Associações enfrentam problemas como falta de licença de operação e EPIs
Nesta semana, o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
(Condema) votou – a pedido da secretaria do Meio Ambiente (Smmam) – os
primeiros recursos do ano, que sairiam do caixa do Fundo e não da
prefeitura. Somente as duas associações que estão regulares em seus
locais de funcionamento, a JSA Vidros e a Jardim Glória, tiveram os
pedidos financeiros aprovados, e terão depósitos retroativos ao primeiro
trimestre, com R$ 4 mil e R$ 6 mil para cada mês, respectivamente.
De acordo com o presidente do Condema, Luiz Ricardo Espeiorin, o
aviso já havia sido dado ainda no ano passado. “O Conselho avisou que,
naquela época, aprovaria pela última vez os repasses para todos. Depois,
ganhariam somente os que estivesse regulares. É inadmissível que a
gente aprove verbas para os que não têm licenciamento ambiental, por
exemplo”, ressalta.
Há poucos dias, o próprio Condema remeteu à Smmam um ofício
solicitando informações a respeito da situação de cada uma das seis
associações impedidas de acessar dinheiro público. A resposta ao
documento indicará quais precisarão promover adequações mais
significativas e, nos casos menos complexos, poderá agilizar os
repasses. “Para as que tiverem a possibilidade de licenciamento,
poderemos fazer uma reunião extraordinária e aprovar os recursos com o
processo em andamento. As que não estiverem em locais passíveis de
regularização precisarão se mudar”, completa Espeiorin.
Para o presidente do colegiado, a situação das recicladoras em Bento
não tende a melhorar significativamente em pouco tempo, mas é preciso
pensar em começar a reverter o quadro atual. “Não vejo uma perspectiva
muito positiva para os próximos anos. Mas eu espero que haja uma mudança
e que não parta somente do Conselho, porque ele não vai conseguir
modificar um sistema que está assim há tanto tempo. Depende da
prefeitura e também das associações”, conclui.
Sem segurança
Em meio às incertezas, muitos trabalhadores encaram, ainda, as
dificuldades diárias de uma atividade que nem sempre é executada com as
condições ideais. Em visita a algumas das recicladoras, a reportagem do
SERRANOSSA constatou facilmente a ausência de equipamentos de proteção,
como luvas, aventais ou calçados adequados. “A gente usa o que acha no
lixo, vai se virando com o que tem. Mas, a cada pouco, aparece um com o
pé cortado aqui. ‘Tá’ feia a coisa”, diz Luis da Silva, o Dinho,
tesoureiro da Associação de Recicladores Universitário.
Na vizinha Progresso, que tem o pavilhão ao lado, a situação é ainda
mais crítica. “O pessoal sempre pede pelo menos luvas, que seria o
básico, mas fica difícil comprar porque é muito caro”, conta a
presidente da associação, Mari Cleuza Siqueira. As duas também reclamam
que, neste ano, ainda não receberam o rancho que até 2013 estava sendo
encaminhado pela prefeitura aos grupos.
De 12% para 30%
O secretário de Meio Ambiente, Luiz Augusto Signor, afirma que não
cabe ao Poder Público comprar os EPIs solicitados pelos grupos de
recicladores. Segundo ele, os repasses da prefeitura deveriam ser
utilizados também para essa finalidade. Quanto às associações que
enfrentam problemas como a licença de operação, justamente o que travou o
encaminhamento de verbas, Signor ressalta que elas deverão promover a
regularização dos espaços. “Não tem outro caminho, eles terão que se
adequar”, avalia.
Mesmo assim, o secretário apresenta uma expectativa bastante otimista
para os próximos meses em Bento. De acordo com Signor, até setembro, o
objetivo é saltar de 12% para 30% de lixo reciclado na cidade, com a
execução de um projeto que terá escolas e clubes de serviços como
parceiros. A proposta prevê visitas a famílias em todos os bairros e a
distribuição de material informativo à comunidade. “Vamos ter uma
melhora significativa em quantidade e também em qualidade, o que irá
refletir diretamente no trabalho das recicladoras”, projeta Signor.
Reportagem: Jornal SerraNossa - Jorge Bronzato Jr.