Retirada de vagas em trechos como a rua Saldanha Marinho pode ser executada
nos próximos meses
Discutida fortemente nos últimos anos, a necessidade de
retirada de estacionamento em algumas ruas do Centro deve voltar ao
debate nos próximos meses. A secretaria de Gestão Integrada e Mobilidade
Urbana está estudando uma forma de reduzir as vagas ocupadas pela Zona
Azul, especialmente em áreas de grande movimentação de veículos, como a
rua Saldanha Marinho, por onde a ação deve iniciar.
O objetivo é melhorar o fluxo de carros e motos e preparar alguns
trechos para a possibilidade de receber futuras vias exclusivas para
ônibus. Outros exemplos de locais que podem sofrer intervenções
semelhantes são a rua Barão do Rio Branco, também no Centro, e a avenida
Osvaldo Aranha, na Cidade Alta.
Hoje, a legislação municipal que regula o sistema rotativo,
controlado por parquímetos, prevê a instalação máxima de 1,2 mil vagas
em locais definidos pela prefeitura. Entretanto, a ocupação, conforme a
administração municipal, fica em aproximadamente 850 espaços deste tipo,
em média. Mesmo assim, o cenário já é considerado crítico para o
tráfego diário, principalmente em horários de pico.
Em janeiro
A redução poderia ser executada já em janeiro de 2014, período em
que, normalmente, há uma diminuição da quantidade de veículos nas ruas
em função do período de férias. “Se não fizermos algo logo, vamos entrar
em colapso total. Claro que no começo sempre há resistências, mas temos
que educar a população para essa mudança de cultura. Nesse caso,
haveria um tempo maior para a adaptação e aceitação”, argumenta o
secretário, Mauro Moro.
Além de uma provável contrariedade de comerciantes, um dos entraves a
ser vencido é o contrato com a Rek Parking, que detém a concessão para
explorar o serviço na cidade até 2018. De acordo com o secretário, o
material está sendo analisado para evitar possíveis problemas jurídicos.
Ele cita ainda a presença de um grande número de estacionamentos
particulares na região central como alternativa para que os motoristas
tenham onde deixar seus carros. “Muitas pessoas sempre reclamam que não
há onde estacionar no Centro, e sabemos que isso não é verdade. O que
há, em muitos casos, é gente que não quer pagar. Outra questão que temos
que pensar é que as pessoas, inevitavelmente, precisarão caminhar um
pouco mais”, completa.
De acordo com o secretário, a limitação de alguns horários para
impedir estacionamento não seria suficiente e tampouco viável, pois
exigiria um controle mais intensivo dos agentes de trânsito. “Certamente
não teríamos condições de fiscalizar, e acabaríamos criando um novo
problema”, conclui Moro. As permissões para carga e descarga, contudo,
podem sofrer alterações – porém, a intenção de fixar a atividade entre
20h e 6h depende de nova lei.
Polêmica antiga
Levantar a possibilidade de retirada de estacionamentos em Bento é
também abrir espaço para antigas polêmicas retornarem. O assunto já foi
abordado pelo SERRANOSSA em fevereiro de 2012, quando a prefeitura
cogitou remover vagas entre a avenida São Roque e a rua Nelson Carraro,
no Santo Antão, para criar um corredor exclusivo para o transporte
coletivo ligando as duas áreas da cidade. Na época, o cálculo informal
feito pela reportagem apontou a remoção de até 750 lugares para carros. O
trecho em questão – que abrange vias como a Guilherme Fasolo, Osvaldo
Aranha, 10 de Novembro e Fortaleza – também está nos planos da atual
administração para receber uma pista somente para ônibus, mas ainda sem
previsão de implantação. “Se formos pensar em verdadeiras melhorias para
o transporte coletivo, temos que pensar em algo assim”, afirma o
secretário Mauro Moro.
“Haverá reação”
O diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Bento
Gonçalves (Sindilojas), Valério Pompermayer, reconhece como “boa e
necessária” a melhoria do fluxo na Saldanha Marinho, mas afirma que o
assunto – discutido há bastante tempo pelo projeto Viva Bento, grupo do
qual a entidade faz parte – é polêmico. “Nossa posição é de defender
quem nós representamos, que são os lojistas, mas aqui há duas questões
muito importantes que estão em sentidos opostos. É uma causa que caberá à
prefeitura administrar, porque certamente haverá reação dos lojistas,
assim como houve com relação ao projeto da Rua Coberta”, destaca.
Fonte Jornal SerraNossa - Reportagem: Jorge Bronzato Jr.
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