Depois
de um período de forte queda, o real foi a moeda que mais subiu desde o
início do mês, entre 31 países selecionados, incluindo os desenvolvidos
e os principais emergentes. O levantamento foi elaborado pela CMA,
empresa de tecnologia e informações financeiras.
A moeda
brasileira avançou 5,21% em relação ao dólar, do início de setembro até o
dia 18. A trajetória de alta, no entanto, já estava acentuada desde que
o Banco Central anunciou que faria leilões diários de venda de dólares
no mercado futuro.
Vale lembrar que, antes desse surto de alta, o
real estava caindo fortemente em relação ao dólar. Do início de agosto
até o dia 22 (data em que o Banco Central anunciou que faria leilões
diários de venda de dólar no mercado futuro), o real recuou 5,53%, tendo
a maior perda entre as 31 moedas analisadas pela CMA.
Entrevista
O economista-chefe da CMA, Carlos Lima, autor do levantamento, concedeu a entrevista abaixo ao blog Achados Econômicos.
Por que o real subiu mais do que as outras moedas?
Foram
dois fatores. Primeiro, o impacto da decisão do BC em entrar
pesadamente no mercado de câmbio. Na época [22 de agosto], o BC foi
claro: quem estaria entrando para especular, sofreria um impacto devido a
um grande player [o BC] vendendo.
Depois, passou a haver uma desconfiança em relação à possibilidade de o Fed [Federal Reserve, o banco central dos EUA]
retirar os estímulos. A meu ver, o mercado, que antes acreditava que o
Fed iria retirar, passou a avaliar se ia retirar mesmo e se, caso
retirasse, em quanto seria essa redução.
Então o real continua sendo uma das moedas mais voláteis, entre as maiores economias?
Sim.
Existe um peso enorme da variável dólar na nossa economia, e isso está
sendo demonstrado na variação do real. entre 80% e 90% das empresas
listadas no Ibovespa (principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo)
sofrem impacto do dólar.
Na sua visão, o real deve continuar subindo mais que as outras moedas?
A ideia do Fed de prorrogar a decisão [de retirar os estímulos] joga,
para o mercado, uma certa especulação, o que gera volatilidade.
Então, num curto prazo, me parece que o real encontrou um certo
parâmetro, variando entre R$ 2,20 e R$ 2,25. Mas, quando o Fed começar a
retirar os estímulos, o real tende a voltar a se desvalorizar.
Fonte: www.uol.com.br