o tráfico de seres humanos, as drogas, o álcool e o abuso da máfia, que no dia de sua ordenação como bispo, em 1994, colocou uma bomba sob seu altar.
 
O Papa ouviu concentrado as meditações, que também citaram os males que ameaçam os jovens de hoje, “condenados à morte, assassinados ou enviados à guerra, especialmente os meninos soldados”.
 
O bispo de Campobasso denunciou ainda os tumores causados na região de Nápoles pelo lixo tóxico, algo provocado pela perversidade da máfia napolitana, que por anos acumulou fortunas sepultando rejeitos radioativos em uma zona onde centenas de camponeses seguem cultivando verduras e legumes. “Escutamos o lamento das mães por seus filhos, moribundos por causa de tumores produzidos pela queima de resíduos tóxicos.”
 
Bregantini também se referiu à “dignidade violada de todos os inocentes, especialmente as crianças”, em referência à pedofilia, dentro e fora da Igreja. “Deus está irrevogavelmente e sem reservas com as vítimas” de qualquer tipo de abuso.
 
O drama dos doentes, especialmente os terminais, e das mulheres que sofrem abusos também foi lembrado durante as estações. “Choremos por estes homens que descarregam sobre as mulheres a violência que carregam dentro de si. Choremos pelas mulheres escravizadas pelo medo e pela exploração.”
 
A cada estação, a cruz era carregada por trabalhadores, empresários, imigrantes, prisioneiros, órfãos e doentes. Vários telões foram instalados para que os peregrinos e turistas que vieram a Roma para a Páscoa pudessem acompanhar o rito. A Via Crucis, que durou menos de duas horas, foi transmitida ao vivo em 50 canais de televisão de muitos países.
 
Ao final do rito, o Santo Padre leu um breve texto para a multidão, que o aclamou com aplausos e gritos de viva o Papa. 
 
  * Correio do Povo

quinta-feira, 6 de março de 2014

Campanha da Fraternidade faz chamado para combate ao tráfico humano

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez ontem (5) um chamado para que a sociedade se conscientize da importância de combater o tráfico de pessoas, ao lançar a Campanha da Fraternidade de 2014, cujo tema é Fraternidade e Tráfico Humano e o lema "É para a liberdade que Cristo nos libertou".
 
No início do evento, foi lida uma mensagem do papa Francisco, na qual ele afirma que "não é possível ficar impassível, sabendo que seres humanos são tratados como mercadoria". O papa lembrou que crianças são traficadas para a remoção de órgãos, mulheres submetidas à exploração sexual e trabalhadores mantidos em condição de escravidão. Estas são algumas das situações de tráfico de pessoas que a campanha vai abordar.
 
Durante a solenidade de lançamento, o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, disse que o crime viola a dignidade das pessoas submetidas e que a prática é fruto da sociedade em que vivemos. "Queremos com a campanha identificar essa realidade e, junto com o Estado, realizar este trabalho para que as pessoas deixem de ser exploradas", exortou. "O tráfico de pessoas é fruto da cultura em que vivemos, atualmente quase nos habituamos ao sofrimento do outro e é preciso se compadecer pelas pessoas traficadas", disse.
A secretária executiva do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), pastora Romi Márcia Bencke, reiterou que esta dificuldade se deve também à vulnerabilidade econômica das pessoas traficadas. "O tema toca em raízes profundas na forma como a nossa sociedade se estrutura e [o tráfico humano] se capilariza em vários setores da economia", disse. Os religiosos também ressaltaram a necessidade de superar divergências religiosas para combater esse tipo de crime.
 
A solenidade contou ainda com a presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que elogiou a iniciativa e classificou o tráfico de pessoas como uma prática subterrânea, devido à dificuldade de verificar sua ocorrência. "É inaceitável que pessoas sejam tratadas como escravas", disse Cardozo para quem o crime tem que ser combatido de forma conjunta com a sociedade. "Temos esta oportunidade de junção de forças com a sociedade, através da Campanha da Fraternidade e da formação de um comitê conjunto para aprimorar as políticas de Estado, receber sugestões e ao mesmo tempo enraizar atuações na sociedade", complementou.
 
Cardozo lembrou que não existem dados precisos sobre a quantidade de pessoas traficadas já que, muitas vezes, vítimas e familiares têm vergonha de revelar a situação de exploração. "Infelizmente o número de inquéritos policiais abertos relativos ao tráfico de pessoas ainda é pequeno em comparação ao volume da realização desse crime. Isto acontece porque as pessoas não noticiam o tráfico. Às vezes as pessoas têm vergonha de falar que foram vítimas desse crime, os familiares também não denunciam e muitas vezes as pessoas imaginam que estão sendo ajudadas por aqueles que são os verdadeiros autores e mentores deste tipo de crime", disse.
 
A pesquisa Diagnóstico sobre Tráfico de Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil, divulgada pelo governo federal em outubro do ano passado, aponta que, entre 2005 e 2011, um terço dos indiciados por tráfico de pessoas foi preso em região de fronteira. Dos 384 indiciamentos, 128 foram registrados na fronteira brasileira que tem 15.719 quilômetros de extensão ao longo de 11 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia e Santa Catarina.
 
O levantamento constatou que as pessoas geralmente são traficadas para fins de exploração sexual e trabalho escravo. Também detectou situações como pessoas traficadas para a prática de mendicância e de crianças e adolescentes para servidão doméstica. A maioria dos casos de tráfico para exploração sexual foi identificada nos estados de Roraima, Rondônia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, do Pará, Amapá e Acre.
 
A maioria das vítimas são mulheres, na faixa etária de 18 a 29 anos. Além das mulheres, também são vítimas do tráfico humano crianças e adolescentes, travestis e transgêneros, geralmente em condição de vulnerabilidade, seja pelas condições socioeconômicas, seja pela presença de conflitos familiares, seja pela violência sofrida na família de origem.
 
A Campanha da Fraternidade é lançada no primeiro dia da Quaresma (período do ano litúrgico que antecede a Páscoa). Para os cristãos, a Quarta-Feira de Cinzas simboliza o dever da conversão e da mudança de vida, para recordar a fragilidade da vida humana, sujeita à morte. De acordo com a CNBB, os recursos arrecadados com a campanha serão utilizados em projetos de identificação e combate de situações de tráfico humano.
 
Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 4 de março de 2014

50ª edição da Campanha da Fraternidade abre nesta quarta-feira

Inicia nesta quarta-feira mobilizando Paróquias de todo o Brasil, a 50ª edição da Campanha da Fraternidade debatendo o tráfico de seres humanos. O lema deste ano, que estará em foco até o dia 13 de abril, “é para a liberdade que Cristo nos libertou”. 
 
Campanha da Fraternidade – É um projeto realizado pela Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, sempre no período da Quaresma. A cada ano é escolhido um tema, que define a realidade concreta a ser transformada, e um lema, que explicita em que direção se busca a transformação. A campanha é coordenada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
 
Quarta-feira de Cinzas – Este é o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. As cinzas que os cristãos católicos recebem neste dia é símbolo de reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a efemeridade da vida humana, sujeita à morte. Ela ocorre quarenta dias antes da Páscoa sem contar os domingos. Seu posicionamento varia a cada ano, dependendo da data da Páscoa.
 
A data pode variar do começo de fevereiro até a segunda semana de março. Missas são realizadas tradicionalmente nesse dia nas quais os participantes são abençoados com cinzas dos ramos bentos no Domingo de Ramos do ano anterior. O padre marca a testa dos fiéis com cinzas. Para os católicos é dia de jejum e abstinência de carne.
 
Quaresma – Chama-se Quaresma os 40 dias de jejum e penitência que precedem à festa da Páscoa. Essa preparação existe desde o tempo dos Apóstolos em memória ao jejum de Jesus Cristo no deserto, antes de voltar a Jerusalém para ser condenado e morto. 
 
A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa. O período é reservado para a reflexão e à conversão espiritual. Nesse tempo a Igreja Católica propõe três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade.
 
 
Fonte: Central de Jornalismo da Difusora

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Dilma tem encontro com Papa e abraça ideia de Copa contra a discriminação

A brasileira ainda deve se encontrar com o presidente da Itália em Roma, mas não há previsão de que se trate da prisão de Henrique Pizzolatto

A presidente Dilma Rousseff chegou a Roma no início da manhã desta sexta-feira e confirmou que vai mesmo convidar o papa Francisco para ir ao Brasil ver a abertura da Copa, em São Paulo, ou assistir algum jogo da Argentina. De acordo com o Itamaraty, entretanto, a presença do Papa na Copa do Mundo pode ser apenas por meio de uma carta de apoio. Mais importante que isso foi a ideia dada pelo Papa quando recentemente recebeu a visita do presidente da Fifa, Joseph Blatter, para que o mundial deste ano reforce a campanha contra todos os tipos de discriminação - não apenas o racismo, uma bandeira da Fifa. Blatter teria gostado da ideia e a presidente Dilma já teria se comprometido a levar a questão adiante e reforçar a campanha durante os 30 dias de Copa do Mundo.
Além do encontro com o papa Francisco, previsto para as 15h (horário de Brasília) como forma de retribuição à visita feita pelo pontífice ao Brasil na Jornada Mundial da Juventude, Dilma ainda deve se encontrar com o presidente da Itália, Giogio Napolitano. Segundo o Itamaraty, porém, os chefes de Estado devem tratar apenas de questões maiores. De acordo com a diplomacia, não há previsão de que se trate do caso da prisão do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolatto, preso em Modena por portar documentos falsos - a não ser que uma das partes se sinta à vontade para entrar no tema.

Dilma Rousseff vai ficar hospedada na Embaixada do Brasil em Roma e ainda não se sabe se, depois de assistir ao consistório que vai elevar a Cardeal o Arcebispo do Rio de Janeiro, dom Oraní Tempesta, neste sábado, vai ou não direto para Bruxelas, onde participa da cúpula Brasil-União Europeia. No sábado à tarde, a presidente deve cumprimentar Dom Orani em uma audiência geral na sala Paulo VI no Vaticano e, caso não vá para Bruxelas, deve participar, à noite, do coquetel oferecido pela embaixada brasileira no Vaticano ao novo Cardeal.

Fonte: Portal Terra

domingo, 26 de janeiro de 2014

Papa Francisco atrai três vezes mais fiéis ao Vaticano que Bento XVI

Ele atraiu 6,6 milhões em 2013 contra 2,3 milhões do predecessor em 2012. Estilo simples do argentino contrasta com o do agora Papa Emérito alemão.
 
Fiéis saúdam o Papa Francisco na Praça de São Pedro, no Vaticano, nesta quarta-feira (1º), no primeiro Angelus de 2014 (Foto: Filippo Monteforte/AFP)
Mais de 6,6 milhões de pessoas compareceram a eventos no Vaticano com o Papa Francisco desde março, quando ele foi escolhido, até o fim de 2013, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (2), em comparação com os 2,3 milhões que estiveram em cerimônias com o Papa Bento XVI durante todo o ano de 2012.

O Vaticano disse que os números têm como base a quantidade de entradas distribuídas para eventos papais como encontros gerais, encontros privados e missas.

Eles também têm como base estimativas sobre a quantidade de pessoas em eventos em que a distribuição de entradas não é necessária, como as aparições semanais na janela sobre a Praça de São Pedro.

O Vaticano não divulgou dados comparativos nesta quinta-feira, mas registros de janeiro de 2013 mostraram que cerca de 2,3 milhões de pessoas compareceram a todos os eventos presididos por Bento XVI em 2012.

Bento XVI renunciou em fevereiro de 2013, alegando problemas de saúde, se tornando o primeiro Papa em 600 anos a renunciar, sem exercer assim a função até o fim da vida.

Dados divulgados no mês passado, que se limitavam ao número de pessoas presentes às audiências gerais semanais, mostravam que o Papa atual havia atraído em nove meses e meio quatro vezes o número de pessoas que Bento XVI teve em todo o ano de 2012.

O Papa Francisco, que no mês passado foi escolhido personalidade do ano pela revista Time, atrai pessoas ao Vaticano por conta do seu estilo simples e amigável. Bento XVI era mais reservado e bem menos espontâneo.

Primeiro Papa não europeu em 1.300 anos, o argentino assumiu uma instituição afetada por escândalos de abuso sexual e que perdia fiéis para outras religiões.

O Papa trocou os espaçosos aposentos no Palácio Apostólico por um pequeno apartamento e se transporta num carro normal, e não num de luxo.

Francisco também tem se provado popular com suas declarações a favor de a Igreja buscar a aproximação dos mais pobres, condenar menos e ser mais misericordiosa.

O Vaticano disse que os números divulgados nesta quinta não incluem as multidões que acompanharam o Papa nas suas visitas ao Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude, e à Itália.

Mais de 3 milhões estiveram no evento final da visita do papa ao Brasil, realizado na Praia de Copacabana, no Rio, em julho.

O público das audiências gerais e das falas de domingo tem sido superior a cem mil, obrigando a polícia a fechar ruas de acesso ao Vaticano para acomodar mais pessoas.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Papa doa R$ 11,7 milhões e alivia dívida da Jornada Mundial da Juventude

Os organizadores da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) conseguiram nesta sexta-feira, (3), um alívio na dívida deixada pelo encontro católico que trouxe ao Rio o papa Francisco, em sua primeira viagem internacional, na última semana de julho. O pontífice determinou a doação de R$ 11,7 milhões para ajudar no pagamento das contas pendentes. Esta quantia, somada aos R$ 800 mil arrecadados pela campanha de doação lançada em outubro, reduzirá a dívida dos atuais R$ 43,2 milhões para R$ 30,7 milhões.
 
Em nota, o Comitê Organizador Local (COL) da Jornada informou que "os recursos chegam para ajudar a saldar parte dos investimentos que fizeram possível essa grande festa de fé". Em agosto, auditoria realizada pela empresa Ernst&Young concluiu que o déficit da Jornada era de R$ 91,3 milhões. Depois de a Arquidiocese do Rio negociar com os fornecedores e vender por R$ 46 milhões o imóvel onde funciona o hospital Quinta D'Or, em São Cristóvão (zona norte), a dívida chegou a R$ 43,2 milhões em novembro, sendo R$ 22,92 milhões em despesas com alimentação e R$ 20,28 milhões devidos a fornecedores diversos, segundo o COL.
 
"Quando o papa Francisco esteve no Rio, em julho de 2013, ficou bem impressionado com tudo que experimentou naqueles dias, manifestando a intenção de contribuir financeiramente com a Jornada Mundial da Juventude. Foi uma iniciativa que partiu dele, reconhecendo a importância da JMJ para a juventude, a sociedade e a Igreja. Neste mês de janeiro, o gesto se concretizou. O Sumo Pontífice dispôs a contribuição de R$ 11,7 milhões", diz a nota do comitê organizador.
 
O texto informa que "os contratos ainda em aberto estão sendo renegociados e os valores pendentes devem ser quitados na medida em que os recursos estiverem disponíveis". Segundo o comitê, a venda de três DVDs e um CD da Jornada "também serão fonte de recursos" para pagar as contas.
 
* Estadão Conteúdo

domingo, 28 de julho de 2013

Neste momento, já começo a sentir saudades', diz papa na despedida do Brasil

Pontífice, que prometeu voltar ao País em 2017, terminou discurso com um 'até breve'; voo para Roma deixou o Galeão às 19h35

Depois de sete dias no País para a Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco despediu-se do Brasil na Base Aérea do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, antes de partir para Roma, às 19h35 deste domingo, 28. Agradecendo a presidente Dilma Rousseff, os voluntários e os peregrinos que estiveram presentes no evento católico, ele disse que já sentia saudades e voltou a se dirigir aos jovens: "continuarei a nutrir uma esperança imensa nos jovens do Brasil e do mundo", afirmou. O pontífice, que prometeu voltar ao País em 2017, concluiu o discurso com um "até breve" - espera-se que o papa retorne ao Brasil para as comemorações dos 300 anos do descobrimento, no interior de São Paulo, de uma imagem de Nossa Senhora da Aparecida, santa que se tornou a padroeira do Brasil.
Papa se despede antes de embarcar no avião rumo a Roma - Fábio Motta/AE
Papa se despede antes de embarcar no avião rumo a Roma
 
Na cerimônia de despedida, o vice-presidente Michel Temer representou a presidente Dilma. Em referência a um discurso feito pelo papa na favela de Varginha, no Rio, no qual manifestou o desejo de bater em todas as portas do País, Temer disse em seu pronunciamento que as portas do Brasil estão abertas. "Na próxima vez (que vier), portanto, simplesmente entre sem pedir licença, porque no coração dos brasileiros sempre haverá um lugar para recebê-lo", disse. "Boa viagem, papa Francisco, volte logo".

Entre as autoridades brasileiras também estiveram presentes o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o governador do Rio, Sérgio Cabral, o prefeito da capital, Eduardo Paes, e parlamentares.

Veja íntegra do discurso:

"Senhora Presidenta da República, Distintas Autoridade Nacionais, Estaduais e Locais, Senhor Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, Senhores Cardeais e Irmãos no Episcopado, Queridos Amigos!

Dentro de alguns instantes, deixarei sua Pátria para regressar a Roma. Parto com a alma cheia de recordações felizes; essas - estou certo - tornar-se-ão oração. Neste momento, já começo a sentir saudades. Saudades do Brasil, este povo tão grande e de grande coração; este povo tão amoroso. Saudades do sorriso aberto e sincero que vi em tantas pessoas,saudades do entusiasmo dos voluntários. Saudades da esperança no olhar dos jovens no Hospital São Francisco. Saudades da fé e da alegria em meio à adversidade dos moradores de Varginha. Tenho a certeza de que Cristo vive e está realmente presente no agir de tantos e tantos jovens e demais pessoas que encontrei nesta inesquecível semana. Obrigado pelo acolhimento e o calor da amizade que me foram demonstrados. Também disso começo a sentir saudades.

De modo particular agradeço à Senhora Presidenta, por ter-se feito intérprete dos sentimentos de todo o povo do Brasil para com o Sucessor de Pedro. Cordialmente agradeço a meus Irmãos Bispos e seus inúmeros colaboradores por terem tornado estes dias uma celebração estupenda da nossa fé fecunda e jubilosa em Jesus Cristo. Agradeço a todos os que tomaram parte nas celebrações da Eucaristia e nos restantes eventos, àqueles que os organizaram, a quantos trabalharam para difundi-los através da mídia. Agradeço, enfim, a todas as pessoas que, de um modo ou outro, souberam acudir às necessidades de acolhida e gestão de uma multidão imensa de jovens, sem esquecer de tantas pessoas que, no silêncio e na simplicidade, rezaram para que esta Jornada Mundial da Juventude fosse uma verdadeira experiência de crescimento na fé. Que Deus recompense a todos, como só Ele sabe fazer!

Neste clima de gratidão e saudades, penso nos jovens, protagonistas desse grande encontro: Deus lhes abençoe por tão belo testemunho de participação viva, profunda e alegre nestes dias! Muitos de vocês vieram como discípulos nesta peregrinação; não tenho dúvida de que todos agora partem como missionários. A partir do testemunho de alegria e de serviço de vocês, façam florescer a civilização do amor. Mostrem com a vida que vale a pena gastar-se por grandes ideais, valorizar a dignidade de cada ser humano, e apostar em Cristo e no seu Evangelho. Foi Ele que viemos buscar nestes dias,porque Ele nos buscou primeiro, Ele nos faz arder o coração para anunciar a Boa Nova nas grandes metrópoles e nos pequenos povoados, no campo e em todos os locais deste nosso vasto mundo. Continuarei a nutrir uma esperança imensa nos jovens do Brasil e do mundo inteiro: através deles, Cristo está preparando uma nova primavera em todo o mundo. Eu vi os primeiros resultados desta sementeira; outros rejubilarão com a rica colheita! O meu pensamento final, minha última expressão das saudades, dirige-se a Nossa Senhora Aparecida. 

Naquele amado Santuário, ajoelhei-me em prece pela humanidade inteira e, de modo especial, por todos os brasileiros. Pedi a Maria que robusteça em vocês a fé cristã, que é parte da nobre alma do Brasil, como também de muitos outros países, tesouro de sua cultura, alento e força para construírem uma nova humanidade na concórdia e na solidariedade.

O Papa vai embora e lhes diz "até breve", um "até breve" com saudades, e lhes pede, por favor, que não se esqueçam de rezar por ele. Este Papa precisa da oração de todos vocês. Um abraço para todos. Que Deus lhes abençoe!"

Em discurso duro, papa critica bispos e pede reforma da Igreja

Em encontro com o Celam, Francisco atacou o abuso de poder na Igreja, a mentalidade de 'príncipes' entre os cardeais, o carreirismo e a distância imposta pelos bispos aos fiéis


Pontífice recomendou aos bispos que se aproximem dos fiéis - Reprodução
Pontífice recomendou aos bispos que se aproximem dos fiéis
O papa Francisco fez neste domingo uma autocrítica antes de deixar o Brasil: a Igreja está "atrasada" e mantém "estruturas caducas". Para ele, chegou o momento de a instituição entender que precisa se modernizar e deixar de viver de tradições ou de vender esperanças para o futuro. Em seus improvisos, porém, deixou claro que é preciso mudar sem perder dogmas nem valores. 

A ocasião escolhida para apresentar seu "programa de governo" para a Igreja – baseado no documento de 2007 da Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em Aparecida – foi a reunião que manteve com os cardeais, ontem à tarde no Rio. Francisco fez um ataque ao abuso de poder na Igreja, à mentalidade de "príncipes" entre os cardeais, à inclusão de ideologias sociais no Evangelho – tanto marxistas quanto liberais – e uma denúncia frontal contra o carreirismo e contra a distância imposta pelos bispos aos fiéis.

Em um duro discurso, o papa Francisco apelou por uma Igreja "atual" e apresentou um raio X dos problemas da Igreja que, segundo ele, estão impedindo seu crescimento e fazendo proliferar sua "imaturidade". As reformas na Cúria começarão a ser apresentadas já em setembro. Mas, para o papa, mudanças nas estruturas não bastarão. É preciso adotar nova atitude.

No centro de seu projeto estão a renovação interna da Igreja e a insistência de que sacerdotes deixem a sacristia e tomem as ruas, dando especial atenção às periferias – não só das cidades, mas também aos segmentos marginalizados da sociedade. "O que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a missionariedade", declarou, lembrando que isso "exige gerar a consciência de uma Igreja que se organiza para servir a todos os batizados e homens de boa vontade". "O discipulado-missionário é o caminho."

Vícios e tentações. Francisco, porém, ao apresentar sua estratégia para reconquistar fiéis e retomar a influência da Igreja, alertou para vícios e tentações que a instituição atravessa e precisa abandonar para poder retomar sua credibilidade. Disse de improviso que, "com o início do pontificado, recebe cartaz, propostas, chegam-lhe inquietudes, propostas que... se casem os padres, que se ordenem as monjas (risos), que se dê a comunhão aos divorciados". Francisco chega a falar em catolicismo ilustrado e dizer que essas questões "não vão ao problema de fundo, real".

Outra crítica foi dirigida à "ideologização da mensagem evangélica". O argentino, porém, fez questão de atacar não apenas a Teologia da Libertação, mas tendências liberais. "A tentação engloba os campos mais variados, desde o liberalismo de mercado até a categorização marxista", declarou.

O papa também combate o que chama de "restauracionismo" dos movimentos tradicionalistas da Igreja que, segundo ele, usam justamente os ritos para reafirmar a Igreja. Para o papa, essa não é a solução. 

Para ele, outra ameaça à Igreja é o "funcionalismo" que paralisa a instituição. "Reduz-se a realidade da Igreja à estrutura de uma ONG. O que vale é o resultado palpável e as estatísticas. A partir disso, chega-se a todas as modalidades empresariais de Igreja. Constitui uma espécie de ‘teologia da prosperidade’ no organograma da pastoral", disse, uma referência a movimentos pentecostais. "A Igreja é instituição, mas, quando se erige em ‘centro’, se funcionaliza e, pouco a pouco, se transforma em uma ONG." 

O papa também criticou o clericalismo, "uma tentação muito atual na América Latina". Ele denunciou a "cumplicidade viciosa entre o sacerdote que clericaliza e o leigo que lhe pede por favor que o clericalize, porque, no fundo, lhe resulta mais cômodo". O resultado seria uma Igreja com "falta de maturidade adulta e de liberdade cristã". 

Leia a íntegra do discurso no encontro com o Comitê de Coordenação do Celam no Centro de Estudos do Sumaré:

"Agradeço ao Senhor por esta oportunidade de poder falar com vocês, Irmãos Bispos responsáveis do Celam no quadriênio 2011-2015. Há 57 anos que o Celam serve as 22 Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, colaborando solidária e subsidiariamente para promover, incentivar e dinamizar a colegialidade episcopal e a comunhão entre as Igrejas da região e seus pastores.

Como vocês, também eu sou testemunha do forte impulso do Espírito na V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida no mês de maio de 2007, que continua animando os trabalhos do Celam para a anelada renovação das Igrejas particulares. Em boa parte delas, essa renovação já está em andamento. Gostaria de centrar esta conversação no patrimônio herdado daquele encontro fraterno e que todos batizamos como Missão Continental.

Características peculiares de Aparecida

Existem quatro características típicas da referida V Conferência. Constituem como que quatro colunas do desenvolvimento de Aparecida que lhe dão a sua originalidade.

1) Início sem documento

Medelín, Puebla e Santo Domingo começaram os seus trabalhos com um caminho preparatório que culminou em uma espécie de Instrumentum laboris, com base no qual se desenrolou a discussão, a reflexão e a aprovação do documento final. Em vez disso, Aparecida promoveu a participação das Igrejas particulares como caminho de preparação que culminou em um documento de síntese. Este documento, embora tenha sido ponto de referência durante a V Conferência Geral, não foi assumido como documento de partida. O trabalho inicial foi pôr em comum as preocupações dos pastores perante a mudança de época e a necessidade de recuperar a vida de discípulo e missionário com que Cristo fundou a Igreja.

2) Ambiente de oração com o Povo de Deus

É importante lembrar o ambiente de oração gerado pela partilha diária da Eucaristia e de outros momentos litúrgicos, tendo sido sempre acompanhados pelo Povo de Deus. Além disso, realizando-se os trabalhos na cripta do Santuário, a “música de fundo” que os acompanhava era constituída pelos cânticos e as orações dos fiéis.

3) Documento que se prolonga em compromisso, com a Missão Continental

Neste contexto de oração e vivência de fé, surgiu o desejo de um novo Pentecostes para a Igreja e o compromisso da Missão Continental. Aparecida não termina com um documento, mas prolonga-se na Missão Continental.

4) A presença de Nossa Senhora, Mãe da América 

É a primeira Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe que se realiza em um Santuário mariano.

Dimensões da Missão Continental. A Missão Continental está projetada em duas dimensões: programática e paradigmática. A missão programática, como o próprio nome indica, consiste na realização de atos de índole missionária. A missão paradigmática, por sua vez, implica colocar em chave missionária a atividade habitual das Igrejas particulares. Em consequência disso, evidentemente, verifica-se toda uma dinâmica de reforma das estruturas eclesiais. A “mudança de estruturas” (de caducas a novas) não é fruto de um estudo de organização do organograma funcional eclesiástico, de que resultaria uma reorganização estática, mas é consequência da dinâmica da missão. O que derruba as estruturas caducas, o que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a missionariedade. Daqui a importância da missão paradigmática.

A Missão Continental, tanto programática como paradigmática, exige gerar a consciência de uma Igreja que se organiza para servir a todos os batizados e homens de boa vontade. O discípulo de Cristo não é uma pessoa isolada em uma espiritualidade intimista, mas uma pessoa em comunidade para se dar aos outros. Portanto, a Missão Continental implica pertença eclesial.

Uma posição como esta, que começa pelo discipulado missionário e implica entender a identidade do cristão como pertença eclesial, pede que explicitemos quais são os desafios vigentes da missionariedade discipular. Me limito a assinalar dois: a renovação interna da Igreja e o diálogo com o mundo atual.

Renovação interna da Igreja

Aparecida propôs como necessária a Conversão Pastoral. Esta conversão implica acreditar na Boa Nova, acreditar em Jesus Cristo portador do Reino de Deus, em sua irrupção no mundo, em sua presença vitoriosa sobre o mal; acreditar na assistência e guia do Espírito Santo; acreditar na Igreja, Corpo de Cristo e prolongamento do dinamismo da Encarnação.

Neste sentido, é necessário que nos interroguemos, como pastores, sobre o andamento das Igrejas a que presidimos.
Estas perguntas servem de guia para examinar o estado das dioceses quanto à adoção do espírito de Aparecida, e são perguntas que é conveniente pôr-nos, muitas vezes, como exame de consciência.

1. Procuramos que o nosso trabalho e o de nossos presbíteros seja mais pastoral que administrativo? Quem é o principal beneficiário do trabalho eclesial, a Igreja como organização ou o Povo de Deus na sua totalidade?

2. Superamos a tentação de tratar de forma reativa os problemas complexos que surgem? Criamos um hábito proativo? Promovemos espaços e ocasiões para manifestar a misericórdia de Deus? Estamos conscientes da responsabilidade de repensar as atitudes pastorais e o funcionamento das estruturas eclesiais, buscando o bem dos fiéis e da sociedade?

3. Na prática, fazemos os fiéis leigos participantes da missão? Oferecemos a palavra de Deus e os sacramentos com consciência e convicção claras de que o Espírito se manifesta neles?

4. Temos como critério habitual o discernimento pastoral, servindo-nos dos Conselhos Diocesanos? Tanto estes como os Conselhos paroquiais de Pastoral e de Assuntos Econômicos são espaços reais para a participação laical na consulta, organização e planejamento pastoral? O bom funcionamento dos Conselhos é determinante. Acho que estamos muito atrasados nisso.

5. Nós, Pastores Bispos e Presbíteros, temos consciência e convicção da missão dos fiéis e lhes damos a liberdade para irem discernindo, de acordo com o seu processo de discípulos, a missão que o Senhor lhes confia? Apoiamo-los e acompanhamos, superando qualquer tentação de manipulação ou indevida submissão? Estamos sempre abertos para nos deixarmos interpelar pela busca do bem da Igreja e da sua
Missão no mundo?

6. Os agentes de pastoral e os fiéis em geral sentem-se parte da Igreja, identificam-se com ela e aproximam-na dos batizados indiferentes e afastados?

Como se pode ver, aqui estão em jogo atitudes. A Conversão Pastoral diz respeito, principalmente, às atitudes e a uma reforma de vida. Uma mudança de atitudes é necessariamente dinâmica: “entra em processo” e só é possível moderá-lo acompanhando-o e discernindo-o. É importante ter sempre presente que a bússola, para não se perder nesse caminho, é a identidade católica concebida como pertença eclesial.

Diálogo com o mundo atual

Faz-nos bem lembrar estas palavras do Concílio Vaticano II: As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e atribulados, são também alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos discípulos de Cristo. Aqui reside o fundamento do diálogo com o mundo atual.

A resposta às questões existenciais do homem de hoje, especialmente das novas gerações, atendendo à sua linguagem, entranha uma mudança fecunda que devemos realizar com a ajuda do Evangelho, do Magistério e da Doutrina Social da Igreja. Os cenários e areópagos são os mais variados. Por exemplo, em uma mesma cidade, existem vários imaginários coletivos que configuram “diferentes cidades”. Se continuarmos apenas com os parâmetros da “cultura de sempre”, fundamentalmente uma cultura de base rural, o resultado acabará anulando a força do Espírito Santo. Deus está em toda a parte: há que saber descobri-lo para poder anunciá-lo no idioma dessa cultura; e cada realidade, cada idioma tem um ritmo diferente.

Algumas tentações contra o discipulado missionário

A opção pela missionariedade do discípulo sofrerá tentações. É importante saber por onde entra o espírito mau, para nos ajudar no discernimento. Não se trata de sair à caça de demônios, mas simplesmente de lucidez e prudência evangélicas. Limito-me a mencionar algumas atitudes que configuram uma Igreja “tentada”. Trata-se de conhecer determinadas propostas atuais que podem mimetizar-se em a dinâmica do discipulado missionário e deter, até fazê-lo fracassar, o processo de Conversão Pastoral.

1. A ideologização da mensagem evangélica. É uma tentação que se verificou na Igreja desde o início: procurar uma hermenêutica de interpretação evangélica fora da própria mensagem do Evangelho e fora da Igreja.

Um exemplo: a dado momento, Aparecida sofreu essa tentação sob a forma de assepsia. Foi usado, e está bem, o método de “ver, julgar, agir”. A tentação se encontraria em optar por um "ver" totalmente asséptico, um “ver” neutro, o que não é viável. O ver está sempre condicionado pelo olhar. Não há uma hermenêutica asséptica. Então a pergunta era: Com que olhar vamos ver a realidade? Aparecida respondeu: Com o olhar de discípulo. Assim se entendem os números 20 a 32. Existem outras maneiras de ideologização da mensagem e, atualmente, aparecem na América Latina e no Caribe propostas desta índole. Menciono apenas algumas:

a) O reducionismo socializante. É a ideologização mais fácil de descobrir. Em alguns momentos, foi muito forte. Trata-se de uma pretensão interpretativa com base em uma hermenêutica de acordo com as ciências sociais. Engloba os campos mais variados, desde o liberalismo de mercado até a categorização marxista.

b) A ideologização psicológica. Trata-se de uma hermenêutica elitista que, em última análise, reduz o “encontro com Jesus Cristo” e seu sucessivo desenvolvimento a uma dinâmica de autoconhecimento.
Costuma verificar-se principalmente em cursos de espiritualidade, retiros espirituais, etc. Acaba por resultar numa posição imanente autorreferencial. Não tem sabor de transcendência, nem portanto de missionariedade.

c) A proposta gnóstica. Muito ligada à tentação anterior. Costuma ocorrer em grupos de elites com uma proposta de espiritualidade superior, bastante desencarnada, que acaba por desembocar em posições pastorais de “quaestiones disputatae”. Foi o primeiro desvio da comunidade primitiva e reaparece, ao longo da história da Igreja, em edições corrigidas e renovadas. Vulgarmente são denominados “católicos iluminados” (por serem atualmente herdeiros do Iluminismo). Uma gnose a partir da qual se interpreta o Evangelho e a vida pastoral. Com o início do pontificado, chegam cartas, propostas, inquietudes de fiéis e católicos, com desejos: de que se casem os padres, que se ordenem as freiras, que se dê a comunhão dos divorciados. Não vão ao problema de fundo real, mas a estas pequenas posturas ilustradas que nascem precisamente deste tipo de hermenêutica. [trecho improvisado do discurso]

d) A proposta pelagiana. Aparece fundamentalmente sob a forma de restauracionismo. Perante os males da Igreja, busca-se uma solução apenas na disciplina, na restauração de condutas e formas superadas que, mesmo culturalmente, não possuem capacidade significativa. Na América Latina, costuma verificar-se em pequenos grupos, em algumas novas Congregações Religiosas, em tendências para a “segurança” doutrinal ou disciplinar. Fundamentalmente é estática, embora possa prometer uma dinâmica para dentro: regride. Procura “recuperar” o passado perdido.

2. O funcionalismo. A sua ação na Igreja é paralisante. Mais do que com a rota, se entusiasma com o “roteiro”. A concepção funcionalista não tolera o mistério, aposta na eficácia. Reduz a realidade da Igreja à estrutura de uma ONG. O que vale é o resultado palpável e as estatísticas. A partir disso, chega-se a todas as modalidades empresariais de Igreja. Constitui uma espécie de “teologia da prosperidade” no organograma da pastoral.

3. O clericalismo é também uma tentação muito atual na América Latina. Curiosamente, na maioria dos casos, trata-se de uma cumplicidade viciosa: o sacerdote clericaliza e o leigo lhe pede por favor que o clericalize, porque, no fundo, lhe resulta mais cômodo. O fenômeno do clericalismo explica, em grande parte, a falta de maturidade adulta e de liberdade cristã em boa parte do laicato da América Latina: ou não cresce (a maioria), ou se abriga sob coberturas de ideologizações como as indicadas, ou ainda em pertenças parciais e limitadas. Em nossas terras, existe uma forma de liberdade laical através de experiências de povo: o católico como povo. Aqui vê-se uma maior autonomia, geralmente sadia, que se expressa fundamentalmente na piedade popular. O capítulo de Aparecida sobre a piedade popular descreve, em profundidade, essa dimensão. A proposta dos grupos bíblicos, das comunidades eclesiais de base e dos Conselhos pastorais está na linha de superação do clericalismo e de um crescimento da responsabilidade laical.

Poderíamos continuar descrevendo outras tentações contra o discipulado missionário, mas acho que estas são as mais importantes e com maior força neste momento da América Latina e do Caribe.

Algumas orientações eclesiológicas

1.
O discipulado-missionário que Aparecida propôs às Igrejas da América Latina e do Caribe é o caminho que Deus quer para “hoje”. Toda a projeção utópica (para o futuro) ou restauracionista (para o passado) não é do espírito bom. Deus é real e se manifesta no “hoje”. A sua presença, no passado, se nos oferece como “memória” da saga de salvação realizada quer em seu povo quer em cada um de nós; no futuro, se nos oferece como “promessa” e esperança. No passado, Deus esteve lá e deixou sua marca: a memória nos ajuda encontrá-lo; no futuro, é apenas promessa... e não está nos mil e um “futuríveis”. O “hoje” é o que mais se parece com a eternidade; mais ainda: o “hoje” é uma centelha de eternidade. No “hoje”, se joga a vida eterna.

O discipulado missionário é vocação: chamada e convite. Acontece em um “hoje”, mas “em tensão”. Não existe o discipulado missionário estático. O discípulo missionário não pode possuir-se a si mesmo; a sua imanência está em tensão para a transcendência do discipulado e para a transcendência da missão. Não admite a autorreferencialidade: ou refere-se a Jesus Cristo ou refere-se às pessoas a quem deve levar o anúncio dele. Sujeito que se transcende. Sujeito projetado para o encontro: o encontro com o Mestre (que nos unge discípulos) e o encontro com os homens que esperam o anúncio.

Por isso, gosto de dizer que a posição do discípulo missionário não é uma posição de centro, mas de periferias: vive em tensão para as periferias... incluindo as da eternidade no encontro com Jesus Cristo. No anúncio evangélico, falar de “periferias existenciais” descentraliza e, habitualmente, temos medo de sair do centro. O discípulo-missionário é um descentrado: o centro é Jesus Cristo, que convoca e envia. O discípulo é enviado para as periferias existenciais.

2. A Igreja é instituição, mas, quando se erige em “centro”, se funcionaliza e, pouco a pouco, se transforma em uma ONG. Então, a Igreja pretende ter luz própria e deixa de ser aquele “mysterium lunae” de que nos falavam os Santos Padres.

Torna-se cada vez mais autorreferencial, e se enfraquece a sua necessidade de ser missionária. De “Instituição” se transforma em “Obra”. Deixa de ser Esposa, para acabar sendo Administradora; de Servidora se transforma em “Controladora”. Aparecida quer uma Igreja Esposa, Mãe, Servidora, facilitadora da fé e não controladora da fé.

3. Em Aparecida, verificam-se de forma relevante duas categorias pastorais, que surgem da própria originalidade do Evangelho e nos podem também servir de orientação para avaliar o modo como vivemos eclesialmente o discipulado missionário: a proximidade e o encontro. Nenhuma das duas é nova, antes configuram a maneira como Deus se revelou na história. É o “Deus próximo” do seu povo, proximidade que chega ao máximo quando Ele encarna. É o Deus que sai ao encontro do seu povo. Na América Latina e no Caribe, existem pastorais “distantes”, pastorais disciplinares que privilegiam os princípios, as condutas, os procedimentos organizacionais... obviamente sem proximidade, sem ternura, nem carinho.

Ignora-se a "revolução da ternura", que provocou a encarnação do Verbo. Há pastorais posicionadas com tal dose de distância que são incapazes de conseguir o encontro: encontro com Jesus Cristo, encontro com os irmãos. Este tipo de pastoral pode, no máximo, prometer uma dimensão de proselitismo, mas nunca chegam a conseguir inserção nem pertença eclesial. A proximidade cria comunhão e pertença, dá lugar ao encontro. A proximidade toma forma de diálogo e cria uma cultura do encontro. Uma pedra de toque para aferir a proximidade e a capacidade de encontro de uma pastoral é a homilia. A pastoral é, em última instância, o exercício de maternidade da Igreja. Como são as nossas homilias? Estão próximas do exemplo de Nosso Senhor, que “falava como quem tem autoridade”, ou são meramente prescritivas, distantes, abstratas?

4. Quem guia a pastoral, a Missão Continental (seja programática seja paradigmática), é o bispo. Ele deve guiar, que não é o mesmo que comandar. Além de assinalar as grandes figuras do episcopado latino-americano que todos nós conhecemos, gostaria de acrescentar aqui algumas linhas sobre o perfil do Bispo, que já disse aos Núncios na reunião que tivemos em Roma. Os bispos devem ser pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos, com grande mansidão: pacientes e misericordiosos. Homens que amem a pobreza, quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida. Homens que não tenham “psicologia de príncipes”. Homens que não sejam ambiciosos e que sejam esposos de uma Igreja sem viver na expectativa de outra. É o fenômeno dos bispos polígamos.
 Estão casados com uma, mas esperando ver quando terão a promoção. Homens capazes de vigiar sobre o rebanho que lhes foi confiado e cuidando de tudo aquilo que o mantém unido: vigiar sobre o seu povo, atento a eventuais perigos que o ameacem, mas sobretudo para cuidar da esperança: que haja sol e luz nos corações. Homens capazes de sustentar com amor e paciência os passos de Deus em seu povo. E o lugar onde o bispo pode estar com o seu povo é triplo: ou à frente para indicar o caminho, ou no meio para mantê-lo unido e neutralizar as debandadas, ou então atrás para evitar que alguém se desgarre mas também, e fundamentalmente, porque o próprio rebanho tem o seu olfato para encontrar novos caminhos.

Não quero juntar mais detalhes sobre a pessoa do bispo, mas simplesmente acrescentar, incluindo-me a mim mesmo nesta afirmação, que estamos um pouco atrasados no que a Conversão Pastoral indica. Convém que nos ajudemos um pouco mais a dar os passos que o Senhor quer que cumpramos neste 'hoje' da América Latina e do Caribe. E seria bom começar por aqui.

Agradeço-lhes a paciência de me ouvirem. Desculpem a desordem do discurso e lhes peço, por favor, para tomarmos a sério a nossa vocação de servidores do povo santo e fiel de Deus, porque é nisso que se exerce e mostra a autoridade: na capacidade de serviço. Muito obrigado!"

Bergoglio tornou-se Francisco em Roma, mas virou papa no Rio

Em uma semana no Brasil, o santo padre esclareceu ao mundo seus planos para a Igreja - Luca Zennaro/EfeRIO - Há pouco mais de quatro meses, Jorge Mario Bergoglio era eleito para ocupar o trono de São Pedro em Roma e se tornou Francisco, mas foi no Rio que ele despontou como papa. Em uma semana no Brasil, o santo padre esclareceu ao mundo seus planos para a Igreja, reconheceu as "incoerências" da instituição e não deixou de criticar sacerdotes e bispos. Aos jovens, os alertou que não poderiam "lavar as mãos" diante dos problemas atuais do mundo.

Em uma semana no Brasil, o santo padre esclareceu ao mundo seus planos para a Igreja

Às classes dirigentes e aos políticos, a mensagem foi especialmente dura. O papa atacou a corrupção, pediu que os pobres fossem ouvidos e que os governos sejam responsáveis por toda a sociedade. 

Foi o banho de multidão, no entanto, e, acima de tudo, o impacto de suas mensagens que passaram a dar um conteúdo a seu pontificado e marcar uma nova realidade no Vaticano: o "governo" de Bento XVI acabou e são as ideias de Francisco que vão marcar o ritmo agora da Santa Sé. 

Ao desembarcar no Rio, após 12 horas de voo sem dormir um só minuto, Francisco dava passos cuidadosamente calculados, o que se refletiu em discursos moderados, sem improvisação. Não demorou para que ele começasse a soltar seus ataques frontais às injustiças e não tivesse qualquer complexo em reafirmar dogmas. Não ficariam dúvidas: a forma e os gestos são novos. A prioridade com os pobres é nova, mas não o Evangelho. Os dogmas da Igreja foram reafirmados, mas não como ameaças. 

Pessoas próximas ao papa contam que ele mesmo se dava conta da dimensão da viagem e do cargo ao longo da semana. Seu discurso ganhou uma dimensão internacional e as multidões que atraiu para a Praia de Copacabana impressionaram os mais experientes cardeais. Fontes do Vaticano confirmaram ao Estado que o papa chegou a chorar durante a viagem por causa da emoção.

Um dos aspectos que chamou a atenção de seus assessores foi sua vitalidade. Por anos, o Vaticano e os fiéis se acostumaram à imagem de um papa velho ou doente. Agora, se em diversas vezes o palco e o púlpito foram seu teatro, foi sobre o papamóvel aberto que uma parte substancial de sua missão ocorreu. "Ele estava acostumado apenas a trajetos curtos na Praça São Pedro e, por isso, sentiu um pouco quando chegou ao Rio. Logo gostou da ideia", brincou um de seus assessores. 

De cima do carro, ele bebeu chimarrão, era alvo de centenas de bandeiras e mexia de um lado ao outro. Para o papa, o momento mais importante de sua viagem foi sua presença numa favela, revelam seus assessores. Fez o que sempre fazia em Buenos Aires, mas, desta vez, visto pelo mundo todo. O Vaticano não nega: a viagem marca um ruptura de fato entre os pontificados de Bento XVI e Francisco. 

Após a missa deste domingo, um de seus assistentes comentou com o papa que a viagem já estava chegando ao fim e ouviu, como resposta, algo tipicamente de um santo padre que sabe que não tem tempo a perder. O Rio, segundo ele, era só o início de um caminho. Porém, tanto Francisco quanto o Vaticano sabem: o caminho da reforma será dos mais difíceis e não há qualquer garantia de que os fiéis serão resgatados e que a Igreja voltará a ser ator importante na sociedade.

sábado, 27 de julho de 2013

Na vigília, papa retoma discurso de apelo aos jovens

Na última noite da Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco fez um discurso repleto de expressões informais, referências ao futebol e às manifestações populares, não só no Brasil, mas em vários países. O papa pediu que os jovens não se submetam a modismos, sejam autênticos e que "suem a camisa" na vivência da religião. 

"Hoje tenho certeza que a semente está caindo numa terra boa, sei que vocês querem ser um terreno bom, não querem ser cristãos pela metade, nem engomadinhos, nem cristãos de fachada, mas sim autênticos. Tenho a certeza de que vocês não querem viver na ilusão de uma liberdade que se deixe arrastar pelas modas e conveniências do momento", disse.

O pontífice pediu que os jovens "sejam os verdadeiros atletas de Cristo" e disse que Jesus oferece algo "muito superior" à Copa do Mundo. "Jesus nos pede que sigamos por toda a vida, pede que sejamos seus discípulos, que ''joguemos no seu time''. Acho que a maioria de vocês ama os esportes. E aqui no Brasil, como em outros países, o futebol é uma paixão nacional. O que faz um jogador quando é convocado para jogar em um time? Deve treinar e muito! Também é assim na nossa vida de discípulos do Senhor", pregou. 

"Queridos amigos, não se esqueçam: vocês são o campo da fé! Vocês são atletas de Cristo! Vocês são construtores de uma Igreja mais bela e de um mundo melhor", disse o papa para os jovens que desde a manhã circulavam pela orla de Copacabana e assistiram a shows de grandes nomes da música católica, como os padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo e a banda Rosa de Saron.

Assim como a missa de encerramento, prevista a manhã de domingo, a vigília foi transferida de Guaratiba, na zona oeste, para a Praia de Copacabana, na zona sul, por causa das chuvas, que transformaram o terreno onde inicialmente seriam realizados os dois últimos eventos da Jornada em um grande lamaçal. "Quando nosso coração é uma terra boa que acolhe a palavra de Deus, quando se ''sua a camisa'' procurando viver como cristãos, nós experimentamos algo maravilhoso: nunca estamos sozinhos", disse o pontífice.

Em referência ao nome como era chamado o terreno que abrigaria a vigília em Guaratiba, Campus Fidei (Campo da Fé), o papa lembrou a parábola do semeador, em que sementes caem em terrenos pedregosos e não germinam, enquanto outras caem em terras férteis. Francisco usou expressões familiares aos jovens para traduzir os princípios religiosos. Antes, pediu que os jovens sejam missionários na construção da uma nova Igreja.

 "Jesus nos oferece algo muito superior que a Copa do Mundo! Oferece-nos a possibilidade de uma vida fecunda e feliz e nos oferece também um futuro com Ele que não terá fim: a vida eterna. Jesus porém nos pede que treinemos para estar ''em forma'', para enfrentar, sem medo, todas as situações da vida, testemunhando nossa fé", afirmou.

Mais uma vez o pontífice mostrou a preocupação em falar de temas da atualidade que chamam atenção da juventude ou que têm os jovens como protagonistas. Ressaltou, porém, a parcela de responsabilidade de cada um no esforço por mudança. "Acompanhei atentamente as notícias a respeito de muitos jovens que, em tantas partes do mundo, saíram pelas ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna.
 
 Mas, fica a pergunta: por onde começar, quais são os critérios para a construção de uma sociedade mais justa? Quando perguntaram a Madre Teresa de Calcutá o que devia mudar na Igreja, ela respondeu: você e eu!" Francisco pediu empenho para construção de uma Igreja grande, "que possa acolher toda a humanidade" e não apenas "uma capelinha, onde cabe apenas um grupinho de pessoas".

Jornada Mundial da Juventude bate recorde com público de 3 milhões no Rio

Orla carioca ficou mais cheia do que nas festas de fim de ano
 
Orla carioca ficou mais cheia do que nas festas de fim de ano - Fábio Motta/AEA Jornada Mundial da Juventude atingiu neste sábado, 27, um recorde com 3 milhões de pessoas em Copacabana, segundo a organização do evento católico. O número de fiéis equivale ao dobro do público registrado nas festas de fim de ano na orla carioca, de acordo com os dados da Prefeitura do Rio de Janeiro. Os peregrinos foram até Copacabana para assistir à abertura da vigília da Jornada Mundial da Juventude, que termina neste domingo, 28.     

No fim da tarde, o papa Francisco deixou a residência Assunção, no Centro de Estudos do Sumaré, e foi levado de helicóptero até o Forte da Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. De lá, o pontífice seguiu de papamóvel pela Avenida Atlântica e acenou para os peregrinos ao longo do trajeto. Pelo menos quatorze seguranças acompanharam o veículo papal ao longo do percurso em Copacabana. 

Enquanto Francisco cumprimentava os fiéis, um cortejo carregou a Cruz Peregrina até o palco principal montado para o evento. Como em outros dias de sua visita ao Brasil, o pontífice beijou bebês levados pelos seguranças e abençoou os jovens que foram ao evento católico. O líder da Igreja Católica chegou a descer mais de uma vez do papamóvel para apertar a mão de fiéis, que ficaram entusiasmados com a presença de Francisco. 

Vários presentes, como bandeiras e imagens, também foram jogados pelos peregrinos ao pontífice no papamóvel. Pouco antes de chegar à Copacabana, o papa publicou uma mensagem aos seus seguidores em sua conta no Twitter: "Queridos jovens, possam vocês aprender a rezar todos os dias: esse é o modo de conhecer Jesus e fazê-Lo entrar na própria vida".

À espera do papa Francisco, a multidão lotou a praia de Copacabana durante a tarde ouvindo apresentações de bandas e cantores católicos, como o Padre Fábio de Melo. As apresentações ocorreram no palco montado perto do Leme e alto falantes e telões espalhados ao longo da Avenida Atlântica reproduziram os shows por praticamente toda a orla.

Papa pede respeito às religiões e diálogo entre políticos e manifestantes

"A cultura do encontro é a única que pode fazer uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer", disse Francisco

Papa Francisco no Theatro Municipal do Rio de Janeiro Foto: Terra TV / ReproduçãoO papa Francisco fez um chamado ao diálogo entre os políticos brasileiros e os manifestantes que neste ano começaram a ir às ruas exigindo mudanças nos serviços públicos e o combate à corrupção. Durante o encontro com autoridades políticas, diplomáticas, religiosas, acadêmicas e empresariais no Theatro Municipal do Rio, o Pontífice disse que o diálogo construtivo é fundamental para enfrentar o momento atual: "O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade", disse, afirmando que um país cresce quando se abrem ao diálogo com suas riquezas culturais.

Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade.
 
Papa Francisco
 
"Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo," afirmou na parte final de seu discurso. Ele pediu ainda que dentro do seu papel laico, o Estado respeite e valorize a contribuição das tradições religiosas de um país. "Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade", afirmou. O papa Francisco disse também que é preciso que todos se respeitem. "A cultura do encontro é a única que pode fazer uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer", disse, apostando em apenas uma palavra: "Diálogo, diálogo e diálogo".

O Papa falou também sobre a dinâmica cultural brasileira, povo que disse "amar", com sua capacidade de integrar elementos diversos. Ele aposta na importância da religião para que o Brasil possa logo superar o momento conturbado socialmente por que passe: "O cristianismo une transcendência e encarnação; sempre revitaliza o pensamento e a vida, frente à desilusão e o desencanto que invadem os corações e saltam para a rua," disse.

Ele tocou ainda no tema da responsabilidade social e pediu que a sociedade seja firme na inclusão econômica e nos valores éticos. "O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza", afirmou, pedindo que ninguém seja privado do necessário e voltou a falar em favor dos oprimidos, citando o profeta Amós: "Esmagam a cabeça dos fracos com o pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível". "Os gritos por justiça continuam ainda hoje", comentou o Papa. 

Alertou aos governantes de que é preciso ter objetivos muito concretos quando se detém a função de guia. "Pode haver, porém, o perigo da desilusão, da amargura, da indeferença, quando as aspirações não se cumprem", afirmou, num recado direto à classe dirigente e pedindo responsabilidade e sentido ético. "Esse sentido ético aparece, nos nossos dias", como um desafio histórico sem precedentes. Impõe-se o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária", concluiu.

Teatro lotado

Cerca de 2 mil convidados, representando diversos segmentos da sociedade civil brasileira, lotaram o Theatro Municipal do Rio para o encontro com o papa Francisco. O presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, disse que a forma como o Papa se comunica é completamente diferente do que se tem visto e traz esperança. “E esperança é tudo o que precisamos."

Vieira destacou que o papa Francisco incentiva os jovens a irem às ruas e combater a corrupção. “Vão para as ruas, façam política com P maiúsculo. Essa é uma brutal esperança para a sociedade mundial e brasileira."
Para o jornalista e escritor Cícero Sandroni, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), o Papa está trazendo ao Rio de Janeiro um fervor católico e uma fé religiosa que poucas vezes se viram no Brasil. “Nunca vi uma coisa tão bonita como essa. Uma maravilha, pena que esteja tão desorganizada”, disse Sandroni, que participou do Congresso Eucarístico Internacional no Rio de Janeiro na década de 1950. 

Antes de seu discurso, o Papa ouviu a história de vida do jovem Walmyr Junior, morador da favela Marcílio Dias, no Complexo da Maré, e que emocionou a todos. Ele falou sobre as dificuldades por que passa um jovem numa comunidade dominada pelo tráfico de drogas. "Experimentei drogas e foi um convite da minha paróquia, que me convidou para um trabalho de voluntariado, que me mudou a vida", relatou. O jovem formou-se em História na PUC-Rio.

Walmyr aproveitou para lembrar os 20 anos da chacina da Candelária e as vítimas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), no início do ano.  Depois de seu relato, ele deu um abraço demorado no Papa, que ficou emocionado com o que ouviu e deu sua benção ao jovem.
Papa Francisco no Brasil

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2013 ocorre entre os dias 23 e 28 de julho, no Rio de Janeiro. O evento, realizado a cada dois ou três anos, promove um encontro internacional de jovens católicos com o Papa. A última edição da JMJ ocorreu em 2011, em Madri, na Espanha, e reuniu cerca de 2 milhões de pessoas, de mais de 190 países. O JMJ 2013 marca também a primeira grande visita internacional do papa Francisco desde sua nomeação como líder máximo da Igreja Católica, em 13 de março deste ano.

Papa pede aos jovens que saiam às ruas

O papa Francisco ficou animado em seu encontro com jovens argentinos, nesta quinta, na Catedral de São Sebastião, no centro. Logo na chegada, ao ver que havia muita gente do lado de fora, ele fez questão de se dirigir a muitos dos que não conseguiram entrar na igreja.

Em seguida, acompanhado do arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, e do presidente da Conferência Episcopal da Argentina e arcebispo de Santa Fé, monsenhor José María Arancedo, o pontífice entrou na catedral, que estava lotada, e foi saudado pelos jovens presentes.

“Esta é a juventude do papa”, diziam os jovens que, na sequência, gritavam o nome do país deles: “Argentina, Argentina, Argentina”. No caminho até o altar, Francisco cumprimentou muitos jovens.

No início da mensagem, o papa fez um agradecimento aos organizadores da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), por terem encontrado um lugar em que pudesse estar com os jovens argentinos, conforme tinha pedido. Em seguida, reforçou o conceito de evangelização. “Quero dizer o que espero como consequência da jornada. Quero que saiam fora. Quero que a igreja saia às ruas”, pediu à atenta plateia.

Francisco pediu que os jovens não se esqueçam dos mais velhos. “Penso que, neste momento em que a civilização mundial está voltada para o culto ao dinheiro e presenciamos uma filosofia de exclusão dos grupos de idosos. Não cuidam dos anciães, não os deixam falar.”

Para ele, os jovens precisam respeitar a sabedoria dos mais velhos. “Deixem-nos falar. Neste momento, os jovens e os anciães estão condenados ao mesmo destino. Não se deixem excluir", recomendou o pontífice. Em seguida, perguntou aos fiéis se estavam claras as recomendações e foi protamente respondido, de forma afirmativa, pelos jovens argentinos que lotavam a catedral.

Mais uma vez, Francisco destacou as dificuldades de emprego que os jovens enfrentam, em uma civilização que, segundo ele, não cuida deles, nem dos idosos. “Há exclusão dos jovens. O percentual de jovens sem trabalho e sem emprego é muito alto. É uma geração que não tem experiência da dignidade vinda do trabalho", afirmou o papa.
  "A civilização nos está levando a excluir as duas pontas que são são o nosso futuro. Os jovens têm que sair e se fazer valer. Os jovens têm que sair a lutar pelos seus valores. E os anciães precisam abrir a boca e nos ensinar e nos transmitir a sabedoria do povo”, completou.
Francisco encontroun argentinos na Catedral de São Sebastião (Foto: Divulgação) 
Ao encerrar a mensagem a seus compatriotas, Francisco pediu, como vem fazendo em todos os encontros da jornada, que rezem por ele. “Necessito das orações de vocês, necessito muito."

No fim do encontro, ele benzeu a cruz e a imagem de Nossa Senhora, que passar por todas as paróquias da Argentina e repetiu: “Não se esqueçam. Cuidem dos dois extremos de nossa vida e da história dos povos, que são os anciões e os jovens. E não se afastem da fé.”

Depois de rezar a Ave Maria, o papa fez uma oração e pediu que Jesus ensine os jovens a saírem às ruas para levar a palavra da Igreja.

* Com informações, Agência Brasil

Papa critica liberalização de drogas na América Latina

Na visita ao Hospital São Francisco de Assis, na zona Norte do Rio, o papa Francisco atacou nesta quarta-feira os projetos de liberalização das drogas na América Latina e acusou traficantes de serem os "mercadores da morte". Na primeira vez que fala publicamente sobre o problema das drogas desde o início de seu pontificado, o argentino deu as primeiras indicações de que, se seus gestos são novos e sua simpatia o transformou em um ícone global, ele não está disposto a mudar posições tradicionais da Igreja.
 
A crítica à liberalização das drogas ocorreu enquanto visitava o hospital, que atende dependentes de drogas, e depois de se reunir com cinco pacientes. "Não é deixando livre o uso de drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química", declarou. O Uruguai já liberou o consumo de maconha, enquanto outros países na região avaliam propostas similares.
 
Para ele, a solução não vem da liberalização, mas de uma estratégia para "enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança ao futuro". E atacou também o narcotráfico: "São tantos os 'mercadores da morte' que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo custo", disse. "A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da sociedade inteira um ato de coragem."
 
O papa Francisco ainda atacou o egoísmo da sociedade por não dar atenção suficiente aos dependentes de drogas. "Precisamos abraçar quem tem necessidade", disse. "Há tantas situações no Brasil e no mundo que reclamam a nossa atenção, cuidado, amor, como a luta contra a dependência química", declarou. "Frequentemente, porém, nas nossas sociedades, o que prevalece é o egoísmo", afirmou.

* Com informações, Estadão Conteúdo

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Papa Francisco promete retornar ao Brasil em 2017

Após celebrar missa em português no interior da Basílica do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, o papa Francisco cumprimentou fiéis e religiosos no interior da Igreja e seguiu, por volta das 12h40min, para a Tribuna Bento XVI, na parte externa do santuário. Com a imagem da santa padroeira, o papa fez o sinal da cruz, abençoando os fiéis.
O papa Francisco desfila no papamóvel pelas ruas da cidade.  
A bênção foi feita em espanhol e Francisco pediu que os fiéis rezem por ele. O pontífice prometeu retornar à basílica em 2017, quando completam-se 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba. Os devotos que estão mais próximos do pontífice ficam a cerca de 15 metros da tribuna, em uma área reservada com cadeiras.

Entre esses fiéis que estão nas cadeiras e os demais romeiros existe um cordão de isolamento feito por policiais e agentes de segurança. Nesse local, as pessoas estão em pé e aglomeradas. A extensão de pessoas, partindo da tribuna, alcança uma distância de cerca de um quilômetro. Elas acenam com bandeirinhas enquanto entoam cânticos católicos.

Após as celebrações em Aparecida, o papa almoçou com o séquito papal, os bispos da Província Eclesiástica de Aparecida e estudantes do Seminário Bom Jesus, localizado na cidade.

O pontífice retornou ao Rio de Janeiro, onde participa de uma visita ao Hospital São Francisco da Providência de Deus, às 18h30min

Fonte: Agência no Brasil

Francisco destaca os grandes desafios para atender às demandas dos jovens

Em seu discurso na cerimônia de boas-vindas no Palácio Guanabara, o papa Francisco agradeceu a Deus por permitir que na primeira viagem de seu pontificado lhe fosse permitido voltar "à amada América Latina, e em especial, ao Brasil". Francisco disse ter aprendido que "para ter acesso ao povo brasileiro é preciso ingressar pelo portal de seu imenso coração. Por isso, permito-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês"."Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo", disse o papa Francisco, sob aplausos dos presentes à cerimônia. "Venho em Seu nome, para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração. Desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: a paz de Cristo esteja com vocês".
Francisco e Dilma conversam no Palácio Guanabara.
Depois de agradecer à presidente Dilma Rousseff pelo discurso de boas-vindas, "que externou a alegria dos brasileiros por minha presença em sua pátria", e dar seus cumprimentos às demais autoridades, o papa Francisco se referiu aos bispos brasileiros. "Aos quais repousa a tarefa de guiar o rebanho nesse imenso país". Segundo o papa, "minha visita outra coisa não quer senão continuar a missão pastoral própria do bispo de Roma, de confirmar os seus irmãos na fé em Cristo, de animá-los a testemunhas as razões da esperança que dele vem e de incentivá-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas de seu amor".

Em seguida, Francisco se referiu ao motivo principal de sua presença no Brasil. "Vim para a Jornada Mundial da Juventude. Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem agasalhar-se no seu abraço para, junto de seu coração, ouvir de novo o seu potente e claro chamado: ide e fazei discípulos entre todas as nações".

O papa destacou a diversidade dos jovens reunidos no Rio para a JMJ. "Estes jovens provêm dos diversos continentes, falam línguas diferentes, são portadores de variadas culturas e, todavia, em Cristo encontram as respostas para suas mais altas e comuns aspirações e podem saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico", disse.

Ainda sobre os jovens, Francisco destacou que "Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade". O papa disse também ter consciência de que "ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas gerações".

Para Francisco, a juventude nos impõe grandes desafios. "A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço; isso significa tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica".

Francisco finalizou o discurso propondo "um diálogo de amigos" com a nação brasileira. "na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do papa. Depois de amanhã, se Deus quiser, tenho em mente recordar-lhes todos a Nossa Senhora Aparecida, invocando sua proteção materna sobre seus lares e famílias. Desde já a todos abençoo. Obrigado pelo acolhimento".

Agência Brasil