Lee Joon-Seok, 52, capitão da balsa que naufragou na Coreia do Sul, é preso
Um tribunal de
Mokpo apresentou as acusações contra o capitão e outros dois membros da
tripulação e decretou a prisão para evitar sua fuga.
O acidente
deixou, até o momento, 29 mortos e 273 desaparecidos, segundo as últimas
informações da rede de tv norte-americana CNN e da TV local YTN.
O capitão Lee Joon-seok e a maioria dos 28 membros da tripulação
abandonaram a embarcação antes do naufrágio, quando centenas de
passageiros estavam presos, o que provocou muitas críticas das famílias
das vítimas.
Das 475 pessoas que estavam a bordo, incluindo 325
estudantes do ensino médio, 179 pessoas foram resgatadas. Um dos
sobreviventes, o vice-diretor da escola onde os alunos estudavam, ao sul
de Seul, foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira (18) em Jindo.
Aparentemente, o homem cometeu suicídio, informou a agência Yonhap,
especificando que a polícia encontrou uma carta anunciando o ato de
desespero na carteira do funcionário. "Sobreviver sozinho é muito
difícil... eu assumo toda a responsabilidade", escreveu.
De acordo com a imprensa local, o homem foi encontrado enforcado com um
cinto em um galho de árvore. Um suboficial, e não o capitão, pilotava a
balsa no momento da tragédia, informou mais cedo a Justiça.
"Era o terceiro-tenente que estava no comando no momento do acidente",
declarou o procurador-geral Park Jae-eok, em entrevista coletiva. "O
capitão não estava no leme".
Violentamente criticado pelas
famílias dos desaparecidos por abandonar a embarcação quando centenas de
passageiros estavam presos, o capitão Lee Joon-seok estava "na popa",
acrescentou o procurador.
Segundo muitos passageiros resgatados,
inicialmente todos foram orientados a permanecer em suas cabines e
assentos. Quando o navio adernou, o pânico foi generalizado.
"A
tripulação ficava dizendo que não devíamos nos mexer", contou um dos
sobreviventes ao canal de TV YTN. "Então, de repente, a balsa virou e as
pessoas escorregaram para um lado. Ficou muito difícil de sair".
As causas do acidente ainda são desconhecidas. Vários passageiros
disseram ter ouvido um forte ruído, quando o navio parou de repente.
Isso pode significar que o barco encalhou, batendo no fundo, ou que se
chocou contra algum objeto submerso.
Alguns especialistas também
sugerem que a carga do ferry, que transportava 150 veículos, tenha se
deslocado e desequilibrado a balsa. O capitão garantiu que não bateu em
rocha alguma.
Cercado pela imprensa na sede da Guarda Costeira,
ele pediu desculpas na quinta-feira. "Sinto muito, de verdade, pelos
passageiros, pelas vítimas e pelas famílias", declarou. Os pais dos
estudantes acusam o governo, os socorristas e a tripulação da balsa de
incompetência.
A empresa que opera a balsa Sewol, a Chonghaejin
Marine Co., informou que o capitão tem muitos anos de experiência e
percorria há oito anos o trajeto Incheon-Jeju, no qual ocorreu a
tragédia.
Familiares
A revolta das famílias aumenta a
cada dia. Os pais, dominados pela angústia e a dor, criticam
violentamente as autoridades, acusadas de mentir e de indiferença.
"O governo mentiu ontem", declarou nesta sexta-feira um homem que
falava em nome de todos os pais em uma entrevista ao vivo na televisão.
"As coisas são assim na Coreia do Sul? Voltamos a suplicar mais uma vez,
por favor, que salvem nossos filhos".
O ferry seguia para a
ilha de Jeju, um complexo turístico muito popular, e além dos 325
estudantes transportava 14 professores, todos da mesma escola secundária
de Ansan, cidade ao sul da capital Seul.