Na visita ao Hospital São Francisco de Assis, na zona Norte do Rio, o
papa Francisco atacou nesta quarta-feira os projetos de liberalização
das drogas na América Latina e acusou traficantes de serem os
"mercadores da morte". Na primeira vez que fala publicamente sobre o
problema das drogas desde o início de seu pontificado, o argentino deu
as primeiras indicações de que, se seus gestos são novos e sua simpatia o
transformou em um ícone global, ele não está disposto a mudar posições
tradicionais da Igreja.
Para ele, a solução não vem da liberalização, mas de uma estratégia
para "enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas,
promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que
constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando
esperança ao futuro". E atacou também o narcotráfico: "São tantos os
'mercadores da morte' que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo
custo", disse. "A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e
que semeia a dor e a morte, exige da sociedade inteira um ato de
coragem."
O papa Francisco ainda atacou o egoísmo da sociedade por não dar
atenção suficiente aos dependentes de drogas. "Precisamos abraçar quem
tem necessidade", disse. "Há tantas situações no Brasil e no mundo que
reclamam a nossa atenção, cuidado, amor, como a luta contra a
dependência química", declarou. "Frequentemente, porém, nas nossas
sociedades, o que prevalece é o egoísmo", afirmou.
* Com informações, Estadão Conteúdo