Anúncio de que projeto paranaense receberia recursos do PAC não deve mudar planejamento local
O recente anúncio de que a proposta de implantação do trem
regional de passageiros ligando as cidades de Londrina e Maringá, no
Paraná, receberá recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
para elaboração de projetos executivos pareceu, em um primeiro momento,
um banho de água fria nas lideranças da Serra Gaúcha envolvidas com o
tema. Entretanto, de acordo com o secretário municipal de Gestão
Integrada e Mobilidade Urbana, Mauro Moro, o fato de o trecho paranaense
ter sido contemplado com recursos federais não deve mudar o
planejamento local para que o modal ferroviário entre em funcionamento
entre Bento Gonçalves e Caxias do Sul, passando por Farroupilha,
Garibaldi e Carlos Barbosa.
Publicada no Diário Oficial da União (DOU) ainda no final de junho, a
garantia de financiamento para o projeto batizado como “Trem Pé
Vermelho” é resultado da aprovação de um pedido aprovado pelo governo
federal ainda em abril de 2012. Mesmo assim, Moro entende que a região
serrana ainda se mantém bem posicionada por já ter todos os estudos de
viabilidade prontos e, principalmente, debatidos em audiência pública,
que ocorreu em Bento em dezembro de 2013.
Na ocasião, o assessor da Diretoria Geral da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT) e coordenador dos grupos de trabalho que
discutem o assunto, José Queiroz de Oliveira, ressaltou que a região
teria prioridade. Como contrapartida, porém, ele cobrou agilidade das
prefeituras para pleitear junto à bancada gaúcha na Câmara dos Deputados
a inclusão de emendas que destinassem recursos de pelo menos R$ 5
milhões para os projetos executivos. Por enquanto, é exatamente nesta
etapa que a iniciativa parou nos trilhos.
Falta, a partir de agora, justamente a mobilização política para que o
governo gaúcho insira a reivindicação por verbas de Brasília no Sistema
de Convênios (Siconv), processo indispensável que pode transcorrer de
forma bastante lenta – primeiro, pela proximidade do período eleitoral,
e, na sequência, pela tradicional burocracia no meio público, que fez
com que o pedido do Paraná levasse mais de dois anos para ter
confirmação. “Para este ano, já não podemos esperar mais nada. Fica tudo
para 2015, mas acredito que estamos bem adiantados. Não estou surpreso
com a aprovação do recurso para o Paraná, até porque não era algo novo.
Precisamos que o próximo governo do Estado tome a frente e faça o
mesmo”, destaca Moro.
Os dois projetos
Consideradas as mais adiantadas entre as 14 selecionadas no país, as
propostas dos trechos Bento Gonçalves – Caxias do Sul e Londrina –
Maringá têm como principal diferença as distâncias que serão abrangidas
pelos Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) e, por consequência, variação
nos investimentos e no número de cidades contempladas.
A rota gaúcha prevê uma linha principal de 45km, unindo Bento e
Caxias, e passando por Farroupilha. Nesse caso, seriam construídos 33km
novos de malha ferroviária e aproveitados 12 da atual. Garibaldi e
Carlos Barbosa se conectariam ao sistema por um ramal de integração, com
outros 15km. Nesse caso, o custo seria de aproximadamente R$ 390
milhões.
O projeto paranaense trabalha com a construção de uma nova ferrovia,
com 152km de extensão e tráfego mútuo de cargas e passageiros, ao lado
do atual traçado, que já é considerado esgotado. No total, 13 cidades
seriam interligadas, ao custo estimado de R$ 700 milhões.
Reportagem: SerraNossa - Jorge Bronzato Jr.
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