Segundo o prefeito da capital, José Fortunati, o incêndio destruiu metade do prédio histórico.
As chamas foram controladas após as 22h
Um incêndio de grandes proporções atingiu um dos
principais prédios de Porto Alegre (RS), o Mercado Público, localizado
na região central, ao lado da prefeitura municipal. As chamas começaram
às 20h34, segundo o Corpo de Bombeiros. Logo depois, o prefeito José
Fortunati (PDT) chegou ao local e confirmou que "dois dos quatro
quadrantes foram consumidos". Ninguém ficou ferido.
"Não temos vítimas, isso tranquiliza do ponto de vista
humano. Mas é um patrimônio histórico, cultural e turístico da cidade,
dá uma dor no coração. Não imaginei assitir a um espetáculo tão triste",
lamentou Fortunati. Ele também disse que não há informações sobre as
causas do incêndio.
"Vamos apurar depois, o mais importante é apagar as
chamas", completou o prefeito. Próximo a ele, um grupo de mais de 100
pessoas protestava e gritava palavras de ordem contra o Poder Público.
O fogo teria começado no andar superior do prédio e se
alastrado rapidamente para o segundo andar.
Em poucos minutos, o
histórico edifício parecia totalmente condenado, tamanha era a força das
labaredas. Em frente ao Mercado Público, as pessoas estavam perplexas e
revoltadas com a ação do Corpo de Bombeiros.
Carlos Munhoz, 62 anos, presenciou o começo do incêndio e
criticou a ação dos oficiais. "Houve muita demora para o desligamento
da energia elétrica. No hidrante em frente ao terminal Parobé, os
bombeiros tiveram que usar marreta para liberar a água", disse ele.
Outro morador da capital que presenciou o início das
chamas, Rudimar Brites, 51 anos, disse que estava em uma lanchonete em
frente ao mercado.
"Vi quando os Bombeiros chegaram, mas eles tiveram
muita dificuldade, o hidrante não funcionava. Soltou jatos e parou.
Faltou preparo e pessoal", criticou.
Questionados pelo Terra, servidores do
Corpo de Bombeiros confirmaram que só contavam com uma escada mecânica
para controlar o incêndio. A escada magirus chegou ao local somente por
volta das 22h.
Estou muito triste e revoltado porque o Mercado faz
parte da vida da gente. Ao mesmo tempo estou revoltado com a
ineficiência dos Bombeiros, disse: Sérgio Sauer,
vendedor.
A proprietária de uma das lojas do Mercado Público,
conhecida como Banca da Ione, passou mal e precisou ser socorrida por
uma equipe de resgate. Um dos fornecedores da banca, que distribui
mercadorias no prédio desde 1980, estava no local e manifestou
indignação com a ação dos Bombeiros.
"Estou muito triste e revoltado
porque o Mercado faz parte da vida da gente. Ao mesmo tempo estou
revoltado com a ineficiência dos Bombeiros. Quando chegamos aqui havia
apenas um carro, se fosse num prédio longe até entenderíamos, mas no
centro da cidade deveria resolver imediatamente", disse Sérgio Sauer.
Após as críticas dos comerciantes e de pessoas que
presenciaram o começo do incêndio, o prefeito reconheceu que o efetivo
dos Bombeiros não era suficiente para um incêndio dessa proporção, mas
negou que os hidrantes apresentaram problemas. "Acho que infelizmente
ainda se tem uma estrutura pequena para combater grandes incêndios, mas
os hidrantes estão funcionando", justificou.
Comando dos Bombeiros nega falta de efetivo
O comandante-geral da Brigada Militar, Fábio Fernandes, negou a afirmação do prefeito de que havia falta de efetivo para controlar as chamas, embora não soubesse afirmar quantas viaturas foram deslocadas para o local. Fernandes também disse que não houve problema de estrutura. "Não faltou água e não faltou equipamentos. Todos os hidrantes estão funcionando", garantiu.
Segundo ele, as chamas foram controladas. "Atacamos
inicialmente a parte lateral, onde se estabeleceu inicio do incêndio, e
depois fomos com a escada mecânica em direção ao fundo. Essa foi
estratégia que adotamos. Nós tivemos todas as guarnições (de Porto
Alegre) acionadas, inclusive da região metropolitana".
O secretário estadual da Segurança, Airton Michels,
também defendeu a atuação das equipes de resgate. "Não houve falta de
efetivo. Empregamos 20 caminhões para evitar que o fogo se alastrasse
ainda mais", disse ao afirmar que a dificuldade se deve à estrutura do
prédio, composta principalmente por madeira.
Hélio Oliveira, da coordenação da Defesa Civil
municipal, disse que pediu para todas as pessoas que estavam no local
que se afastassem porque havia riscos de intoxicação devido à fumaça.
Ele ainda afirmou que o rescaldo do incêndio será feito a partir de
amanhã, quando prefeitura deve divulgar um balanço sobre os estragos.
"Não entrei dentro do prédio, mas a parte de cima ficou totalmente
abalada".
Mercado Público
Um dos principais cartões postais de Porto Alegre, o Mercado Público já registrou outros três incêndios em seus 140 anos de história: em 1912, 1972 e 1979, este último no ano em que foi tombado como Patrimônio Histórico e Cultural do Município. Na década de 1990 o prédio passou por uma restauração em toda a estrutura, que durou sete anos.
Fonte: Portal Terra (www.terra.com.br)
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